POP-SE: publishers lançam revista de arrancar o fôlego como manifesto em defesa dos impressos


A primeira edição traz Vera Fischer como capa e um relato íntimo e brutal sem papas na língua. “Nua aos 67 anos, sem Photoshop, não é para qualquer um!”, contou o idealizador Allex Colontonio

Para revolucionar os veículos impressos no Brasil, nasce a ousada POP-SE, revista com cara, atitude e conteúdo de livro, idealizada pelos jornalistas Allex Colontonio e André Rodrigues, já conhecidos no mundo das revistas de moda e design. No manifesto que abre a publicação, eternizaram o integrante da Academia Brasileira de Letras Ignácio de Loyola Brandão, que abrilhantou: “Papel pode ser fetiche: você compra pelo cheiro, e há papéis que, misturados às tintas, são fascinantes, chegam a ser sensuais”. Na primeira edição, Vera Fischer estrela a capa que já promete ser de cair o queixo. Com 67 anos, nenhum retoque e abrindo o coração sobre sua vida. No ritmo de valorizar a relação orgânica com o papel e com a leitura de uma nova forma, a equipe que compõe a POP-SE lança a publicação trimestral colecionável sobre arte, arquitetura, design, moda, lifestyle e cultura.

Os publishers André Rodrigues e Allex Colontonio: nova empreitada com Pop-Se

“Eu e André juntamos todos os saberes que temos desses anos de experiência, como uma grande amálgama, para fazer um produto com aspecto um pouco mais pop, não no sentido de popularesco, e sim mais próximo do sentido da abrangência. Então, basicamente é uma revista de arte, com polêmica, bastidores de show business, sempre com uma celebridade na capa, com um ensaio dirigido por um grande fotógrafo e um time de styling incrível. Reunimos ensaios mais cerebrais e textos maiores. Nós temos também um site da POP-SE, então não esnobamos a plataforma digital, pelo contrário, nos valemos muito dela. Mas nós apostamos na continuidade do impresso, sendo a POP-SE como um manifesto em defesa desse meio”, explicou o publisher Allex.

Vera Fischer é a primeira capa da POP-SE, revista trimestral para colecionar e se apaixonar (Foto: Miro)

A aparência diz tudo: o estilo de almanaque de shape retrô com quase 600 páginas e papel espesso, traz um acabamento perfeito, quase como um objeto de decoração. “A responsabilidade ambiental é muito grande, tanto que nosso papel é reciclado, todas as etapas da construção da revista são sustentáveis e certificadas, mas mesmo assim investir tanto em um meio impresso que causa um impacto ao meio ambiente, por mais que façamos de forma sustentável, só se justifica se realmente trouxermos um diferencial. Nós optamos por uma qualidade autoral e as matérias são mais vividas, humanizadas, em que tudo é produzido por nós, mesmo as matérias que vêm de fora têm uma interferência forte de nossa parte, seja através de um recorte ou de uma experiência sobre aquele assunto. Não se trata de um diário, porque o foco não é a nossa vida, mas sim dos nossos personagens. É isso que abordamos, com força, garra, cuidado e recorte. Quanto a posicionamento, nós assumimos algumas questões polêmicas que as grandes corporações não conseguem porque existem muitos interesses envolvidos. Então, por exemplo, nós temos uma matéria sobre o Teatro Oficina, que foi o grande assunto do ano passado. Nós temos também uma reportagem sobre a indústria da cópia na moda e no design, na música e no cinema”, revelou Allex.

A edição com Vera Fischer mostra a veracidade em produzir conteúdos humanizados e reais (Foto: Miro)

A primeira edição, que traz Vera Fischer sem pudores, contextualiza bem o que significa uma grande produção de styling e fotografia e a escolha de personagem descreve a linha editorial da publicação. “Quando se faz uma revista que tem a missão de se posicionar no mercado em crise, é necessário originalidade. Para nós, pela experiência que já temos, as pessoas nos associam a grandes produções. Quando anunciamos que iríamos fazer uma revista, várias assessorias de artistas em alta entraram em contato, mas não queríamos uma capa que fosse com uma celebridade new face, com uma plasticidade. Queríamos alguém bonito, claro, mas algo autêntico, natural e que não fosse uma beleza fugaz. Nós escolhemos a Vera, porque pensamos na passagem do tempo. Uma mulher natural, bonita e que assumisse os efeitos do tempo em si mesma. Esse ensaio, fotografado pela lenda da moda, o Miro, não tem nenhum tratamento de Photoshop. Ela está apenas maquiada e nós não diminuímos, nem não tiramos rugas. Ela se assume de dentro para fora e de fora para dentro. A Vera Fischer tem uma história de superação muito bacana e pela primeira vez ela fala sobre questões da vida que nunca tinha abordado, como a relação com drogas, problemas com a família, sendo um desabafo muito real e visceral dela. E nua aos 67 anos, sem Photoshop, não é para qualquer um! Ela é muito inteligente, empoderada, e é uma das mulheres mais lindas do Brasil”, declarou o jornalista.

Allex e André são conhecidos pelas grandes produções ao longo de suas carreiras na moda e no design e formaram a equipe que produziu Vera Fischer para o ensaio (Foto: Miro)

O feito não é impensado: o que a POP-SE e os jornalistas propõem é um novo jeito de pensar o impresso e o consumo de informações. “Nós ainda apostamos nos veículos impressos nessa era digital, porque eu não acredito que a mesma tecnologia que transformou um vinil em um download vá afetar as revistas da mesma forma. Claro que existe uma mudança de consumo nos hábitos das pessoas, com um ritmo cada vez mais frenético e, consequentemente, cada vez menos tempo para absorver informação. A notícia rápida e ao alcance de um clique você encontra no site, mas ensaios mais elaborados demandam um campo de visão maior que só o papel oferece, porque você nunca vê uma imagem inteira na internet sem reduzi-la. A precisão de cores de uma boa impressão não se lança na tela e nos pixels de um computador. Sem falar que nosso veículo é concebido de uma forma mais limpa, como uma peça gráfica muito impactante, ou seja, ela também opera como um objeto. Então, além do conteúdo muito bem curado, por ser uma revista-arte, ela também flerta um pouco com esse aspecto de table book, uma peça linda para ficar em cima da mesa e para consultar de vez em quando, já que esse conteúdo é rigorosamente feito para não ser efêmero, diferentemente da internet. As matérias são bem mais atemporais”, explicou o publisher.

Vera Fischer sem retoques e sem papas na língua na primeira edição da POP-SE (Foto: Miro)

Com uma bagagem que inclui passagens por títulos como L’Officiel, Casa Vogue, Wish Casa, Kaza, Wish Report, SPFW, FFW, Joyce Pascowitch, u+mag e Giz, Allex e André criaram uma celebração da leitura e um manifesto que cultua a importância da relação com o papel. Para celebrar este momento, a cereja no bolo de POP-SE é o lançamento agendado para o dia 29 de novembro com presenças ilustres e shows de divas da MPB, num dos palcos mais emblemáticos de todo o mundo: o auditório Simón Bolívar, projetado por Oscar Niemeyer no Memorial da América Latina, em São Paulo. Com patrocínio da Deca, a festa também abriga a 23ª edição do Prêmio Deca – que, neste ano, tem o próprio troféu desenhado pelos Decornautas, alcunha da dupla no Instagram.

REVISTA POP-SE

Dez/2018 a Fev/2019

Editora C4, número 1, 580 páginas

www.pop-se.com