Livro “O meu lugar” propõe uma viagem pelos bairros e a pluralidade do Rio de Janeiro e terá lançamento social na estação central do Metrô


A diretora executiva do projeto “Encontro com territórios” acredita que o local é perfeito para o evento que contará com talk-show com a presença dos autores Luiz Antonio Simas e Marcelo Moutinho. “Todos os públicos da cidade passam por ali”, destacou

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O livro “O meu lugar” tem crônicas de vários bairros do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

“O meu lugar é cercado de luta e suor esperança num mundo melhor e cerveja pra comemorar”. Quem nunca ouviu os versos imortalizados por Arlindo Cruz que atire a primeira pedra. Agora, porém, o título da canção virou também de um livro com 34 cronistas que falam sobre o Rio de Janeiro e, como não poderia deixar de ser, ressaltam o “seu lugar” na cidade maravilhosa. Idealizada por Luiz Antonio Simas e Marcelo Moutinho, a obra “O meu lugar” aborda a diversidade cultural de alguns dos mais tradicionais bairros do Rio de Janeiro sob os diferentes olhares dos 34 cronistas e lança luz sobre locais que vão desde o subúrbio até Ipanema. Segundo Luiz Antonio, a obra é uma forma de homenagem aos 450 anos do Rio. “A ideia, na verdade, veio de uma conversa na editora Mórula. Eu já havia lançado um livro lá e tínhamos vontade de fazer algo ligado aos 450 anos do Rio. Nisso, surgiu a ideia de ser em crônicas, que é um gênero essencialmente carioca. Não queríamos um livro de histórias, mas um mapa afetivo da cidade”, destacou Luiz Antonio, não à toa, um apaixonado pelo Rio de Janeiro. “Sou formado em história e todos os meus títulos são sobre o Rio. Alguns tem mais enfoque em samba e carnaval, que eu amo”, disse.

Nessa quinta-feira, 28, aliás, o livro terá um lançamento especial que representa toda a diversidade que contém. É que a Biblioteca Estação Leitura, localizada na estação central do MetrôRio, vai promover o “9º encontro com territórios” e promoverá um lançamento social de “O meu lugar”. A ação, que inclui debates e distribuição de exemplares gratuitos, reunirá, em um talk-show, os escritores Luiz Antonio Simas, Marcelo Moutinho, Ana Paula Lisboa e Bárbara Pereira, que, comandados pelo jornalista e poeta Claufe Rodrigues, lembrarão as memórias de seu lugar na cidade. Cristina Oldemburg, diretora executiva do projeto, declarou que dar livros de presente é uma maneira fundamental de estimular a leitura. “O que acontece em uma biblioteca é que a pessoa pega um livro emprestado e tem que entregar depois de um prazo. Por mais que queira compartilhar com outras pessoas, ela tem que refazer o período, tem uma certa dificuldade. Quando se recebe um livro de presente, autografado, com um tema já explorado, há uma relação diferente com o autor. Além disso, a pessoa se apropria do bem cultural e pode dividir com outras. É uma maneira de dar ao usuário a oportunidade de compartilhar a leitura com os amigos e fazer aquilo circular”, explicou.

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Os idealizadores e autores Luiz Antonio Simas e Marcelo Moutinho (Foto: Reprodução/Monica Imbuzeiro)

A escolha dos livros que serão tema no “Encontro com territórios”, é, segundo Cristina, de acordo com o público. “’O meu lugar’, por exemplo, é a cara da nossa biblioteca. Na central do Brasil não poderíamos deixar de falar dele. Todos os públicos da cidade passam por ali. São pessoas que estão no nosso dia a dia. Já tivemos de poesia, porque nosso público não tem esse hábito e queremos estimular. Não só o que eles demandam, mas o que a gente gostaria que eles conhecessem, também passa pelo ‘Encontro’”, disse.

“Existe relação afetiva, autógrafo, papo. Precisamos afetivizar os livros e a literatura. É uma questão muito importante! Por isso, acho essencial que existam ações lúdicas voltadas para a literatura, que ajudam muito a melhorar essa relação”, destacou. E como é o retorno? “Nós trabalhamos o conteúdo pra deixar a pessoa com mais vontade de ler. O autor fala como escreveu, a trajetória do livro, conta as histórias por trás e quem está ouvindo não leva o livro pra casa sem ler. A ação tem multiplicação e uma missão cultural enormes”, contou. E isso se prova por números. “Em um ano e meio tivemos 19 mil empréstimos de livro. É um número contundente e muito expressivo para uma biblioteca pequena, de 12 metros quadrados, localizada dentro de uma estação de metrô. O que mais me deixa feliz é a quantidade de empréstimos e devoluções. O nível de inadimplências é baixíssimo”, ressaltou.

Para Luiz Antonio, o lançamento social também é importante, porque dá a oportunidade de conhecer outros leitores. “Eu gosto muito desse tipo de reunião, porque interajo com um público diferente. Quando o lançamento é formal, já temos a expectativa de quem vai. Esse tipo de lançamento pluraliza a leitura e os olhares”, analisou ele, que acha essencial abordar a diversidade cultural na cidade. “É legal mostrar o Rio de uma forma mais múltipla, porque, como Marques Rebelo diz e está na introdução: ‘uma cidade é feita de muitas cidades’. Isso quebra um pouco a ideia mítica do carioca. Mostra que não existe um carioca, mas vários. As narrativas são múltiplas, de lugares diversificados e mostram como temos relações plurais de afeto”, disse.

E qual é o lugar abordado por ele? “A minha crônica foi legal, porque escolhi Nova Iguaçu. Passei grande parte da minha infância lá e fiz tentando lembrar – como uma memória afetiva, de como um menino da baixada delirava com o Réveillon de Copacabana. Lembrei da minha infância, que sonhava em passar uma virada de ano lá, então falo de Copacabana aos olhos de um menino da baixada”, adiantou.

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A Biiblioteca dentro da estação central do metrô (Foto: Divulgação)

E qual “o seu lugar” no Rio hoje, Luiz? “Sou morador da Zona Norte, frequento tudo por ali e o Centro também. Sou do Rio dos botequins, não sou da praia. Meus lugares preferidos são o Centro, onde tenho muitos amigos, e bares na região da Tijuca e Vila Isabel”, entregou. Cristina também elegeu seu canto na cidade: “Madureira! Porque sou suburbana de Cavalcanti, mas a minha relação com Madureira sempre foi forte, porque gosto de samba desde sempre. Onde eu morava tinha uma escola de samba pequenininha, mas Madureira era meu playground, tinha a Portela, o Imperio Serrano. Aos 14, eu enganava idade para ir para a quadra sambar, ver ensaios. Madureira, para mim, sempre foi um bairro muito importante culturalmente. Tinha o comércio fervilhando, aquilo de comprar fantasia. Sempre fui muito ligada em carnaval. Não é hoje como era antigamente. Amo Madureira e a Portela de paixão”, entregou.

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Cristina Oldemburg é diretora executiva do “Encontro com territórios” (Foto: Reprodução)

Além de mais de 1500 livros distribuídos em lançamentos sociais, a biblioteca também promove atividades para crianças. “Temos a galeria de arte e literatura e todas as crianças vão embora com livrinho. Tem essa questão que é importante, de valorizar o livro até a entrega – trabalhando seu conteúdo em todas as oportunidades para, só depois, entregá-lo”, ensinou.

Em “O meu lugar”, além dos cronistas que vão participar do bate papo, o livro conta com textos de nomes como Aldir Blanc, Nei Lopes, Bruna Beber, Moacyr Luz, Fernando Molica, José Trajano, Alberto Mussa, Juliana Krapp, Manuela Oiticica, João Pimentel, Mariana Filgueiras entre outros e, através da visão de cada um dos escritores, propõe uma verdadeira viagem por bairros como Gamboa, Vila Isabel, Méier, Estácio, Irajá, Lapa, Botafogo e outros e aborda suas particularidades e curiosidades. E, como já diz Arlindo: “Doce lugar que é eterno no meu coração e aos poetas traz inspiração pra cantar e escrever”. Pois então.

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Serviço:
9º ENCONTRO COM TERRITÓRIOS
“O meu lugar”
Local: Biblioteca Estação Leitura, na Estação Central do MetrôRio
Data: 28 de janeiro
Horário: 19h
Evento Gratuito