Thalita Rebouças, que já tem dois milhões de livros vendidos, lança nova obra que discute o bullying entre os adolescentes


A autora carioca, que tem seis filmes inspirados nas aventuras literárias, também aborda a homossexualidade no novo título “Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática”

Com a marca de 2 milhões de livros vendidos, Thalita Rebouças chega ao 21º título de sua carreira, dando voz a assuntos muito importantes para serem abordados com os adolescentes, seu principal público-alvo. Em “Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática”, a nova obra da escritora carioca, ela conta a história de Tetê, uma adolescente que sofre bullying entre os amigos e a família.

“Essa garota surgiu atendendo pedindo dos fãs. O bullying já tinha sido citado em outro livro meu, mas não era um personagem como é nesse. E esse livro é sobre uma menina que se sente invisível e excluída. A minha personagem também sofre com a mãe e a avó, que ficam muito em cima dela. E não é para o mal. É para o bem, a intenção é boa. Mas ela acaba se sentindo injustiçada. Foi muito bacana mergulhar nesse universo”, contou Thalita.

E nessa trama, a autora ainda traz Zeca, o amigo da protagonista, que é gay. “O Zeca é um personagem homossexual muito bem resolvido e que ajuda a Tetê no processo de transformação dela. Ele a faz sair da zona de conforto e se arriscar. Ele é um cara muito confiante, apesar das pessoas zoarem ele por ser gay”, afirmou ela que está se sentindo “muito orgulhosa” por publicar esse personagem.

Thalita Rebouças lança o 21º livro da carreira (Foto: Reprodução Facebook)

Thalita Rebouças lança o 21º livro da carreira (Foto: Reprodução Facebook)

Para esse tema, a simpática escritora contou com a ajuda dos próprios leitores. O HT explica: enquanto estava escrevendo o novo livro, Thalita Rebouças fez um vídeo no Snapchat perguntando aos seguidores se eles já tinham sofrido de bullying. O retorno? Mais de 5 mil e-mails com relatos de apelidos e situações que já viveram. “Os depoimentos dos leitores me ajudaram, porque mostraram que eu estava no caminho certo, que aquele tema despertava o interesse das pessoas. Na verdade, eu fiquei muito feliz por eles confiarem em mim a ponto de desabafar e contar momentos tão íntimos da vida deles”, disse.

Apesar dessa troca, Thalita disse que o enredo da obra foi um desafio. A carioca que sempre foi conhecida pelo bom humor nas páginas literárias, se viu em um tema bastante grave e recorrente. “Foi muito difícil combinar um assunto tão sério com o meu humor. Talvez por isso que eu tenha demorado tanto a escrever sobre o bullying. As pessoas que já leram o livro ‘Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática’ estão falando que já riram e choraram muito com ele. Até porque, se não fizer rir, não sou eu”, brincou.

Thalita Rebouças já tem dois milhões de livros vendidos (Foto: Rodrigo Lopes)

Thalita Rebouças já tem dois milhões de livros vendidos (Foto: Rodrigo Lopes)

Em tempos de tanta tecnologia, Thalita afirma que os adolescentes ainda leem muito. E completa: “Eles estão lendo cada vez mais”. E, para quem achava que a internet ia acabar com os livros, a escritora contou que a rede é uma grande aliada. “Hoje em dia tem os booktubers e os blogueiros que fazem resenha dos livros nessas plataformas. É tão bacana ver que uma coisa não exclui a outra. Pelo contrário, alimenta. Eu só vejo esse público crescer”, afirmou animada. E, apesar de confessar que sua época de adolescente foi anterior ao extinto Orkut, quando a internet nem era como é hoje em dia, Thalita contou que é super adepta das redes sociais. “Eu uso a internet para divulgar o meu trabalho. Eu sou mega participativa no Facebook, Instagram, Snapchat e Twitter. Estou sempre ali, mas a internet não mudou minha forma de escrever. Só que, nesse livro, por exemplo, já tem grupos de Whatsapp e outros pontos que tem na vida dos adolescentes e de nós mesmos”, explicou.

Trecho do novo livro “Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática” (Foto: Reprodução)

Trecho do novo livro “Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática” (Foto: Reprodução)

Conversar com o público teen pode ser um desafio e uma dificuldade para muitos. Mas como Thalita contou ao HT, para ela é um privilégio. A escritora acredita que a sua popularidade é por conta do humor com que lida com os assuntos. “Eu não julgo os adolescentes. Eu gosto de contar uma história para que eles pensem, não quero ensinar o que é certo e errado. Pelo contrário, eu quero que eles tirem as próprias conclusões. Ah, e não tratá-los como crianças, como tantos adultos fazem”, afirmou. Para ela, a fase da adolescência é igual para todos os jovens, apesar do tempo e das fronteiras geográficas. “Os questionamentos dos adolescentes são os mesmos de 15, 30 e 60 anos atrás. Eles continuam sofrendo com espinhas, amores platônicos e sendo intensos até dizer chega. A alma e a essência do adolescente não vai mudar nunca. Por isso que é tão bacana escrever para eles, porque a essência é a mesma apesar do passar do tempo. Com os meus livros publicados em outros países, eu também descobri que os adolescentes são todos iguais, só muda o endereço”, contou ela que já está presente nas livrarias de 23 países pelo mundo.

Que o público infanto-juvenil é o adorado pela carioca a gente já entendeu. Mas, com 16 anos de carreira, Thalita também se arrisca com os mais velhos e os mais novos. Para os adultos, a escritora lança o segundo livro de crônicas esse ano. Já para os pequenos, Thalita nos contou que a primeira obra foi um presente para a afilhada. “Começou porque, aos seis anos, minha afilhada disse que ninguém sabia quem eu era entre as crianças. Então, eu resolvi escrever um livro em que ela é a protagonista. Foi mais uma forma de mostrar para a minha afilhada o que a dinda faz. Mas para mim, não tem diferença entre os três públicos, é tudo gostoso. Eu gosto mais de escrever para os adolescentes, porque é uma fase tão conturbada, com tantas espinhas, questões, problemas, decisões do que vai fazer da vida que eu me sinto lisonjeada por eles terem me escolhido para fazer companhia nesse período tão conturbado. Para crianças e adultos eu vou escrever de vez em quando. Eu sempre digo que meus livros não tem idade, eles são para quem gosta de rir e se divertir.  Mas eu sempre vou amar e ter um carinho especial com os adolescentes, porque foram eles que transformaram o meu sonho de criança em realidade. Se hoje eu sou escritora e vivo dos meus livros, a culpa é deles. Então eu só tenho que agradecer e escrever cada vez melhor para eles” disse ela que recebe e-mails de leitores de 40 anos que adoram as narrativas teen.

"Eu gosto mais de escrever para os adolescentes porque é uma fase tão conturbada, com tantas espinhas, questões, problemas, decisões do que vai fazer da vida que eu me sinto tão lisonjeada por eles terem me escolhido para fazer companhia nesse período tão conturbado" (Foto: Rodrigo Lopes)

“Eu gosto mais de escrever para os adolescentes porque é uma fase tão conturbada, com tantas espinhas, questões, problemas, decisões do que vai fazer da vida que eu me sinto tão lisonjeada por eles terem me escolhido para fazer companhia nesse período tão conturbado” (Foto: Rodrigo Lopes)

E tem Thalita Rebouças e suas histórias além das páginas nas livrarias. As obras da autora já viraram peças de teatro, filmes e até jogos de tabuleiro. Na sétima arte, ela já tem seis longas inspirados nas aventuras literárias. Com estreia para outubro, “É Fada!”, uma releitura da obra “Uma Fada Veio Me Visitar”, terá a youtuber Kéfera no elenco. Já “Fala Sério, Mãe”, dirigido por Pedro Vasconcellos, será a representação fidelíssima ao livro homônimo – o diretor também seguiu à risca as histórias da protagonista Malu na peça que fez sobre o livro. “Cinema é isso: é a visão de cada diretor sobre o livro. As mudanças tem de ser feitas sempre, porque é uma outra plataforma. Mas eu sempre recomendo que as pessoas leiam o livro antes de ver os longas. Eu acho que é muito importante quando você faz isso, porque você vira o próprio Spielberg, faz o seu filme na cabeça. E eu acho que não tem filme melhor do que o nosso”, contou.

E engana-se quem pensa que Thalita fica só nas inspirações dos enredos teatrais e cinematográficos. A carioca, que fez teatro por cinco anos para perder a timidez – e funcionou bem –, vai lançar uma websérie “Absurdices” no GShow em junho e participou do filme “Rota de Fuga”, com Murilo Rosa. “Eu fiquei superfeliz de fazer uma série em que eu sou eu mesma e faço as situações que eu vivo nessa posição de escritora para adolescentes. Então, vai ter desde a mãe que me pede conselho, ao pai que dá em cima de mim na tarde de autógrafos, à menina que me pede para ensinar a beijar. Já o filme, foi a coisa mais séria que eu já fiz na minha vida. É uma participação muito pequena, de apenas uma cena, mas eu fiquei muito feliz com o convite do diretor Pablo Uranga, que é um grande amigo meu. Eu sou a ex-mulher raivosa do Murilo Rosa. Foi uma cena forte com ele, que é bem importante para o enredo do filme. Foi a primeira vez que eu não fiz rir”, contou. Mas a carreira de atriz de Thalita não vai muito além disso. Apesar de amar o teatro, ela se considera mais “exibida” do que com vocação. “Me coloca em um palco, com uma câmera na frente que eu vou adorar. Isso é diferente de ser atriz. O ator precisa de estudo, preparo, técnica, vocação. Ator não é só colocar a cara ali, tem que ter uma espera. E eu não tenho essa vocação. Mas eu não sou uma atriz frustrada, pelo contrário. O teatro me ajudou muito e muita coisa que eu consegui na vida foi graças a ele”, explicou a escritora que, em sua primeira bienal, fez até polichinelos para chamar atenção de seu livro.

A escritora recebeu cerca de 5.000 depoimentos de adolescentes que sofreram algum tipo de bullying (Foto: Rodrigo Lopes)

A escritora recebeu cerca de 5.000 depoimentos de adolescentes que sofreram algum tipo de bullying (Foto: Rodrigo Lopes)

Com uma trajetória tão animada, divertida e positiva, Thalita Rebouças disse que quer mais: ser publicada em muitos outros países e que ainda mais pessoas leiam suas histórias. “Esse ano eu estou completando 2 milhões de livros vendidos e eu estou muito feliz por essa marca. Ainda mais em um país que não tem muito o costume de ler. Mas eu quero ser publicada em ainda mais países. Já estou em 23, mas quero mais”, contou empolgada a autora que está em nova editora. Depois de 16 anos e 19 títulos publicados com a Rocco, Thalita agora é da editora Arqueiro. O motivo? “Deu vontade de mudar para ver o que ia acontecer. Mudanças são bem-vindas, é bom mexer e sair um pouco da zona de conforto. Eu resolvi sair e tentar e estou me sentindo muito feliz na Arqueiro”, explicou. Já sobre o atual mercado editorial, a resposta manteve a mesma alegria das demais: “É lindo chegar em uma livraria e ver tantos livros e autores voltados para o público infanto-juvenil despontando. Quando eu comecei, tinham poucas pessoas escrevendo para os adolescentes. Eu fico muito feliz em ver que esse mercado não parou de crescer e é um dos que mais vende livros hoje. Isso é muito importante”, finalizou.