“Samsara”: do silêncio contemplativo à filosofia da cultura indiana, nova série de imagens do fotógrafo Hirosuke Kitamura toma conta do Rio


Depois do sucesso de “Hydra”, artista nipo-brasileiro se aprofunda nos conceitos da religião oriental para elaborar imagens que ficam expostas a partir do dia 27 na galeria 1500 Babilônia, no Leme

*Por João Ker

Residindo no Brasil há quase 25 anos, o fotógrafo japonês Hirosuke Kitamura, também conhecido popularmente como Oske, ainda conserva aquele olhar atento de quem veio de fora e sabe apreciar as particularidades da cultura brasileira, principalmente as que aparecem em meio à efervescência baiana de Salvador, onde reside. Mas é a Índia, país completamente diverso dos costumes brazucas, que ele retrata na sua nova exposição “Samsara”, na qual apresenta 16 imagens inéditas para a galeria 1500 Babilônia, no Leme (Zona Sul carioca), a partir do próximo dia 27.

Antes de mais nada, é preciso explicar que “Samsara” é uma crença da religião oriental a qual prega o interminável ciclo da vida. Nela, a alma é vista como algo que se transporta para as estrelas após a morte, desce à terra como chuva e é absorvida pelas plantas para, posteriormente, ser ingerida pelo ser humano e se transformar em esperma. Logo, através do sexo, a alma volta a ganhar vida em um novo ser humano, em um ciclo sem fim, daquele tipo apresentado ao público em “O Rei Leão”. Mas, comparações à parte, trata-se de uma filosofia inspiradora que tocou profundamente Oske durante sua recente viagem à Índia e deu nome ao seu mais novo projeto.

Na série atual, o fotógrafo abandona um pouco da estética que apresentou na expo anterior , “Hydra”, que trazia fortes semelhanças com o trabalho de Nan Goldin, substituindo os travestis da norte-americana pela melancolia dramática das prostitutas pobres da capital baiana. Agora, ele explora uma nova forma de silêncio visual, não menos esclarecedora ou ensurdecedora do que a anterior. Com longa exposição e velocidade baixa, elas mostram o universo indiano e exaltam a relação religiosa com a natureza que a população do país cultiva. O resultado são representações que ficam entre o triste e o alegre, entre o cheio e o vazio, todas com um olhar ultra sensível que já é marca do trabalho de Hirosuke Kitamura.

Este slideshow necessita de JavaScript.

“Ainda não consigo compreender exatamente o que eu vi na Índia. Talvez este mundo sem rumo, sem certezas, também seja como o círculo de Samsara, que segue misterioso e me hipnotizando”, comenta o fotógrafo sobre esta imersão na cultura indiana. Essa falta de certezas se manifesta nas fotografias como a ausência de um espaço materializado, uma espécie de limbo substancial onde o nada não representa a falta de sentidos, mas uma contemplação do ambiente capturado.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Exposição: Samsara, de Hirosuke Kitamura (Oske)               

Direção: Alex Bueno de Moraes

Abertura: 22 de novembro de 2014, sábado, das 15 às 22h

Período: 27 de novembro de 2014 a 21 de fevereiro de 2015

Local: 1500 Babilônia – www.1500babilonia.com

Rua Marquês de Abrantes, 19, Babilônia, Leme – Rio de Janeiro

Horário: Quinta e sexta-feira, das 11 às 20h. Sábado, das 12 às 18h ou por agendamento.