*Com Iron Ferreira
Depois de muitos ‘plays‘ ontem foi a vez do ‘stop‘, afinal na noite da última sexta-feira (dia 6) encerrou o 29º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema. No entanto, todas as produções ganham o mundo e as telas nacionais em seguida. Destaque para o longa “Greta”, de Armando Praça, estrelado por Marco Nanini, que vive Pedro, um enfermeiro de 70 anos, gay e apaixonado pela atriz de ‘A Dama das Camélias‘ e ‘Ninotchka’. Este é o pedido dirigido aos amantes e parceiros de uma noite, incluindo Jean (Démick Lopes), um criminoso que Pedro ajuda a fugir do hospital. Nasce entre os dois uma relação ambígua de amor e dependência. Os holofotes ainda se voltaram para o curta ‘Marie‘, de Leo Tabosa. Diretor, escritor, jornalista, ator, produtor, gestor cultural que se tornou um expert em festivais, 0 pernambucano acumula diversos projetos lançados no cinema. Entre os trabalhos, destacam-se os documentários: ‘Retratos’ (2010), ‘Tubarão’ (2013) e ‘Baunilha’ (2017), além do filme de animação: ‘As aventuras do Menino Pontilhado’ (2016), e o filme de ficção: ‘Nova Iorque’ (2018).
Nessa noite de premiações o filme “Greta“, de Armando Praça, foi o grande vencedor, levando três prêmios. A produção cearense ganhou o Troféu Mucuripe nas categorias de Melhor Longa-Metragem, Melhor Direção e Melhor Ator para Marco Nanini. Destaques para os trabalhos maravilhosos de Denise Weinberg, que interpreta uma personagem trans, e Gretta Sttar, atriz transexual na vida real, vive uma mulher cisgênero na trama. “Era fundamental demarcar uma liberdade artística minha e dos atores e atrizes de poder fazer o que bem entendem. Era fundamental colocar uma atriz trans fazendo uma mulher cis e vice-versa”, comentou Armando Praça.
A solenidade foi realizada no histórico Cineteatro São Luiz, no Centro da capital Fortaleza. Antes do anúncio dos vencedores, o ator Luiz Fernando Guimarães ficou com a missão de entregar a Matheus Nachtergaele o Troféu Eusélio Oliveira por sua contribuição às artes audiovisuais. Luiz Fernando Guimarães, que conheceu o ator nas filmagens de “O Que É Isso, Companheiro?”, de 1997, dirigido por Bruno Barreto, foi responsável pela entrega do troféu: “Ele é imprevisível, característica típica dos grandes atores. Você nunca sabe exatamente como ele irá agir. É criativo ao extremo e um colega extraordinário. Eu poderia citar aqui mil qualidades, pois ele é realmente um orgulho para o nosso cinema”.
Matheus, que a gente adora, disparou: “No primeiro longa que eu fiz, a gente ainda filmava tão pouco no Brasil. Eu, que vim do teatro, nunca tinha pensado em fazer cinema, quando de repente fui dragado. A retomada do cinema brasileiro estava acontecendo e eu fui dragado para essa aventura. Fico constrangido com as homenagens, pois eu não me sinto merecedor. Meu caminho na vida é aprender. Fui absorvido pelo cinema juntamente com a redemocratização do país”.
Momentos antes, em sessão especial, no Cine Dragão, o longa brasileiro “Pacarrete”, que ganhou oito Kikitos e arrebatou o 47º Festival de Cinema de Gramado foi exibido com a presença de equipe e da atriz Marcélia Cartaxo. A produção cearense “Pacarrete” levou o Kikito de melhor filme do júri oficial e popular, melhor direção para Allan Deberton, melhor roteiro, melhor ator e atriz coadjuvantes e melhor desenho de som. Conta a história da professora de dança aposentada (Pacarrete), interpretada por Marcélia Cartaxo, que vive com a irmã Chiquinha (Zezita Matos) e tem Maria (Soia Lira) como empregada doméstica. Rigorosa e ranzinza, ela vive limpando a calçada e brigando com quem passa por ela. Seu grande sonho é estrelar um balé para a população local durante a grande festa da cidade, que está prestes a acontecer. Para tanto, ela manda confeccionar uma nova roupa de bailarina ao mesmo tempo em que tenta convencer a prefeitura de seu show. Entretanto, a falta de interesse da população em geral por espetáculos do tipo logo se torna um grande oponente.
O peruano ‘Canção sem Nome‘, de Melina León, conquistou quatro prêmios: de Melhor Fotografia para Inti Briones, Melhor Trilha Sonora Original para Pauchi Sasaki, Prêmio Olhar Universitário e Prêmio da Crítica. A coprodução Cuba-Alemanha ‘A Viagem Extraordinária de Celeste García”, de Arturo Infante, foi agraciada com três prêmios: Melhor Atriz para Maria Isabel Díaz, Melhor Roteiro para Arturo Infante e Melhor Montagem para Joanna Montero. Emocionada, a cubana, lembrou dos companheiros de produção e ainda ressaltou a força e o poder do cinema ibero-americano. “Estou muito agradecida, muito emocionada por esse prêmio. Quero agradecer as pessoas que realizaram esse filme. Viva ao Ceará, ao Brasil, ao cinema ibero-americano, a Amazônia e a todos”, ressaltou.
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O documentário “Ressaca”, de Patrízia Landi e Vincent Rimbaux, recebeu o prêmio de Melhor Som para Romain Huonnic e o longa cearense “Notícias do Fim do Mundo“, de Rosemberg Cariry, conquistou o prêmio de Melhor Direção de Arte para Sérgio Silveira. O júri de Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem foi composto por Paulo Mendonça (Brasil), Patricia Martín (Argentina), Marco Muhletarler (Peru), Ricardo Acosta (Cuba) e Maria Paula Lorgia (Colômbia). O Júri da Crítica / Abraccine foi composto por Luiz Zanin, Ismaelino Pinto e Cristiana Parente. O júri Olhar Universitário foi composto por Evelyne Alves Cavalcante (representante da UFC), Rafael Luan da Silva (representante da Vila das Artes) e Antônio Leão de Souza Neto (representante da Unifor).
Na Competitiva Brasileira de Curta-Metragem o filme ‘Marie’, de Leo Tabosa, de Pernambuco, ganhou o Troféu Mucuripe de Melhor Curta eleito pelo júri oficial da mostra. Foi vencedor também do Prêmio Mistika (R$ 14 mil em serviços). “Esse prêmio muito nos honra pelo fato do filme ser uma produção pernambucana e cearense. Quero dedicar essa homenagem a toda equipe cearense que possibilitou a realização do projeto”, agradeceu o diretor. O júri oficial da mostra concedeu o Troféu Mucuripe de Melhor Direção para Giu Nishiyama e Pedro Nishi, de São Paulo, pelo filme Livro e Meio. O curta também conquistou o Prêmio da Crítica para Curta-metragem. Já o curta do Rio Grande do Norte ‘O Grande Amor de um Lobo’, de Kennel Rogis e Adrianderson Barbosa, conquistou o prêmio de Melhor Roteiro. ‘Pop Ritual’, de Mozart Freire, foi eleito a Melhor Produção Cearense, e também garantiu os prêmios especiais Olhar Universitário, CTAV – Centro Técnico Audiovisual (20 horas em serviço de mixagem) e Link Digital (serviços de finalização).
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O alagoano ‘Ilhas de Calor’, de Ulisses Arthur, conquistou o Troféu Samburá de Melhor Curta-metragem e o paulista ‘Rua Augusta, 1029’, de Mirrah Iañez, ganhou o Troféu Samburá de Melhor Direção. O prêmio é oferecido pelo Vida & Arte – Fundação Demócrito Rocha. Na solenidade de premiação também foi concedido o Prêmio Canal Brasil de Curta-metragem. O vencedor, O grande amor de um lobo, foi agraciado com R$ 15 mil. Compuseram o júri oficial da Competitiva Brasileira de Curta-metragem Jair Silva (Brasil), Simone Mesquita (Brasil), Diego Cañizal (Espanha), Danilo Carvalho (Brasil) e Suzana Costa (Brasil).
A Mostra Olhar do Ceará premiou dois filmes em cinco categorias. O longa ‘Currais’, de David Aguiar e Sabina Colares, conquistou o prêmio de Melhor Longa-metragem. O júri foi composto por Suyene Correia Santos, Luana Sampaio e Isabela Cribari. O curta ‘Aqueles Dois’, de Émerson Maranhão, ganhou os prêmios de Melhor Curta-metragem, Prêmio Mistika (R$ 14 mil em serviços), Prêmio UNIFOR de Cinema (R$ 5 mil) e o Prêmio CTAV (empréstimo de equipamentos e acessórios).
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O Cine Ceará, em parceria com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), lançou este ano o Prêmio Água e Futuro, voltado para filmes captados em aparelhos celulares. O vencedor, escolhido pelo Júri Olhar Universitário, foi ‘Olho D’Água’, de Anália Alencar, que ganhou prêmio de R$ 3 mil.
Confira abaixo a lista completa de vencedores do Cine Ceará 2019:
MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM
TROFEU MUCURIPE
(Juri Oficial)
Melhor Longa-metragem: Greta
Melhor Direção: Armando Praça, por Greta
Melhor Roteiro: Arturo Infante, por A Viagem Extraordinária de Celeste García
Melhor Fotografia: Inti Briones, por Canção sem Nome
Melhor Montagem: Joanna Montero, por A Viagem Extraordinária de Celeste García
Melhor Som: Romain Huonnic, por Ressaca
Melhor Trilha Sonora Original: Pauchi Sasaki, por Canção sem Nome
Melhor Direção de Arte: Sérgio Silveira, por Notícias do Fim do Mundo
Melhor Atriz: María Isabel Díaz, por A Viagem Extraordinária de Celeste García
Melhor Ator: Marco Nanini, por Greta
PRÊMIOS ESPECIAIS
Prêmio da Crítica (Júri Abraccine): Canção sem Nome, de Melina León
Prêmio Olhar Universitário (Júri Olhar Universitário)
Troféu Mucuripe – Melhor Longa: Canção sem Nome, de Melina León
MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM
TROFÉU MUCURIPE
(Júri Oficial)
Melhor Curta-metragem: Marie, de Leo Tabosa
Melhor Direção: Giu Nishiyama e Pedro Nishi, por Livro e Meio
Melhor Roteiro: Kennel Rogis e Adrianderson Barbosa, por O Grande Amor de um Lobo
Melhor Produção Cearense: Pop Ritual, de Mozart Freire
PRÊMIOS ESPECIAIS
Prêmio da Crítica (Juri Abraccine): Livro e Meio, de Giu Nishiyama e Pedro Nishi
Prêmio Olhar Universitário (Júri Olhar Universitário)
Troféu Mucuripe – Melhor Curta: Pop Ritual, de Mozart Freire
Prêmio Canal Brasil de Curta-Metragem
Troféu Canal Brasil: O grande amor de um lobo
Troféu Samburá
(Vida & Arte – Fundação Demócrito Rocha)
Melhor Curta-metragem: Ilhas de Calor, de Ulisses Arthur
Melhor diretor: Mirrah Iañez, por Rua Augusta 1029
Prêmio Mistika
Melhor filme da Competitiva Brasileira de Curta-metragem: Marie, de Leo Tabosa
Prêmio CTAV – Centro Técnico Audiovisual
Melhor Produção Cearense de Curta-Metragem: Pop Ritual, de Mozart Freire
Prêmio Link Digital
Melhor Produção Cearense de Curta-Metragem: Pop Ritual, de Mozart Freire
MOSTRA OLHAR DO CEARÁ
TROFÉU MUCURIPE
(Júri Olhar do Ceará)
Melhor Longa-metragem – Currais, de David Aguiar e Sabina Colares
Melhor Curta-metragem – Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
PRÊMIOS ESPECIAIS
Prêmio Unifor de Cinema
Melhor Curta-metragem: Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
Prêmio Mistika
Melhor Filme da Mostra Olhar do Ceará: Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
Prêmio CTAV – Centro Técnico Audiovisual
Melhor Curta-metragem da Mostra Olhar do Ceará: Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
MOSTRA ÁGUA FUTURO
(Júri Olhar Universitário)
Melhor Filme: Olho D´água, de Anália Alencar
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