Hiperconsumismo global em cheque: mostra de arte questiona o desejo desenfreado!


Inspirada em “Tristes Trópicos”, do antropólogo Claude-Lévi Strauss, a mostra “Arroz sem Sal” abre a 11ª Exposição de Verão, na Gávea!

*Por:  Camila de Paula

Um dos livros mais importantes do século XX, baseado nas viagens etnológicas do filósofo e antropólogo Claude-Lévi Strauss ao Brasil na década de 1930, inspira a mostra “Arroz sem Sal”, com abertura hoje, às 19 horas, na galeria Silvia Cintra + BOX4, na Gávea. A mostra faz parte da Exposição de Verão, tradicional no circuito carioca das artes, que está em sua 11ª edição. A mostra fica em cartaz de 29 de janeiro até 28 de fevereiro e, através da visão da curadora Kiki Mazzucchelli, parte de um episódio narrado pelo próprio antropólogo em “Tristes Trópicos” para propor uma reflexão acerca da gradual erosão dos valores humanistas, representados pelo anti-diálogo entre estado e bem estar social e pela ascensão do consumismo global desenfreado associado ao famigerado modelo de produção industrial chinês. Pode parecer muito conceitual (e é!), mas o tema é relevante e está na ordem do dia!

“A expo toma a narrativa de Lévi-Strauss como premissa para trazer à tona a questão desses desejos fugazes, entendidos como pulsão que inclui aspirações e ideais além da mera sobrevivência, mais do que o registro da necessidade. Ela fala da falta de gosto marcada não apenas pela escassez de recursos, mas também pelo empobrecimento contumaz do desejo.”, explica Mazzucchelli. Imperdível!

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*Fotos: Divulgação

Estão presentes trabalhos de grandes nomes das artes plásticas, como Cildo Meireles e Ivens Machado e, entre os artistas selecionados, vários são expoentes da arte contemporânea, com obras em importantes acervos, como o carioca Alexandre da Cunha, mais conhecido na Europa que no Brasil. Suas obras fazem parte das coleções permanentes da Tate Modern e da Zabludowicz Collection, ambas em Londres, e também se encontram em Inhotim. Outra que participa da mostra é a inglesa Samara Scott, finalista do Dazed Emerging Artists Award 2013 que costuma participar de siginificativas exposições na Europa.

Vale ficar de olho também em Mayana Redin, artista que assina as sobreposições entre dois territórios distintos, formando cartografias fictícias. Parte da série “Geografia de Encontros” (2009-2013), os desenhos propõem aproximações ora de ordem semântica — Ilha da Decepção encontra Ilhas Desolação, Ilha do Príncipe encontra Ilha do Governador —, ora de ordem política.

E, entre os artistas mais conhecidos, Laercio Redondo chama atenção com seu “Rio de Janeiro Noturno” (2013). O painel de grandes dimensões reproduz um panorama da Baía de Guanabara executado por Debret em sua “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839), sendo que, agora, a imagem é inteiramente coberta por uma camada de pigmento vermelho.

Serviço:

Galeria Silvia Cintra + box 4

Rua das Acácias, 104, Gávea.

De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. Sábado, das 12h às 19h.

Tel: 2521-0426

www.silviacintra.com.br.

De 29 de janeiro até 28 de fevereiro.