Luxúria, riqueza, moda, manipulações, vingança e a descoberta de um irreversível amor. A partir do dia 4 de janeiro, o público poderá conferir uma trama que traz todos os ingredientes citados: “Ligações Perigosas”, a minissérie de dez capítulos baseada na obra “Les liaison dangereuses”, escrita por Choderlos de Laclos como uma exposição crua e visceral da alta sociedade francesa de 1782. Com texto adaptado por Manuela Dias e direção de Denise Saraceni (núcleo) e Vinícius Coimbra (geral), a história contará como Isabel D’Ávila de Alencar (Patrícia Pillar) e Augusto de Valmont (Selton Mello) espalham suas conquistas e jogos mentais por Vila Nova, cidade litorânea e fictícia do sudeste brasileiro, em 1928. Com uma coletiva de imprensa seguida de coquetel na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Flamengo, elenco e equipe contaram à imprensa alguns dos detalhes e segredos da trama que promete ser sucesso na tela da Globo.
Com uma fotografia de cinema, cenas gravadas na Patagônia argentina, um figurino arrebatador assinado por Marília Carneiro e uma direção de arte que é quase uma distração para o enredo, de tão magnífica, a minissérie chega para coroar a boa leva de produtos desenvolvidos pela Rede Globo para o horário das 23h. Somado a tudo isso um elenco de ponta: Selton Mello, Patrícia Pillar, Marjorie Estiano, Alice Wegmann, Jesuíta Barbosa e Aracy Balabanian encabeçam os atores que dão vida à trama de manipulações arquitetada por Augusto e Isabel.
Teaser de “Ligações perigosas”
Amigos e amantes, os dois membros da elite fictícia se divertem ao longo de suas vidas passando por festas regadas a orgias, álcool e danças de cabaré. Tudo vai muito bem, até que a viúva vivida por Patrícia é rejeitada e arma um plano de vingança. Mas a dinâmica da dupla se altera e transforma-se em guerra quando o personagem de Selton Mello se apaixona por Mariana de Santanna, a carola interpretada por Marjorie Estiano. “A chegada do tal amor foi terrível para todos. De repente, Isabel percebe que Augusto ruiu todos os alicerces sobre os quais a relação deles estava construída, e então começa o problema”, explicou Patrícia Pillar.
Na pele da dúbia, cruel e libertina Isabel, Patrícia entregará ao público outra performance memorável, repleta de nuances e com uma presença televisiva que poucas atrizes conseguem impor. “Sempre que você tem um personagem à beira do abismo, isso me fascina, porque sinto que tento fazê-lo com muito mais humanidade. Eu gosto de aproximar essa loucura do sentimento humano, do crível. Quis transformar essa mulher em alguém que poderia estar entre nós, que pode ser solar em sociedade, mas tem outro lado oculto”, explicou a protagonista sobre sua construção. “Encontrar a delicadeza desse papel foi fundamental, e acredito que todos devemos isso à equipe incrível que nos ajudou. Esses são personagens complexos e difíceis, mas tivemos muito apoio de livros, filmes e referências, além de encontrarmos tudo o que precisávamos no roteiro. Acredito que a literatura seja uma festa para os criativos”, comentou, com um sorriso largo no rosto.
Patrícia também não deixou de citar a felicidade de reatar laços profissionais com o diretor Vinícius Coimbra, com quem trabalhou na novela “Lado a lado” (2012), e com Denise Saraceni, que a dirigiu em “Passione” (2010). Quando perguntada sobre como é se livrar das amarras sociais para interpretar uma mulher tão sexualmente aberta e luxuriosa, a atriz gargalhou e disse: “Eu não me sinto amarrada! Acho que essa é uma personagem muito escorregadia e trabalhosa. A nossa profissão é muito livre e gostosa nesse sentido. O que me deixou muito feliz também foi ver que a equipe conseguiu trazer um clima rock’n roll, uma onda mais hard para esse universo, que ajudou a transportar a época para o mundo de hoje”, contou, fazendo referência à incrível direção de arte, figurino e fotografia que os convidados puderam presenciar no clipe.
“Esse foi um trabalho feliz de muitos encontros e reencontros. A Manu Dias, o Vinícius (Coimbra), todo esse time, fora a Patrícia (Pillar) e a Marjorie (Estiano), que são duas atrizes que eu venho namorando de longe já há bastante tempo”, comentou o ator, se rasgando em elogios ao elenco e à equipe técnica. Sobre seu Augusto de Valmont, o ator disse que foi uma grata surpresa quando lhe ofereceram o convite: “Acho que nós nos preparamos a vida toda para um papel, não para um personagem específico. Ao longo dessa trajetória, vamos encontrando os personagens. O Augusto foi uma oferta irrecusável. Eu me lembro muito bem de ver o (John) Malkovich interpretar esse papel (no filme “Ligações perigosas”, de 1988) e, na hora, pensei ‘Caramba, vou fazer aquele personagem incrível?!’. Fiz questão de tratá-lo como um homem de muitas camadas de entendimento. Há muitas contradições dentro do Augusto e deixei para o próprio público resolver o que se passa dentro dele”, explicou.
Sobre os encontros e o clima de filmagens a opinião era unânime: união, parceria e aprendizado mútuos. “Encontrei com o Guilherme (Lobo) muito rapidamente e, depois, ele acompanhou algumas gravações e espero ter ajudado com que ele entendesse meu jeito de fazer o Augusto”, comentou Selton sobre sua relação com o ator que viverá a versão adolescente de seu personagem. Para o jovem de 20 anos, em sua terceira novela global, a experiência não poderia ter sido melhor: “Eu e Isabella (Santoni) nos preocupamos muito em construir a relação desses personagens enquanto jovens, porque é algo muito frágil e delicado. Em relação à experiência com o Selton, eu me senti tão feliz quanto uma criança querendo mostrar serviço. O legal é que ele me deixou jogar e imprimir minha própria ideia do Augusto, o que foi muito importante na minha construção”, comentou Guilherme.
Isabella, por sinal, foi uma das atrizes mais elogiadas pelo elenco, que reforçaram a dedicação e empenho da jovem ao construir a sua versão adolescente de Isabel. “Observei muito a energia dela, e isso me trouxe a informação necessária para construir uma atmosfera da personagem. A Isabella tem essa sedução solar que caiu muito bem no papel”, elogiou Patrícia Pillar. A atriz, que venceu como Melhor Revelação de 2015 no Melhores do Ano, respondeu humildemente: “Não tenho nem o que falar, só agradecer à equipe por ter confiado em mim. Sair de ‘Malhação’ e entrar em um universo tão diferente foi uma experiência inigualável. Agora, gente, eu achava que eu estudava para um papel, mas quando peguei o roteiro da Patrícia pude entender por que ela é uma das melhores – cada página vinha repleta de imagens e anotações, foi um aprendizado incrível!”, brincou.
No centro do tabuleiro humano movido a interesses e sadomasoquismos emocionais criados por Isabel e Augusto, está Mariana de Santanna, uma carola da elite, vivida com devoção e total entrega de Marjorie Estiano (nenhuma surpresa aqui). “Sinto que trabalhos são projetos para conhecermos pessoas incríveis, e foi isso que aconteceu nessa equipe, que eu pretendo levar para o resto da vida”, comentou a atriz, completando com uma confissão sobre uma sequência de cinco dias de filmagens: “A somatória do esgotamento emocional e físico que eu tive foi quando gravamos as cenas do enclausuramento, que durou cinco capítulos. A Mariana foi definhando até morrer e, quando chega a esse ponto, você definha junto”, revelou. Sobre se desapegar da marcante Cora, de “Império” (2014), Marjorie explicou: “Um personagem não é referência para outro. A construção da Mari foi única e sinto que o que ganhei com a Cora foi um aprendizado de vida, uma experiência unica”, declarou.
O clima de entrosamento e admiração mútua entre o elenco e a equipe permeou toda a coletiva, com Alice Wegmann declarando: “Foi o trabalho mais lindo que eu já fiz na vida”. Claro, entre casas mal assombradas na Argentina e congelantes na Patagônia, o que não faltou para os atores foram histórias divertidas para contar: “Eu e a Aracy (Balabanian) estamos tendo um caso, mas não vamos expor isso para a imprensa. Eu sou seu crush e você é minha crush!”, riu Selton Mello, enquanto a atriz mandou um beijo e uma piscadela para ele. “Eu tenho orgulho desse trabalho em um grau muito alto. Sou jovem, mas já sou rodado, e sinto que esse projeto foi muito importante para mim”, completou o ator. “Descobri também que viro um monstro sem sobremesa. E as temperaturas que enfrentamos nas filmagens foi o desafio físico mais difícil que eu já tive na vida”, revelou.
A noite terminou com uma performance de artistas circenses e dançarinas de cabaré, para inserir todos os convidados no clima de entretenimento da década de 1920. A coroação suprema do evento ficou por conta de Darwin Del Fabro, que viverá Collete D’Or em “Ligações Perigosas”. Travestido, o ator cantou um número em francês com sensualidade e presença de palco exuberantes e fascinantes, antecipando aquela que certamente será uma das grandes revelações do próximo ano. E HT mal pode esperar para que ele chegue.
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