Nada é por acaso. Aos 27 anos, Carla Diaz está desde os dois trabalhando como atriz e em campanhas publicitárias. Mas, foi em 2017, quando a atriz completa 25 anos de carreira, que mais um grande papel apareceu em seu caminho. Depois de integrar o glorioso elenco de “Chiquititas” e ser conhecida por todo o país com seu bordão “inshalá” em “O Clone”, é como o mulherão que a atriz se tornou que ela está comemorando suas bodas de prata da profissão. Com aparência de frágil e personalidade de leoa, Carla Diaz está honrando o nome que tem no ar em “A Força do Querer”. Como a Carine da trama de Gloria Perez, a jovem e experiente atriz de fato mostra a mulher forte, do povo e guerreira que significa Carla. Sucesso no horário nobre, ela é a nova estrela do editorial do site HT, que traz Carla Diaz ainda mais poderosa e feminina. Nos cliques fotografados na maravilhosa suíte do Rio Othon Palace, a atriz posou para o gênio das lentes Vinícius Mochizuki, que também assinou a beleza, e o styling recebeu o toque de mestre de Anderson Vescah. Vem com a gente descobrir a novinha afrontosa que tem esquentado “A Força do Querer”!
Era para ser uma participação. Algumas cenas e um novo fôlego para o casal Bibi (Juliana Paes) e Rubinho (Emílio Dantas). Mas Carla Diaz chegou sem poupar esforços, ganhou espaço e agora será personagem fixa até o final de “A Força do Querer”. Na trama, ela interpreta Carine, amante do traficante que tem tirado a personagem de Juliana Paes do sério. Com os rótulos de novinha e afrontosa por causa de seu comportamento nada tímido, a atriz comemorou o sucesso da ambiciosa garota na história. “Eu estou vivendo um momento mágico e inesperado. Tudo aconteceu praticamente do dia para a noite. Eu entrei na novela quando a história já estava encaminhada e estou tendo essa repercussão maravilhosa”, comemorou.
E tudo veio de um convite inesperado. “Eu recebi uma ligação da produtora de elenco da novela me chamando para fazer parte do elenco. A princípio, seria apenas uma participação. Eu não sabia quantos capítulos ou cenas eu faria, mas era algo pequeno. Porém, com a repercussão da personagem e da polêmica rivalidade da Carine com a Bibi, eu fechei contrato até o final da novela e eu vou ficar”, contou Carla Diaz que não minimizou a alegria. “Pensa em uma pessoa feliz e agora multiplica por milhões de vezes”, disse.
Para a inesperada personagem, Carla Diaz teve a corrida contra o relógio como principal desafio. Diferente dos atores que integram o elenco desde o começo e, por isso, tiveram uma longa e minuciosa preparação, a atriz teve apenas alguns dias para mergulhar no universo da personagem. “Eu não tive aquele trabalho inicial de preparação e workshop de três meses que fazemos antes da novela estrear. Eu fiz tudo isso, mas muito intenso e em apenas uma semana”, contou.
Neste tempo, Carla Diaz precisou descobrir o comportamento na comunidade, onde sua personagem mora. Com o gingado carioca e a postura de mulher livre, ela contou que foi beber em uma fonte real para a novela. Nos bastidores da Carine, a quase xará Karina Cruz foi um importante nome para esta semana de descobertas de Carla Diaz. Atriz e moradora do Vidigal, Karina apresentou pontos importantes deste cenário para a loura. “Eu consegui trocar com ela mais informações de como são as meninas da comunidade e que frequentam o baile funk. A minha ideia com a Karina era conseguir mergulhar nas gírias, no jeito de andar e no comportamento dentro de uma favela”, explicou Carla que, apesar de não conhecer de perto, afirmou que o ambiente das comunidades já lhe era familiar.
Neste trabalho de preparação, Carla Diaz contou que se preocupou em não transformar sua personagem em um símbolo estereotipado da mulher da comunidade. Segundo a atriz, a naturalidade no comportamento da Carine foi um dos principais elementos para fazer da participação uma potência na trama. “A minha personagem nasceu em uma comunidade e, por isso, eu precisava construir o jeito dela de forma natural para que não caísse em um estereótipo. Eu não queria isso. Para mim, a Carine tinha que ser uma garota normal, apesar de ter um jeito de falar diferente da Carla, por exemplo”, disse.
Para isso, Carla Diaz se cercou de diferentes fontes de informação e conteúdo para o novo trabalho. Nesta uma semana que teve de preparação, a atriz combinou o mergulho real com uma moradora de comunidade carioca com os ensinamentos do super coach da Globo Sergio Penna. No entanto, um elemento foi ainda fundamental. Pelos becos e vielas da favela fictícia de “A Força do Querer”, Carla Diaz, de fato, não anda. Ela desfila. “Eu queria que a minha personagem tivesse um jeito diferente de andar e aulas de dança foram bem importantes para isso. A gente conseguiu construir uma expressão corporal para compor o trabalho que foi super interessante. Então, isso inclui um jeito de mão, o de mexer o cabelo e de andar rebolando”, contou a atriz que procurou um coreógrafo para orquestrar seu comportamento corporal em cena.
Ah, e para completar, Carla ainda teve um elemento-chave para o sucesso da Carine na novela. Nesta uma semana, a atriz não precisou dividir seu tempo para conhecer os personagens e as tramas que compõem “A Força do Querer”. Fã da história de Gloria Perez mesmo antes de fazer parte dela, Carla Diaz disse que já a assistia diariamente. “Eu via antes mesmo de ser convidada e isso fez total diferença. Quando eu entrei para o elenco, eu tive a facilidade de já conhecer todos os personagens, principalmente do meu núcleo”, lembrou.
Assim, com uma mistura de bagagem teórica, prática, estudo e talento, Carla Diaz não fugiu da fórmula de sucesso. “A minha pretensão sempre foi fazer o meu melhor. Como ninguém nunca me disse quanto tempo eu ficaria na novela, eu me dediquei para uma ou duas cenas ou para a história toda, que foi o que aconteceu. O mais importante era eu me doar e fazer o meu melhor. Para mim, o tempo na história não muda, o mais importante é a qualidade do trabalho que você faz”, comentou a atriz que confessou que alimentava a esperança desde antes da repercussão positiva. “Como a novela já estava no ar, eu sabia que o núcleo da comunidade estava bombando e crescendo cada vez mais. Fora que tinha visto que novos personagens estavam chegando, como foi o caso do Jonathan (Azevedo), o Sabiá”, apontou.
E quem diria? O sucesso de Carla Diaz no horário nobre da Globo veio de uma rivalidade com Juliana Paes. A morena, que é dez anos mais velha que a loura, também é inspiração e referência para Carla que, por mais que tenha mais de duas décadas de experiência da telinha, reconhece que ainda há muito o que aprender. “Eu nunca imaginei que seria rival da Ju e que faríamos um triângulo amoroso. Nunca sonhei com isso nessa encarnação, mas eu achei o máximo. Ela é uma mulher incrível pela beleza, pela pessoa e por toda a carreira que ela tem na televisão. Inclusive, acho que esse é um dos melhores papeis dela”, elogiou a companheira de cena.
Aliás, não só Juliana Paes tem ganhado bons elogios pelo trabalho em “A Força do Querer”. Com o sucesso e o crescimento da Carine na trama, os comentários positivos – e até engraçados – sobre a personagem de Carla Diaz também têm temperado os dias da atriz. “Eu tive o termômetro disso com o público no Rock in Rio. No meio dessa correria de gravação, eu nem consigo sentir muito a resposta das pessoas. Mas, nos shows, eu fiquei chocada. Para mim, a Carine seria odiada pelo fato de ser uma amante e estar interferindo em uma família. Só que não. Eu ouvi elogios e comentários de crianças, adultos e vovozinhas. Todo mundo gosta dela”, contou impressionada. “Eu acho que é a primeira vez que em uma novela brasileira a amante está sendo querida pelas pessoas”, completou.
O fato é que, com a ambição e a busca por poder de Carine, Carla Diaz vem descobrindo o humor e a sensualidade como estratégias de sua personagem na novela. Para potencializar isso, as curvas da loura são ainda mais exaltadas com o figurino nada discreto. Nos looks da personagem pode tudo. Tem animal print, decote, roupas curtas, justas e provocativas. “A caracterização super me ajudou a compor a Carine. Ela é totalmente diferente de mim e nada do que ela usa faria parte do guarda-roupa da Carla”, contou sobre a combinação potente de megahair, unhas de gel e roupas exageradas. “Ela tem uma vaidade muito forte da garota da comunidade que, por mais que enfrente diversos problemas, não abre mão de cuidar do visual. Embora tenha que viver com diversas questões, como a violência por morar em uma favela, eu acho que a Carine é um símbolo do lado positivo disso tudo”, comentou.
No entanto, mesmo com a ideologia de que é tudo em prol da arte, Carla Diaz comentou que no começo usava roupão nos bastidores da novela. Em uma mistura de frio por causa das baixas temperaturas do inverno com uma pitada de vergonha, a atriz garantiu que hoje já aboliu a discrição. “Eu gosto de usar roupão para me proteger e me sentir mais à vontade, mas também porque no começo das gravações era muito frio lá na comunidade. Agora, com o calor, eu quase não tenho usado”, contou a atriz que afirmou não ter problema com a exposição do corpo para a personagem. “É super tranquilo. Tanto é que eu já fiz uma cena mostrando os seios e não me incomodei. Isso é, de fato, por uma personagem. Eu não tenho problema algum e consigo separar bem”, garantiu.
Até porque, o trabalho nas telinhas não é uma novidade para Carla Diaz. Comemorando 25 anos de carreira artística em 2017, ela é um daqueles talentosos exemplos de meninas que cresceram aos nossos olhos. Da fofíssima Khadija de “O Clone” para a sensual Carine de “A Força do Querer”, Carla mudou os cabelos, cresceu e ganhou curvas. Mas, mesmo assim, acredita que não tenha impressionado quem perdeu os últimos trabalhos da atriz. “Eu acho que o maior susto não foi por eu ter crescido, já que a minha última novela havia acabado em dezembro. O impacto maior foi pela sensualidade e por ser uma personagem muito diferente da Carla”, contou.
E desta sensualidade aflorada, a atriz passou a ter o assédio como consequência de seu trabalho. Apesar de garantir não ter tido nenhuma experiência negativa até então, Carla Diaz reconhece que os comentários ganharam ainda mais força nas ruas e na internet com a nova personagem. “O assédio masculino aumentou, mas ainda é muito respeitoso. Como a gente leva para a comédia porque a personagem é bem engraçada, eu acho que o retorno que eu tenho é mais carinhoso do que invasivo. Eu nunca passei por nenhuma situação desrespeitosa ou que tivesse me incomodado”, afirmou Carla que acredita estar dando voz a diferentes mulheres com sua personagem. “Essa mulher pode estar em qualquer lugar da sociedade. No contexto da comunidade, a Carine representa as mães, mulheres e avós que perderam os seus familiares e precisam lutar por espaço e dinheiro para se sustentar. É óbvio que o tema da personagem é diferente, mas ela tem essa força de guerreira da comunidade”, apontou.
Assim como a força feminina é uma realidade para o atual momento profissional de Carla Diaz, a atriz contou que também compartilha dos ideais do movimento feminista contemporâneo. “Não tem como a gente fechar os olhos e ignorar essa onda de ideias. Eu vejo e apoio. Para mim, todos precisam ter direitos iguais independentemente do gênero. Nós vivemos em uma sociedade que tem mudado, mas também regredido em alguns aspectos. Hoje em dia ainda lidamos com questões que não podem ser aceitas em pleno século XXI”, analisou Carla que completou: “As mulheres hoje em dia são muito independentes. Cada vez estamos tomando a posição de chefes de família e no trabalho também”.
No entanto, se o feminismo é um assunto que Carla Diaz defende e demonstra conhecimento, a política é uma temática complexa para a agitada rotina da atriz. Com tantas reviravoltas diárias que nos surpreendem a cada nova manchete, Carla confessou não estar tão por dentro das novidades de Brasília. Apesar do interesse, a atriz contou que essa novela da vida real é ainda mais difícil de acompanhar. “Eu estou sem tempo para assistir jornal e, inclusive, até a própria novela das 21h eu perco de vez em quando porque estou gravando. Mas eu gosto de saber o que está acontecendo com o nosso país. Nós precisamos estar antenados com as notícias do mundo, porém essa não é uma necessidade diária minha. Até porque, nossa política é muito instável e parece que tem dia que evolui e em outro regride. A sensação que eu tenho é que o assunto fica meio parado em um mesmo tópico ou então que nada acontece”, analisou.
Mas também, com uma rotina de muitas horas de trabalho, poucas de lazer e algumas de sono, o dia de Carla Diaz fica pequeno para os compromissos da atriz. Até hoje, a loura precisa se dividir entre as necessidades pessoais e a vida profissional. Mas nada disso é novidade. A Carlinha, que com seis anos já encantava em “Chiquititas”, hoje ostenta um poderoso currículo com longas passagens pelas principais emissoras brasileiras. Na carreira, Carla ficou cinco anos no SBT, nove na Globo, oito na Record e agora está de volta ao plim-plim. “As pessoas foram acompanhando cada fase da minha carreira. Seja no teatro ou na televisão, eu tive papeis durante todos esses anos”, contou.
Desde a infância, Carla cresceu com a vida profissional e a pessoal andando lado a lado, quando não se sobressaiam uma a outra. “Eu via como uma brincadeira. Desde pequena, eu sempre adorei estar em um set de gravação e, inclusive, tinha algumas atitudes de profissional mais velha que ninguém entendia. Uma vez, por exemplo, minha mãe me contou que eu parei a gravação porque um avião estava passando. O diretor na época, que era o Jayme Monjardim, e ela acharam que eu tinha travado, mas eu estava apenas esperando o barulho passar porque já sabia que aquela cena não iria valer por causa do ruído”, contou Carla que lembrou da experiência. “Eu encarava como uma responsabilidade e não ficava brincando. É claro que eu mantinha meu jeito de criança, mas entendia que aquilo era um trabalho e tinham momentos que precisava ficar quieta”, disse.
Assim como o comportamento maduro que Carla foi adquirindo com a profissão, a carreira desde os dois anos de idade também a agregaram experiências plurais. Por seus trabalhos como artista, Carla Diaz foi alfabetizada em espanhol, mergulhou na rica cultura marroquina e conheceu novas pessoas e comportamentos através da arte. “Se eu não fosse atriz, eu não teria vivido tanta experiência interessante. Com cada personagem, eu tenho que aprender algo novo”, destacou.
Outro ponto positivo da profissão precoce foi a certeza do que queria para sua vida. Com a faculdade trancada por causa da agitada rotina de gravações, a atriz irá se formar em breve em Cinema. “Na época do vestibular, eu nunca tive dúvida do que eu ia cursar. Eu desde pequena já sabia o que eu queria para a minha vida. E essa foi uma das vantagens de eu ter começado desde cedo”, disse a atriz que, apesar de poucos, não escondeu alguns pontos negativos de estar inserida no mercado de trabalho desde cedo. “Foi raro, mas eu já deixei de ir em algumas festinhas de amigos para gravar”, lembrou.
Decidida como sempre foi desde a infância, inclusive quando afirmou que não queria mais fazer parte do elenco de “Chiquititas” porque havia cansado da vida na Argentina após três anos de novela, Carla Diaz segue com mil projetos para o futuro. Quer dizer, mais ou menos. “A minha bola de cristal está um pouco embaçada hoje”, brincou a atriz que depois contou sobre os próximos projetos. “Já temos algumas propostas de novela que eu ainda não posso contar. Mas, no geral, eu acho que esse é um ótimo momento para eu investir na minha carreira e colher os frutos da Carine. A personagem está me abrindo muitas portas e eu estou explorando diferentes áreas com essa visibilidade”, contou Carla que tem sido de presença VIP a mestre de cerimônia nos últimos tempos.
Se na televisão o futuro é de mistério, no cinema, a bola de cristal já revelou parte dos próximos capítulos. No final do ano, a atriz estreia seu primeiro longa como protagonista. Em “Jogos Clandestinos”, Carla Diaz será uma mulher ambiciosa que planeja se dar bem e acaba se envolvendo em uma grande confusão. “A história se passa em um cassino clandestino e a minha personagem é garçonete e fica de olho nos jogos. Ela tem até um pouco de Carine porque também é super ambiciosa. Aí, ela arma um golpe para quebrar a banca e se dar bem na vida, só que dá tudo errado”, adiantou sobre o enredo que mistura ação e comédia.
No teatro, ela sonha em retomar sua posição de produtora em um espetáculo ainda sem texto. “Eu quero muito produzir uma peça para comemorar esses 25 anos de carreira. A ideia sou eu assinar os bastidores, mas também estar no palco. Eu quero muito fazer isso, mas ainda preciso ver se vou ter tempo”, contou Carla que está em busca de boas histórias para narrar. “Eu ainda não achei nada tão interessante ou que me instigasse nesse momento. Estou na busca”, comentou.
Aliás, busca esta que reforça o sentido de resistência artística destacado por Carla Diaz. Se as notícias de Brasília parecem não evoluir nos jornais diários, as consequências são percebidas a cada nova produção. Com teatros se fechando e recursos se extinguindo, Carla é daquelas que acredita que parar não seja uma solução. “A gente tem ouvido tantas notícias tristes na nossa sociedade. Mas eu acho que não é por isso que temos que ficar quietos em casa. Nós temos que bater de frente e lutar pelos nossos direitos. Como tantas casas de cultura fecham em uma cidade? Isso não pode. Essa é uma missão de todos nós artistas que precisamos reverter essa crise e tentar mudar esse quadro”, reclamou.
E assim, ela segue sua carreira. “Eu não sou de planejar, mas eu tenho sonhos”, garantiu. E muitos. Com 25 anos de carreira, Carla Diaz suspirou ao imaginar quando completaria cinco décadas na telinha. Os desejos para 2042? “Ai, muito trabalho. Eu não gosto de ficar parada. E nem consigo. Antes de “A Força do Querer”, eu fiquei uns três sem trabalhar e já estava louca em casa. Eu aproveitei bastante essas férias com as minhas amigas, sai e curti bem com elas. Mas, chega um momento que dá agonia e eu preciso voltar para um set. É isso o que eu gosto”, contou Carla Diaz que prefere viver um dia após o outro. “Eu acredito que tudo acontece em seu momento certo”. Afinal, nada é por acaso.
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