Reclusa desde 2010, Ana Paula Arósio era uma das presenças mais aguardadas do Festival do Rio, onde apresenta o longa “A floresta que se move”, de Vinícius Coimbra. Depois de tanto tempo afastada da televisão e dos holofotes ela está de volta em uma releitura de “Macbeth”, de William Shakespeare, e, claro, causou comoção no Lagoon nesse sábado (10). Perguntado sobre como fez Ana aceitar o papel, o diretor declarou: “Foi Shakespeare”. Ao contrário do que pensa Vinícius, não foi apenas a obra do grande romancista que atraiu a atenção da atriz. “Além do texto interessante e do personagem incrível, eu já tinha visto outro filme do Vinícius e é uma obra de arte. Fazer uma história tão densa e maravilhosa dessas com esse cuidado que eu sabia que ele teria foi irrecusável”, afirmou.
A personagem responsável pela volta de Ana Paula Arósio atende pelo nome de Clara e é uma mulher poderosa casada com o executivo Elias, vivido por Gabriel Braga Nunes – coincidentemente com quem atuou em seu último longa, “Anita e Garibaldi”, em 2012. “Esse reencontro foi uma delícia. Eu e Gabriel trabalhamos muito bem juntos, temos uma química boa. A gente se entende. Tem vários momentos do filme que fazemos piadinhas internas, mesmo dentro da cena, é muito bom poder trabalhar assim”, disse. O filme acompanha a trajetória do casal e a ganância de Clara, que faz a cabeça do marido para que ele alcance sucesso como executivo de um grande banco. O plano arquitetado por ela resulta em uma série de assassinatos. A atriz contou que não precisou ir longe para dar vida a ambiciosa protagonista. “No mundo de hoje, as pessoas são tão obcecadas por poder e pela conquista de sucesso que, se percebermos, há reflexos disso a nossa volta a todo momento. Acho que essa ambição desmedida sempre acaba sendo infrutífera, como foi para a minha personagem”, analisou.
O principal desafio de voltar após tantos anos afastada, de acordo com ela, foi também o que fez com que a construção de sua Clara fosse ainda mais densa. “As grandes dificuldades foram fazer um personagem de Shakespeare e ficar longe de casa, já que filmamos no Uruguai. Mas foi bom, porque deu muita concentração. Foi intenso, difícil e muito prazeroso”, sintetizou ela, que já conhecia o texto original do século XVI – com história do século XI, mas garantiu que os personagens são totalmente atuais. “Conseguimos levar para o cinema o clima de Shakespeare e, ao mesmo tempo, dá para acreditar nessas pessoas como reais dos dias de hoje”, disse. Feliz, a atriz destacou que estar nas telonas era um projeto antigo: “Eu estava com saudades do audiovisual e o cinema é quase a minha ‘terra do nunca’. Sempre almejei mas não dava tempo de me dedicar. Agora que posso fazer e escolher a dedo é muito bom”, declarou.
Se no cinema a atriz está realizada, os fãs podem ficar alegres: há possibilidade de Ana Paula voltar a brilhar nas telinhas. Ela, que foi cotada para “Velho Chico”, de Benedito Ruy Barbosa, deu pistas sobre um possível retorno na trama substituta de “A regra do jogo” no horário nobre. “Existe a possibilidade, sim, mas ainda é cedo para falar, não começamos a conversar direito”, contou, emendando que não tem pensado no convite. “Estamos lançando o filme e agora quero dar um passo de cada vez”, garantiu. Perguntada se os tempos de reclusão definitivamente ficaram para trás, Ana sorriu e disse: “Foi um período importante para eu viver”. Resta a torcida para que, a partir de agora, seja diante de nossos olhos.
Artigos relacionados