Estreia de ‘Jóia Rara’ traz de volta à tela da Globo direção sofisticada de Amora Mautner


Novela das seis chega com proposta inicial de aproximação entre televisão e cinema, fórmula de sucesso já vista em tramas como ‘Cordel Encantado’ e ‘Avenida Brasil’

Por Pedro Willmersdorf

O primeiro capítulo de ‘Jóia Rara’ conseguiu, de forma sucinta e direta, transmitir a impressão que já esperávamos da nova trama das seis da Globo: está de volta a sofisticação cênica, característica primordial dos trabalhos da diretora Amora Mautner (do núcleo de Ricardo Waddington), responsável por obras-primas recentes como ‘Cordel Encantado’ e ‘Avenida Brasil’. Sofisticação oriunda da aproximação dos universos da TV e do cinema, graças a uma fotografia mais soturna, retratando com delicadeza a década de 30 no Rio de Janeiro, onde parte da história inicial se passa. Já o núcleo budista da novela remete diretamente ao longa ‘O pequeno Buda’, de Bernardo Bertolucci: referência direta e sem concessões, exibida logo de cara pelas autoras Thelma Guedes e Duca Rachid.

Franz (Bruno Gagliasso) e Ananda (Nelson Xavier): cenas iniciais em templo budista no Himalaia remetem a 'O pequeno Buda', clássico de Bernardo Bertolucci (Foto: Divulgação)

Franz (Bruno Gagliasso) e Ananda (Nelson Xavier): cenas em templo budista no Himalaia remetem a ‘O pequeno Buda’, clássico de Bernardo Bertolucci (Foto: Divulgação)

A dupla, aliás, parece ter acertado ao trazer de volta o time de atores que fez ‘Cordel Encantado’ se tornar um verdadeiro fenômeno visual e dramatúrgico. Estão de volta à cena Bruno Gagliasso, Carmo Dalla Vecchia, Bianca Bin, Domingos Montagner e Nathália Dill (esta ainda sem ter surgido no enredo) com o reforço de talentos consolidados como Caio Blat e José de Abreu. Todos os atores, já expostos na estreia, demonstraram segurança diante de papéis bem definidos. Já sabemos o caminho moral que cada um deles irá seguir em ‘Jóia Rara’.

O que, no entanto, não diminui em nada qualquer expectativa sobre o folhetim. Afinal de contas, tanto diretora quanto autoras já provaram previamente que é possível criar uma novela clássica em sua estrutura narrativa, mas ousada em sua estrutura estética.

E, indo além da roupagem moderna em aspectos visuais e dramatúrgicos, a trilha sonora também promete trazer uma oxigenação aos ouvidos do telespectador, com nomes inusitados em sua escalação: Demi Lovato, Ellie Goulding, Maroon 5 e o recente fenômeno da música eletrônica Avicii. Mais um traço de audácia bem-vinda em um time que, tradicionalmente, já preza pela entrega de novelas preciosas nas mãos público.