Se o primeiro dia em Munique, como contamos no inicio da nossa saga alemã por três cidades a convite do escritório de turismo alemão, o DZT, e o German Travel, foi uma imersão no universo LGBT, o #day2 foi dedicado a conhecer a fundo a terceira maior cidade da Alemanha. Depois de um café da manhã reforçado no restaurante do hotel Deustche Eiche, era hora de ganharmos as ruas da cidade acompanhados da guia portuguesa Sabina Cavalheiros. Divertida, falante e com aquele sotaque irresistível do povo da terrinha, ela nos levou para uma caminhada longa e cheia de histórias e segredos.
Começamos pelos arredores da Gärtnerplatz, onde conhecemos um restaurante-mercado incrível. Trata-se do Kochhaus, que nada mais é do que um espaço onde você pode, além de encontrar produtos frescos para preparar seus pratos em casa, se utilizar das muitas estações de cozimento para criar ali mesmo a sua receita e almoçar – ou jantar – em uma das muitas mesas do espaço. Simples, prático e parte daquela história de economia colaborativa que a gente espera de uma cidade como Munique.
Logo ali do lado, se ainda for muito cedo, vale uma passada na Cotidiano – sim, em português mesmo -, uma confeitaria-padaria cheia de delícias alemãs. Aliás, apesar da fama ser francesa, os pães alemães são irresistíveis e tem uma variedade muito maior do que os irmãos da fronteira.
Bom, depois de tanta comida, seguimos em direção à região de Glockenbachviertel, que fica logo ali do lado, e onde a gente encontra dezenas de lojas de designers locais, além de uma variedade de brechós, como o Alexa e a Maison Chi Chi, as mais descoladas entre as tantas que se vê pelos arredores. A rua mais cool da região é a Hans-Sachs-Straße, com sua infinidade de bares, cafés e pontos comerciais originais e cheios de personalidade. Atualmente, a região vem passando por uma gentrificação e suas ruelas, simpáticas e coloridas, se transformando em moradias de alto padrão para os bem-nascidos da cidade, que se junta aos judeus e gays que habitam a região desde os anos 80.
Depois desse mergulho insider pela região que ainda está longe dos guias tradicionais de Munique, era hora de nos aventurar pela região mais turística da cidade. A primeira parada? O Viktualienmarkt. Quase que como uma grande praça de alimentação misturado a um enorme beer garden, o mercado de alimentos da cidade reúne uma multidão diariamente faça chuva ou faça sol para uns bons drinks, Wurst (salsichas alemãs), e a deliciosa combinação de Pretzel (que na Bavaria se chama Bretzel) e Obatzda, um creme que mistura queijo em pasta, manteiga, páprica, sal e pimenta. Além, claro, de barracas com pães, frutas, castanhas, doces, queijos e tudo mais que se produz pelos fazendeiros da região e chega fresco e delicioso ao consumidor final quase sem intermediário. É tipo pra comer o dia inteiro e ser feliz.
Experimentamos um pouco de tudo – inclusive a Hellbier, que lembra um pouco a nossa Pilsen, da Hofbrauhaus, uma das marcas mais famosas da região, e seguimos em direção à Marienplatz, o centro do governo da cidade, do comércio e onde a turma se reúne para admirar o Carrilhão no alto da torre da prefeitura nova, a Neues Rathaus, que conta um pouco da historia da Bavaria em forma de bonecos animados às 11h, 12h e, no verão, também às 17h.
Ah, detalhe: trata-se de um presente oferecido pelo governo brasileiro e que conta com 43 sinos e 32 figuras que apresentam cenas de vários pontos da história da cidade. Depois de ver a evolução do tal carrilhão, nos encontramos com um representante do turismo local que nos levou para o subterrâneo da prefeitura, onde se encontra o Ratskeller, um típico restaurante alemão, com decoração que parece que esteve ali por séculos, mesmo que sua inauguração date do último quarto do século XX. O cardápio é imenso e tem para todos os gostos: desde pratos italianos, passando pela culinária francesa e, claro, as especialidades alemãs que dominam o menu.
Já saciados, era hora de seguir em direção à mostra de Jean Paul Gaultier que depois de fazer muito sucesso em Paris desembarcou em Munique e onde fica até fevereiro do ano que vem. Mesmo se você não gosta de moda e não sabe quem foi Jean Paul Gaultier, a exposição vale a visita. Primeiro pela sua curadoria, com os pontos mais relevantes da trajetória de um dos maiores artistas fashion da história, e, principalmente, por perceber como Gaultier é um iconoclasta que não se cansa de brincar com imagens e construir e desconstruir suas referências. A montagem, aliás, também é um ponto altíssimo, com manequins que tem rostos projetados para contar a trajetória do designer e até uma passarela em que os “convidados”, a gente, no caso, se senta para assistir passar o retrospecto de Jean Paul por meio dos looks desfilados em uma esteira.
A mostra está em cartaz no Kunsthalle, que também funciona como um shopping, e é programa imperdível por lá. E acha que estávamos cansados? Nada disso. Depois de uma aula magistral de moda, seguimos em direção ao Jardim Inglês, que dizem se tratar de um dos maiores jardins urbanos do mundo, para sentar na grama e pensar em como éramos privilegiados de conhecer uma cidade tão incrível, fascinante e estimulante como Munique. E amanhã tem mais, com direito a pé na estrada em direção à Colonia.
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