Queridinho da publicidade, Andrey Lopes faz filmes, novelas, mas desabafa: “Não fossem os comerciais, teria desistido”

*por Vítor Antunes

Por anos, acreditou-se que o fato de um ator fazer campanhas publicitárias poderia marcá-lo como ‘um ator de comercial‘ e o trânsito entre os anúncios e as novelas/cinema costumava ser mais difícil. Àqueles que só faziam a propaganda de uma marca, a coisa ficava ainda mais séria. Muitos atores não conseguiram se desvincular das marcas que anunciavam, como o ator que por anos fez campanhas para uma palha de aço ou o ‘baixinho’ de uma marca de cerveja – que trabalhou para ela por 24 anos. Esta não parece ser a trajetória de Andrey Lopes. O ator e comediante fez inúmeros trabalhos para marcas – além de ter sido o mascote do Brasil na Copa de 2014 – e está vivendo um ano vitorioso na televisão e no cinema. Ainda neste semestre, ele estará estreando “Luccas e Gi em: Dinossauros“, filme do youtuber, que conta com a direção de Leandro Nery, que segundo o ator, conta com “uma nova linguagem, e está bem legal”. Além deste, Andrey também poderá ser visto como um dos protagonistas de “Dois Ladrões e Um Bebê“, da Amazon. E, é claro, em diversas propagandas.

Eu sou muito grato à Publicidade, mas não dá para falar que eu sou de uma marca. Inclusive, ter investido nesse segmento foi fundamental para que eu não tivesse desistido da carreira – Andrey Lopes

Andrey poderá ser visto em “A Caverna Encantada“, sua primeira novela no SBT, e que rompe a parceria da casa com a Amazon, já que “A Infância de Romeu e Julieta” não teve uma trajetória bem-sucedida. “A Caverna Encantada” tem uma jogada diferente, que é ser uma novela para a família, e que tem um roteiro bem amarrado, com muitas ações acontecendo simultaneamente, muito bem escrita, para divertir”. À reportagem, Andrey antecipou que a trama vai ser mais enxuta, com cerca de 30 pessoas no elenco. Há muito tempo, os elencos de novela, tanto da Globo, como da Record e do próprio SBT, não eram tão pequenos.

Humorista, o ator lastima que haja tão poucos produtos do gênero na televisão aberta: “O público que assiste televisão é C e D. Há anos atrás, havia programas como ‘A Grande Família‘, ‘Zorra Total‘, ‘Tapas e Beijos‘, e isso foi sendo descontinuado. Eu não consigo entender o que aconteceu nem o que fez a TV aberta não estar mais experimentando humor, ou destinando  segmento para a TV por assinatura. E a TV por assinatura, a TV aberta e a internet têm públicos diferentes”. E o fato de ser um homem do humor, segundo ele, não o estigmatiza como restrito a ser apenas ‘o cômico‘. “Isso é uma coisa do passado. O próprio Jô Soares (1938-2022) dizia que um ator cômico pode fazer bem drama, mas o contrário não necessariamente é possível”.

Andrey Lopes poderá ser visto em novela do SBT e filme na Amazon (Foto: Divulgação)

PUBLICIDADE, CRIANÇAS E PROJETOS

Andrey, há anos, está como garoto-propaganda de diversas marcas. Segundo ele, o fato de não ter feito apenas uma marca é o diferencial. Justamente por não criar uma forte vinculação a ela, diferentemente do que aconteceu com outros profissionais. E ele também diz não ter sido alvo de preconceitos por isso. Neste ano, o ator poderá ser visto em vários projetos infanto-juvenis/infantis. Segundo ele, este foi um ponto de partida importante, já que ele próprio começou a pensar em ser ator ao ver um teatro-escola na infância. Quando veio de Curitiba para o Rio, fez muitos trabalhos assim, para crianças, nas escolas. “O teatro-escola dá muito essa liberdade de improviso. Eu ganhei muito como ator, em brincar com as crianças, em improvisar”. Além dos projetos de teatro escolar, Andrey foi animador de plateia no programa da Xuxa e do Faustão, além de ter sido o mascote da Copa de 2014, o Fuleco.

Andrey Lopes vive um ano vitorioso (Foto: Divulgação)

Atualmente, o ator pode ser visto na montagem de “Apocalipse”, em reprise na Record, e também fez “Jezebel”, na mesma emissora. “‘Apocalipse’, que voltou, é uma novela contemporânea, e ‘Jezebel’, épica, ainda que as duas sejam mais religiosas. Na contemporânea não tem as roupas, a maneira de falar, há mais liberdade para criar – e no meu caso, eu era do núcleo cômico. Em ‘Jezebel’, eu também era do núcleo cômico, mas tudo é muito diferente”, destaca ele. “A novela bíblica acaba tendo um formato mais quadrado, outra forma”.

Andrey Lopes e Juliana Knust em “Apocalipse” (Foto: Divulgação)

Definitivamente, o que faz um ator é seu talento, sua capacidade de abraçar o diverso além das possibilidades de gênero. É aí que reside o talento: no múltiplo. Andrey traz, com bom humor, a possibilidade de abraçar o mundo com sua arte, e celebra que ela lhe sorri de volta e traz o próprio mundo para rir consigo.