* Por Junior de Paula
“Em Família”, a nova novela das 9, vem sendo anunciada como a última novela de Manoel Carlos e, portanto, chega cercada de expectativas. Para completar, ainda tem Bruna Marquezine em seu primeiro papel de protagonista, Julia Lemmertz encerrando o ciclo de Helenas – personagem-fetiche de Maneco -, que começou com sua mãe, Lilian Lemmertz, um romance lésbico entre Giovanna Antonelli e Tainá Muller e outros detalhes da trama que vão sendo jogados ao vento na intenção de atrair a atenção do espectador.
Apesar de tanto barulho, o primeiro capítulo da nova novela, apresentado nessa segunda-feira, não empolgou e marcou meros 31 pontos de audiência, o pior índice da história das estreias do horário nobre. Alguns diriam que os tempos mudaram, que o Ibope não é mais a única forma de se avaliar a audiência, outros que o espectador ainda está curtindo o luto pelo fim de “Amor à Vida” e seu final catártico, mas a certeza é que Maneco vai precisar de mais do que foi apresentado no primeiro capítulo para atrair e prender a atenção.
Investindo forte em novos nomes, a estreia de “Em Família”, principalmente nos blocos iniciais, sofreu com a inexperiência dos atores. Era difícil acreditar na história contada já que o texto saía forçado e as ações careciam de verdade. Aqui cabe destacar algumas exceções como Arthur Aguiar, ótimo como Virgílio, a pequena Giovanna Rispolli, fazendo uma detestável mini-vilã Shirley, e Oscar Magrini – que foi responsável até por um nu no primeiro capítulo – vivendo o pai bronco de Helena.
A história, que começa com o batizado de Helena no Outeiro da Glória, no Rio, e segue até Goiás, onde mora a família da protagonista e se desenrolou o ponto alto do primeiro capítulo (o afogamento de Helena que quase a matou), só ganhou vigor e um pouco de agilidade quando sairam de cena os personagem pré-adolescentes e entraram Bruna Marquezine, construindo sua primeira protagonista de forma magistral, Guilherme Leicam, uma grata surpresa no papel do primo-namorado ciumento e esquentadinho Laerte, e Fernando Rodrigues que, por conta das poucas cenas como o Virgílio mais crescidinho, ainda não disse a que veio.
Ponto também para a linda luz que sempre caracteriza a direção de Jayme Monjardim e a abertura que tem Ana Carolina cantando “Eu Sei Que Vou Te Amar”. Um bálsamo depois de um ano tendo que ouvir Daniel cantando a insuportável abertura de “Amor à Vida”. Que venham os próximos capítulos, porque vontade de gostar da novela não nos falta.
* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.
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