*Por Kika Gama Lobo
Me sinto uma concubina quando ando de metrô. Madura, que fique claro. Mesmo cinquentona erotizo quando percebo a presença dos guardas retirando os espertalhões varões do vagão exclusivo para mulheres. Sempre de 6 às 9 e de 17 às 20 hs, pelo menos aqui no Rio, temos de um vagão especialpara nós . Ando de metrô há anos quando em viagem pra fora do Brasil mas aqui no Rio demorei um pouco mais. Depois das Olimpíadas – em que a rota ficou mais ampla – sou usuária frequente. E sempre na volta dos meus trabalhos entro nesse ambiente luluzinha e observo. Há uma cumplicidade entre nós – respeitáveis desconhecidas. Velhas, grávidas, novas, estudantes, executivas, empregadas domésticas, vagabas, meninas – temos todas o mesmo gênero e confesso adorar quando percebo uma travesti, trans, bi, mona e sei lá mais que nomes existem para as novas formas de existir. Ali, naqueles vagões, somos uma nação. Mulheres organizam, geram, mudam o destino de homens e pátrias. Antes pelo sexo, depois pela escravidão, nas colonizações diversas nosso papel, apesar de sempre secundário, é de uma riquezas incrível. Adoro um ditado que diz: eduque um homem e verá uma geração educada , eduque uma mulher e transforme o mundo. Sempre em meio delas eu me sinto uma pessoa melhor. Adoro ser mulher, adoro estar com mulheres, adoro ter filhas mulheres. O desafio nasce conosco. O preconceito imposto no berço nos torna guerreiras. Somos vítimas. Somos frágeis. Mas somos muitas, somos mais, somos tudo. Homens ao entrarem em nossas vidas, mind the gap!
Leia Mais: #Atitude50: Kika Gama Lobo conta em sua coluna semanal sobre os desafios da gravidez: “uma mentira maravilhosa”
Artigos relacionados