Leo Santana, escultor de ‘Drummond no Calçadão’, amadurece o artifício do 3D em sua nova exposição: “Ele sempre me foi mais atrativo”


Na Galeria Scenarium, no Centro do Rio de Janeiro, a exposição “Do Outro Lado do Desenho” continua explorando o bronze e as mais diversas dimensões variadas, mas reforça o diálogo de Leo com desenhos especialmente criados a partir da observação das mesmas esculturas ali apresentadas

O escultor mineiro Leo Santana poderia ter escolhido sua cidade-natal ou qualquer outra metrópole brasileira para dar o start em “Do Outro Lado do Desenho”, sua nova exposição, mas optou pelo Rio de Janeiro. E motivos para a escolha não faltam. “Foi justamente pelo fato de eu ter feito ‘Drummond no Calçadão’, em Copacabana.  A importância que o monumento tomou, fazendo parte da paisagem do Rio, a proximidade do aniversário do escritor no 31 de outubro, e da estátua, que faz 13 anos, além da própria cidade como o centro cultural do país foram determinantes”, justificou ao HT. A mostra, em cartaz desde o último dia 28 na Galeria Scenarium, no Centro, retorna com um mote para a carreira de Leo: a exploração do desenho.

Leo ao lado da estátua do escritor Carlos Drummond de Andrade (Foto: Reprodução)

Leo ao lado da estátua do escritor Carlos Drummond de Andrade (Foto: Reprodução)

“Se antes de esculpir eu usava o desenho como estudos para a escultura, agora resolvi usa-las como modelo para novos desenhos. Nesta exposição, apresento esculturas e desenhos, além de registros fotográficos em painéis de outros monumentos feitos por mim e uma ambientação do ‘Drummond no Calçadão’ com uma réplica que tenho dele”, adiantou Leo, que reuniu 27 esculturas de bronze, de pequeno e médio porte, além de 20 desenhos (todos com preços sob consulta). Outra novidade fica por conta do amadurecimento do escultor no que se refere ao uso da tridimensionalidade das obras. “Ele sempre me foi mais atrativo. Desde sempre, quando via um desenho ou pintura, me perguntava como seria o outro lado, quais detalhes estariam registrados ali. E foi essa curiosidade que me empurrou para o trabalho escultórico. A tridimensionalidade me solucionou esta curiosidade e assim venho trabalhando”, explicou.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Além de continuar explorando o bronze, as mais diversas dimensões, e reforçar o diálogo com desenhos especialmente criados a partir da observação das mesmas esculturas, Leo Santana vai apertar a tecla de democratizar a arte, esculpindo em tamanho natural, no mesmo nível do chão, sem pedestal, com o público circundante – assim como é a estátua do escritor Carlos Drummond de Andrade na orla mais famosa do Rio de Janeiro. O motivo de seguir essa premissa? “Gosto muito da ideia de humanizar o homenageado. Tirar o pedestal e colocar ao alcance do espectador aproxima e estimula a curiosidade de saber quem é o retratado e o que ele fez. Acredito que assim o objetivo de um monumento se torna mais eficiente”, opinou ele que aposta no jogo de volumes entre o claro e escuro para alcançar seu objetivo.

Este slideshow necessita de JavaScript.

A exposição “Do Outro Lado do Desenho”, que fica em cartaz até o dia 21 de novembro, é também uma ótima deixa para o carioca visitar mais a Galeria Scenarium, um espaço multicultural que reúne em seus três pavimentos uma pequena parte do acervo de antiguidades e relíquias, além de ser um belo exemplar de casarão histórico do século XIX.

Em tempo: aproveitamos para saber do próprio Leo, como criador da estátua, como ele se sente cada vez que a obra ganha os noticiários policias pelo furto dos óculos, em bronze. “Além da indignação, tento entender o que levam pessoas a tomarem atitudes assim para tomar providências que possam amenizar esses fatos. Felizmente o vandalismo diminuiu, pelo menos no caso de Drummond”, respondeu.

Serviço

“Do Outro Lado do Desenho”

Onde: Galeria Scenarium

Período: de 28 de outubro a 21 de novembro de 2015

Horário: 13h às 19h

De terça a sábado

Endereço: Rua do Lavradio, nº 15, Centro Antigo, Rio de Janeiro/RJ

Contato: (21) 3147.9017

Entrada franca