Fernando Val sobre assédio hoje: ‘Estamos vivendo uma linha tênue. A chave da questão é como você se posiciona’

*Por Simone Gondim

Maturidade é a palavra da vez para Fernando Val. Aos 53 anos, ele chega a três décadas de carreira com mais de 200 comerciais no currículo e gravando sua terceira novela bíblica na TV Record. O ator entra no capítulo 43 de “Gênesis” dando vida a Tauro, servo fiel de Abrão, e comemora a boa fase, tanto pessoal quanto no trabalho. “Vivo um momento especial na profissão, me sentindo muito mais preparado e maduro”, afirma. “Não mudaria nada em minha trajetória. Acredito no tempo de Deus. A gente cria expectativas e se frustra, mas a maturidade faz lidar melhor com isso, as coisas acabam fluindo mais tranquilamente”, acrescenta.

Com 1,80m de altura e os olhos verdes que já chamavam a atenção no mundo da publicidade e na abertura da novela “Olho no olho”, da TV Globo, em 1993, Fernando está em ótima forma e garante não ter problemas com a perspectiva de envelhecer. “Passou tão rápido… Sou bem tranquilo, às vezes nem acredito que já estou com essa idade”, diz. Para manter o físico atlético, ele cultiva bons hábitos. “A carreira me levou, indiretamente, a ter uma qualidade de vida bacana, me alimentando bem, fazendo esportes e, consequentemente, me cuidando”, explica.

(Foto: Morgade)

Para o ator, interpretar personagens bíblicos é um prazer. “A sensação é a de que voltamos aos primórdios. O mais bacana é poder conhecer as várias passagens bíblicas de uma forma mais profunda”, observa. “Tauro é um homem de boa índole, que trabalha com cobre e bronze. Ele produz espadas, flechas e armas em geral na oficina de Simei, cunhado de Abrão, e conhece bem os perigos dos locais por onde anda”, descreve.

Mas será que Fernando consegue enxergar algo em comum com o personagem? “Eu me identifico bastante com o caráter dele, porque Tauro é um homem trabalhador, sempre disposto a ajudar ao próximo, que tem cuidado e amor com sua família”, conta. “Mas temos pontos de vista diferentes quando se trata de relacionamentos. Ele é muito racional em suas decisões, já eu costumo dizer que sou mais coração do que razão. E sou mais impulsivo, também”, revela.

(Foto: Morgade)

Quando o assunto é família, Fernando resume em uma palavra: saudade. Pai de dois adolescentes, um rapaz de 17 anos e uma moça de 15, ele está morando no Rio de Janeiro por causa das gravações de “Gênesis”, enquanto os filhos ficaram em São Paulo. “A distância é parte mais difícil. Sempre nos falamos e, toda vez que posso, vou a São Paulo para vê-los”, confessa. “Costumamos conversar por vídeo. A gente já está se acostumando com isso, pois em outras produções passamos umas temporadas distantes”, completa.

Para enfrentar o desafio de criar filhos nos dias atuais, o ator aposta no carinho e na conversa. “Houve uma mudança muito grande da minha geração para a deles. Fui criado na rua, jogando bola, andando de bicicleta, com liberdade. Hoje, ainda mais com essa pandemia, não existe isso. É uma pena, uma perda muito grande”, observa. “Tento ao máximo ter um bom diálogo com eles, aconselhando, contando experiências boas e ruins. E o mais importante: dando amor”, assegura.

(Foto: Morgade)

Em uma olhada rápida, Fernando pode ser confundido com outro galã do meio artístico: o também ator Gabriel Braga Nunes. A semelhança já rendeu até confusão com uma fã. “Estava em um restaurante e uma senhora chegou e perguntou: ‘Gabriel, posso tirar uma foto com você?’. Eu falei: ‘claro que sim, mas não sou o Gabriel’. Ela não acreditou. Fiquei em uma saia-justa, expliquei novamente que não era, mas não teve jeito. Tiramos a foto e ela disse ‘obrigada, Gabriel, adoro seu trabalho'”, lembra, rindo. “Outro dia estava vendo uma série com ele e notei que somos parecidos do nariz para cima… Os olhos são bem parecidos”, admite.

Ao longo de 30 anos, além de atuar, Fernando trabalhou como modelo, apresentador e repórter. Mesmo com um porte que chama a atenção, ele nega ter sofrido assédio, seja no campo pessoal ou profissional. “Em outras épocas as pessoas paqueravam, olhavam, falavam alguma coisa, demonstravam interesse. Lógico que com respeito”, recorda. “Atualmente, estamos vivendo uma linha muito tênue com relação a isso, sinto que está muito mais complicado. Acho que a chave da questão é a coerência, o bom senso na abordagem e como você se posiciona”, acredita.