O celebrado cineasta Carlos Saldanha lança live action, revela cuirosidades e filma longa sobre a vida de Amyr Klink


O cineasta brasileiro indicado ao Oscar e que codirigiu as animações ‘A Era do Gelo’, ‘Rio’, ‘Touro Ferdinando’, além da série ‘Cidade Invisível’, lança ‘Harold e o lápis mágico’, protagonizado por Zachary Levi, que estreia em 22 de agosto, e fala com exclusividade ao site sobre o novo longa, sobre ‘100 Dias’, que filma no momento, e conta a história da travessia inédita de Amyr Klink, explorador e escritor brasileiro que foi a primeira pessoa a atravessar o oceano Atlântico Sul em uma embarcação a remo, e divide o que o move na paixão de fazer cinema. “O sarrafo é sempre alto, né? Passou uma etapa e já estou a procura das próximas. Sei que é algo que todo mundo fala, mas sou movido realmente a desafios. Busco histórias novas, projetos interessantes. E os projetos que me interessam, são aqueles com histórias que vão agregar alguma coisa para as outras pessoas”

*Por Brunna Condini

Boas e emocionantes histórias são atemporais. Vemos isso no conto de fadas ‘Harold and the Purple Crayon’, célebre livro infantil de 1955, que 70 anos depois é levado para os cinemas por Carlos Saldanha em sua estreia em um live-action. No longa-metragem ‘Harold e o Lápis Mágico’, que estreia em circuito nacional em 22 de agosto, o cineasta mostra na telona, para começar, a beleza e a simplicidade da narrativa de Crockett Johnson para depois fazer a história ganhar vida no mundo real, onde a realidade não vai conseguir sufocar a fantasia que o lápis ‘encantado’ de Harold nos oferece…dá vontade mesmo de ter um desses para sair tornando os sonhos realidade por aí. “Foram dois anos para fazer esse filme e um grande desafio como diretor. E essa coisa da criação, de você ‘desenhar’ a sua vida, é um pouco da minha história também”, diz, o diretor de filmes como ‘A Era do Gelo‘, ‘Rio‘ e da série ‘Cidade Invisível‘. “Desta vez é uma adaptação e geralmente elas são difíceis, porque histórias infantis são menores, mas tentei me pegar na essência, na criatividade, na imaginação. Quando faço a adaptação de um livro tento justamente me pegar no coração da história”.

Saldanha conversou com o site Heloisa Tolipan na pré-estreia da produção, analisou a experiência inédita, do que vem por aí e celebrou o respeito conquistado pelo gênero que o projetou. Aos 59 anos e com mais de três décadas dedicadas à Sétima Arte, ele fala do prestígio do cinema brasileiro de animação.

Carlos Saldanha fala de novo filme live action, filma longa sobre a vida do brasileiro Amyr Klink e revela que tipo de projetos o interessam (Foto: Gell Macedo)

Carlos Saldanha fala de novo filme live action, filma longa sobre a vida do brasileiro Amyr Klink e revela que tipo de projetos o interessam (Foto: Gell Macedo)

Não tem essa coisa de acharem que é um gênero menor. Pelo contrário, Acho que mudou bastante já, tem se produzido muito. Conseguimos nosso espaço há um bom tempo, é o que tenho visto por aí – Carlos Saldanha

À frente de filmes bem-sucedidos como o primeiro, o segundo e o terceiro “A Era do Gelo” (2002, 2006 e 2009), recebendo duas indicações ao Oscar, pelo curta “A aventura perdida de Scrat” (2002) e pelo longa “O Touro Ferdinando” (2017), além dos inesquecíveis ‘Rio‘ e ‘Rio 2‘ (2011 e 2014), uma ode à natureza e ao Brasil, o cineasta filma no momento longa ‘100 Dias‘, que vai contar a história da travessia inédita de Amyr Klink, explorador e escritor brasileiro que foi a primeira pessoa a atravessar o oceano Atlântico Sul em uma embarcação a remo, há 40 anos. O filme traz o ator Filipe Bragança como protagonista:

O diretor Carlos Saldanha, o navegador Amyr Klink, o ator Filipe Bragança e a produtora Justine Otondo  (Adriano Vizoni/Divulgação)

O diretor Carlos Saldanha, o navegador Amyr Klink, o ator Filipe Bragança e a produtora Justine Otondo  (Adriano Vizoni/Divulgação)

“É um filme completamente diferente do que sempre fiz, então mais um desafio imenso para mim. Estou no meio desse processo agora”. E por que essa história agora? “Ele é um brasileiro que teve esse feito único e foi uma inspiração para muita gente. Essa é o tipo de história que merece ser contada. Precisamos contar esses feitos positivo dos brasileiros, que causam admiração, emoção”.

"Os projetos que me interessam, são aqueles com histórias que vão agregar alguma coisa para as outras pessoas" (Foto: Gell Macedo)

“Os projetos que me interessam, são aqueles com histórias que vão agregar alguma coisa para as outras pessoas” (Foto: Gell Macedo)

Morando há 30 anos nos Estados Unidos, mais especificamente em Hoboken, Nova Jersey, com a mulher e os quatro filhos, o diretor é um apaixonado pelo Brasil e pelo Rio de Janeiro, sua cidade de origem.  Ele se lançou no mundo aos 21 anos para estudar computação gráfica nos EUA, e logo após concluir sua formação no School of Visual Arts, em Nova York, conseguiu se lugar no conhecido estúdio de animação Blue Sky Studios, onde fez sua trajetória como animador, diretor, produtor e roteirista durante 28 anos. Depois de fazer tanta coisa bacana, o ‘sarrafo’ fica muito mais alto? “O sarrafo é sempre alto, né? Passou uma etapa e já estou a procura das próximas. Sei que é algo que todo mundo fala, mas sou movido realmente a desafios. Busco histórias novas, projetos interessantes. E os projetos que me interessam, são aqueles com histórias que vão agregar alguma coisa para as outras pessoas”.

Busco narrativas que tenham emoção, que tenham um coração contido nelas. Isso alcança o público – Carlos Saldanha

Fantasia e nostalgia

Misturando live-action com animação e efeitos especiais ”Harold e o Lápis Mágico’, conta a história do aventureiro Harold, o do título, que dentro do seu livro, consegue dar vida a qualquer coisa simplesmente ao desenhá-la. Depois que ele cresce e se desenha na vida real, descobre que tem muito o que aprender sobre esse mundo. O filme é a primeira adaptação da amada série de livros que cativou gerações por décadas. “Adorava a história, é um clássico,  já tinha lido muito para as minhas crianças quando eram menores”, conta Saldanha.

E revela algumas curiosidades: “Foi interessante, principalmente, o fato de ter que pensar para desenhar em 3D, uma experiência nova. E para os atores, fizemos um modelo em arame de todos os objetos que eles ‘desenham’ no filme, oferecendo uma guia para que ‘desenhassem’ com o lápis mágico perfeitamente. Com o tempo, eles foram pegando a ”manha e nem precisavam mais. Fizemos esses modelos em aram do avião, da roda, da aranha, que usamos no filme. Outra curiosidade, é que o vilão de ‘Harold e o Lápis Mágico’, é o mesmo ator que dublou em inglês o vilão de outro filme meu, ‘Rio’. Agora o  Jemaine Clement faz o antogonista Guerry, e em ‘Rio’ fez o vilão-cacatua Nigel. Espero que as pessoas o identifiquem e curtam a brincadeira”.

Cena do filme 'Harry e o lápis mágico' de Carlos Saldanha (Divulgação)

Cena do filme ‘Harry e o lápis mágico’ de Carlos Saldanha (Divulgação)