Foi triste deixar Munique e suas mil possibilidades pra trás, depois dos dois primeiros dias da nossa viagem pela Alemanha (que você pode ler aqui e aqui), a convite do escritório de turismo alemão DZT e a German Travel, mas era hora de seguir em frente. E melhor ainda quando 570 quilômetros depois, a bordo de um dos trens superconfortáveis alemães, desembarcamos em Colônia. A viagem de quase cinco horas passou rápida, com a saída da Baviera a caminho da Renânia se descortinando pela janela até desembarcarmos na imponente estação central da cidade da Catedral e cenário do maior Carnaval fora do Brasil que se tem notícia.
Sim, Colônia, apesar de um pouco cinzenta e fria nestes meses de inverno, é quente feito brasa quando se aproxima do Carnaval. E como a gente chegou por lá às vésperas do grito de Carnaval, que marca a abertura dos festejos no dia 11 de novembro às 11 da manhã, todo mundo só falava disso e se preparava para isso. Mas isso é assunto mais para frente.
Assim que desembarcamos, seguimos para o Marriot Hotel, nos arredores da Estação Central da cidade, onde seria nosso pouso pelas próximas três noites. Foi o tempo de deixar as malas no ótimo e confortável quarto do hotel supermoderno e funcional e já fomos explorar a cidade. Nossa primeira parada foi o incrível museu Museum für Angewandte Kunst Köln, o Makk, ou Museu de Artes Aplicadas, que é repleto de peças do cotidiano da humanidade, como móveis, cerâmicas, vidros, joias e roupas que datam desde a idade média até hoje.
Antes de desvendar os corredores do espaço a gente caiu de cabeça no mercado itinerante de novos designers, uma espécie de Babilônia Feira Hype de lá, batizada Der Super Markt, que, para nossa sorte estava rolando no interior do Makk (vale conferir o site do mercado para descobrir em que lugar da cidade eles vão estar). Por lá, a gente podia conferir as criações da turma da moda e decoração de Colônia, uma das cidades mais avant garde da Alemanha, trocar uma ideia com os designers e, claro, arrematar umas peças para arrasar no Brasil. Ah, destaque também para o café-restaurante que funciona dentro do museu, tão descolado quanto seu acervo e frequentadores e que, em dias menos frios, vale ocupar as mesas espalhadas pelo lindo pátio do espaço.
Depois dessa imersão na modernidade, o sol já estava se pondo e a noite se aproximando. Uma turma resolveu voltar para o hotel, onde seria servido um jantar, e eu decidi continuar no mood e explorar o lado hipster de Colônia. Depois de caminhar toda a rua de compras – bem comercial e turística -, a Hohe Straße, cheguei até o Neumarkt, onde peguei um ônibus em direção à região que eles chamam de Le Kwartier Latäng, ou Quartier Latin, em francês mesmo, por conta do alto número de estudantes que moram e transitam por ali, seus bares descolados e não muito caros e restaurantes de culinária internacional sem frescuras e com muito sabor.
O que me levou até ali, na verdade, foi muito mais do que isso: conhecer o melhor hambúrguer de Colônia, servido na lanchonete Freddy Schilling. Prepare-se para filas, para comer de pé e engatar um papo com o vizinho que também espera por alguns minutos o seu hambúrguer dos sonhos. Mas quer saber? Vale cada segundo e cada centavo de euro. Ah, cervejas não são vendidas ali, porque na Alemanha tem uma lei muito providencial de que lugares que não possuem banheiro não estão autorizadas a vender a bebida mais famosa do país.
Depois de – muito bem – alimentado, uma voltinha pela rua hype Kyffhauserstrasse, onde fica o tal hambuger, te permite perceber outras possibilidades, como a 485Grad Neapolitanische Pizza, o bar Piranha, o La Societé e o Theatercafe Filmdose. Foi nesse último, aliás, que parei para tomar – enfim – uma cerveja Kölsch, a delícia local, e onde descobri um dos lugares mais originais de toda a viagem. Trata-se de um bar comum à primeira vista, se não fosse o pequeno teatro localizado no fim do salão separado apenas por uma porta com uma abertura de vidro do resto do recinto. Lá dentro, rolava uma versão teatral de nada menos do que “O Exorcista”, com atores masculinos interpretando os papeis femininos em um tom meio de cabaré, meio comédia de costumes, meio show de drag. Apesar de não entender uma palavra de alemão, a surrealidade era tão grande que me fez parar por alguns minutos na plateia para assistir ao espetáculo. Esta, aliás, ia ser só a primeira ótima surpresa de uma cidade que começava a se descortinar para mim.
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