Fause Haten volta ao palco para recriar, via metáfora, a história de Yves Saint Laurent!


No palco da FAAP, “A Feia Lulu” conta a história de uma menina que é mais perversa que Lolita e faria até Freud acreditar piamente que nem sempre um charuto é apenas um charuto!

*Por João Ker

Fause Haten vem se imergindo mais e mais nas águas profundas das artes performáticas. Depois de ter dado um show ao apresentar sua coleção de verão 2015 na SPFW, o designer-performer volta ao palco do Teatro FAAP esta semana para apresentar “A Feia Lulu”, uma adaptação dos quadrinhos “La Vilaine Lulu”, criados pelo mestre da moda francesa Yves Saint Laurent. Com as madeixas louras e armadas – tipo um mix de Laurinha Figueiroa com Denise Stocklos -, o artista dá uma pausa nas roupas para doar-se de outra forma à arte.

Lulu é uma criança de quatro anos que, por sua personalidade, faz inveja a muitos adultos. Como uma espécie de Lolita mais tenra e novinha, mas menos vulnerável, a menina usa seu corpo para satisfazer suas vontades, em um ímpeto que pode ser visto tanto como egoísta quanto libertador para si mesma. Com sua suposta onipotência infantil, a personagem é uma metáfora para aqueles que, para o bem ou para o mal, baseiam seus atos pensando apenas em resultados auto satisfatórios, visando a própria felicidade. Apesar de ser considerada feia pelos  padrões estéticos, sua autoestima é seu grande trunfo e com ele nada a impede de conseguir o que quer. Como diria Sigmund Freud, “a criança é perversa”. Mas, se essa perversidade visa um bem maior para si mesma, ela estaria errada? É como se você pegasse aqueles discursos motivacionais onde dizem “ame-se antes de amar o outro”, distorcesse-os e praticasse-os ao extremo, como se fosse uma versão exageradíssima da exagerada Bruxa Má do Oeste. Aqui, nada de Glinda, a boa bruxinha do Norte! Como uma fábula, onde na lição de moral é possível ler “nosso maior inimigo somos nós”.

A peça começou a ser idealizada em setembro do ano passado. Para Fause, a inspiração no sofrimento e no apoio mútuo que permeiam a história de Saint Laurent e seu parceiro Pierre Bergé foi fundamental para o desenvolvimento e adaptação artística da história. “Comecei a ler sobre o casal. Eu conhecia os feitos de Yves na moda, mas a sua vida pessoal e a sua relação com Pierre, foi me fascinando. Me identifiquei com aqueles sentimentos, com aquelas dores e passou a ser vital para mim, falar sobre esses dois. Durante minha pesquisa, descubro essa personagem”, comenta o artista. Entre os idealizadores do projeto, estão Marina Caron, Fábio Retti, Gregory Slivar, Francisco Carlos e Ondina Clais Castilho. Como atriz convidada, o “vulcão” Olivia Martins. Praticamente um coletivo.

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Fotos: Caio Gallucci / Divulgação