Historinhas para crianças conscientes: Rita Lee lança livro que fala de maus-tratos e tráfico de animais


O site HT aproveitou o lançamento do novo livro da Rainha do Rock Brasileiro e listou outros cantores nacionais e internacionais que mergulharam no universo da literatura infantil

O novo livro de Rita Lee "Amiga ursa — uma história triste, mas com final feliz", da Globo Livro

O novo livro de Rita Lee “Amiga ursa — uma história triste, mas com final feliz”, da Globo Livro

*Por Rafael MouraRita Lee é cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira e, aos 71 anos, tem uma inquietude natural como toda capricorniana. A Rainha do Rock Brasileiro acaba de anunciar que irá lançar mais uma novidade, o livro infantil “Amiga ursa — uma história triste, mas com final feliz” que chega às prateleiras pela Globo Livros, em junho. Baseada em fatos reais, a história narra os dilemas da ursa Marsha, retirada de seu habitat natural na Sibéria e trazida ao Brasil de forma clandestina. Vítima do tráfico e maus-tratos de animais, atraiu atenção internacional enquanto quando morava no Parque Zoobotânico de Teresina, no Piauí, onde vivia no calor de até 40 graus e era alimentada com comida de cachorro. Após empenho de ativistas, Masha, que hoje é chamada de Rowena, mora no santuário Rancho dos Gnomos, localizado no interior de São Paulo.

A senhora Lee, que é uma das mais influentes mulheres do Brasil, já causou muito frisson e longas filas nas livrarias brasileiras quando lançou: Storynhas (2013), com ilustrações de Laerte, um divã aberto para o pensamento anárquico, filosófico e deslumbrante da cantora; Rita Lee: Uma Autobiografia (2016) na qual conta desde a infância e os primeiros passos na vida artística até sua prisão em 1976. O encontro de almas com Roberto de Carvalho, além do nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos e também os tropeços e as glórias; Dropz (2017) traz 61 contos, todos com ilustrações feitas por Rita, é múltiplo como um pacote de drops. Bem sortido. Para todos os gostos. Ora melado, ora azedinho, ora misterioso. Mas sempre delicioso. O dropz da Rita é com Z. A obra é feita em parceria com Guilherme Samora que é jornalista e estudioso do legado cultural de Rita Lee; Favorita (2018) foi lançado em comemoração aos 70 anos, da diva do rock. Em uma edição especial e luxuosa, a obra apresenta textos autobiográficos e devaneios da autora.

A literatura infantil surgiu no século XVII com François Fénelon (1651 – 1715). Também conhecido como o Cisne de Cambrai foi um teólogo católico, poeta e escritor francês, cujas ideias liberais sobre política e educação, esbarravam contra o status quo da Igreja e do Estado dessa época. Pertenceu à Academia Francesa de Letras. François criou a literatura infantil com a função de educar moralmente as crianças. As histórias tinham uma estrutura maniqueísta, a fim de demarcar claramente o bem a ser aprendido e o mal a ser desprezado. A maioria dos contos de fadas, fábulas e mesmo muitos textos contemporâneos incluem-se nessa tradição.

Rita Lee construiu uma carreira que começou com o rock, mas que ao longo dos anos flertou com diversos gêneros, como a psicodelia durante a era do tropicalismo, o pop rock, disco, new wave, a MPB, bossa nova e eletrônica, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais, sendo referência para aqueles que vieram a usar guitarra a partir de meados dos anos 70, sobretudo as mulheres. Ex-integrante do grupo Os Mutantes (1968-1972) e do Tutti Frutti (1973-1978), Rita Lee participou de importantes revoluções no mundo da música e da sociedade. Suas canções, em geral regadas com uma ironia ácida ou com uma reivindicação da independência feminina, tornaram-se onipresentes nas paradas de sucesso, sendo “Ovelha Negra”, “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Agora Só Falta Você”, “Baila Comigo”, “Banho de Espuma”, “Desculpe o Auê”, “Erva Venenosa”, “Amor e Sexo”, “Reza”, “Menino bonito” , “Flagra” e “Doce vampiro”, entre outras, as mais populares. O álbum, Fruto Proibido (1975), lançado juntamente com a banda Tutti Frutti, é comumente visto como um marco fundamental na história do rock brasileiro, considerado por alguns como sua obra-prima.
Pensa que acabou? A Globo Livros já anunciou que no segundo semestre irá relançar quatro livros infantis de Rita. “As aventuras do Rato cientista Dr. Alex”, escritas entre 1986 e 1992: “Dr. Alex” (1986), “Dr. Alex e os Reis de Angra” (1988), “Dr. Alex na Amazônia” (1990) e “Dr. Alex e o Oráculo de Quartz” (1992).

Outro grande lançamento do universo infantil vem ‘pelas mãos’ do ator, diretor e escritor Lázaro Ramos, que no no último dia 25, autografou o livro Sinto o que sinto e a incrível história de Asta e Jaser, produzido em parceria com a pernambucana Mundo Bita. O livro tem como protagonista o personagem Dan, já conhecido entre os fãs do Mundo Bita, e discute temas importantes para crianças e adultos – sentimentos, ancestralidade, pertencimento, diversidade cultural, aceitação e respeito às diferenças. O livro conta com dois enredos numa mesma narrativa. Nele, podemos acompanhar Dan em um dia comum em que passa por diferentes momentos que trazem à tona sentimentos distintos e, ao fim, amarra o orgulho sentido por Dan à percepção de ancestralidade e pertencimento trazidas pela história de seus antepassados, Asta e Jaser. A ideia foi inspirada na relação de Lázaro e sua esposa, Taís Araújo, com os filhos João Vicente e Maria Antônia. Ao longo do livro, Dan enfrenta situações que acionam emoções variadas, além de conhecer, através do avô, as histórias de Asta e Jaser, seus ancestrais africanos, que viviam às margens do Rio Omo, na Etiópia.

O livro Sinto o que sinto e a incrível história de Asta e Jaser, de Lázaro Ramos, em parceria com o Mundo Bita.

Em 2018, o ator lançou dois livros infantis, inspirados em seus filhos, Maria e João: Caderno sem Rimas da Maria e Caderno de Rimas do João que fazem parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD Literário). As obras são inspiradas nas perguntas que os filhos faziam para os pais. Em rimas, o autor explica o significado de quase 30 palavras. É uma espécie de dicionário para crianças e adultos.

Lázaro Ramos escreveu dois livros inspirados em perguntas que seus filhos faziam. Dúvidas da primeira infância 

Outro grande nome da música brasileira a mergulhar no universo infantil é o rapper Emicida. O cantor em 2018 lançou o livro “Amoras” e faz uma participação no desenho Irmão do Jorel, dublando o personagem Kassius Kleyton, que enfrenta o Irmão do Jorel e a Vovó Juju numa batalha de rimas. A obra foi baseada em rap homônimo do álbum Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, com ilustrações de Aldo Fabrini. No rap, Emicida faz referências a heróis negros como Martin Luther King, Zumbi e Malcolm X, comparando a cor das deliciosas amoras à cor da pele negra. O livro reafirma a mensagem da música falando sobre a importância de nos reconhecermos no mundo e nos orgulharmos de quem somos. Sobre o processo de criação, Emicida explica que deu uma adaptada e mexeu um pouco na estrutura do rap para ganhar um pouco mais de substância, uma linguagem mais infantil – até fazendo um glossário, porque tem alguns termos que não são tão populares, principalmente para a turminha.

O livro Amoras, do rapper Emicida, que fala da valorização da identidade negra

A diva Fernanda Takai é outra artista brasileira que resolveu emprestar seu talento para enriquecer a literatura infanto-juvenil. “O cabelo da menina” (2016) é um livro, música e clipe 360, que narra o dia de uma garota que acordou descabelada e disposta a questionar os penteados tristes de seus colegas de escola. Com ilustrações de Carolina Avelino (Ina) é uma história inédita para a coleção Livros na Timeline do Itaú. Em 2012, a cantora ainda lançou “A gueixa e o panda-vermelho” que conta a bela história de uma amizade improvável e mágica entre uma jovem japonesa e o raro panda-vermelho. Esse é primeiro livro infantil escrito pela cantora e compositora Fernanda Takai e ilustrado por Thereza Rowe. Takai teve a ideia de escrever essa fábula depois de visitar o zoológico de Ueno, em Tóquio, no Japão, onde todos só queriam saber do famoso panda-gigante. Nem ligavam para o raro e solitário panda-vermelho, uma “mistura de raposa, urso, gato e guaxinim. O animal, pequeno e de cauda felpuda, chamou também a atenção da menina Yuki, personagem que bem lembra uma boneca de dobradura.

Capa do livro A gueixa e o panda vermelho, de Fernanda Takai, com ilustrações de Thereza Rowe

A Rainha de Todas as Rainhas, Madonna, depois de ser mãe decidiu escrever uma série de livros infantis, todos aclamados pela crítica. As seis publicações se tornaram best-sellers internacionais e no Brasil, e renderam muitos elogios pela moral tecida nas histórias. O primeiro foi em 2003 lançou “As Rosas Inglesas”, ano em que a Diva do Pop explodia com “Die Another Day”em parceria com o fotógrafo Steven Klein. Música que foi trilha da série 007 – Die Another Day. No mesmo ano chegou às livrarias “As Maçãs do Sr. Peabody”. Em 2004 foi a vez de” Yakov e os Sete Ladrões” e “As Aventuras de Abdi”. Enrico de Prata foi lançado em 2005. Por fim a cantora criou uma série para o livro “As rosas inglesas”. Em 2007 publicou “As Rosas Inglesas – Bom Demais Para ser Verdade”; “As rosas inglesas – amigas para a vida!”; “As rosas inglesas – Adeus, Grace?”; “As rosas inglesas – a menina nova”; “As rosas inglesas – uma rosa por algum outro nome”; já em 2008, “As rosas inglesas – Big-Sister Blues” e “As rosas inglesas – ser a Bina”. Em 2010 foi a vez de “As Rosas Inglesas: Tristezas de uma Irmã Mais Velha”.

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