Bianca Comparato embarcou em mais uma aventura profissional. A atriz, que pasmem, acaba de completar 30 anos, é a protagonista da primeira série originalmente brasileira da Netflix. Batizada de “3%”, o thriller de suspense se passa em um futuro distópico, onde 97% da população vive na miséria, com escassez de água, comida e recursos naturais. A luta pela sobrevivência será o tema central dessa produção, que promete fazer o público refletir sobre o futuro do planeta, além dos privilégios pessoais – merecidos ou não. Na trama, Bianca será Michelle, a heroína da história. Em entrevista exclusiva ao HT, a atriz adiantou um pouco de como será o novo trabalho.
“É um thriller de suspense com pitadas futuristas. Ele se passa em uma época que não é o agora. A princípio ela (a personagem) aparenta ser uma jovem inocente, que sonha em passar no processo seletivo. Mas esconde outras intenções, tem ambições políticas e é contra a divisão dos dois mundos. Os 3% são uma espécie de elite da sociedade e ela quer muito fazer parte disso”, revelou a atriz. No entanto, o grande mistério da produção permeia sobre as características que cada indivíduo deve possuir para integrar esse privilegiado mundo. “Esse é o grande mistério da história. A série passa exatamente a questionar os motivos que levam determinadas pessoas serem melhores que outras”, disse.
Muito pé no chão e antenada com as crises mundiais, Bianca acredita que, apesar de ser um ficção, a série ainda faz um contraponto perfeito com a desigualdade de renda que existe no mundo. “Infelizmente não é algo tão distante da nossa realidade, em que 1% da população global detém 99% da riqueza do mundo”, avaliou ela, trazendo a questão para Brasil. “Passamos por um momento que não sabemos o que vai acontecer. Ainda é difícil vislumbrar um futuro bacana. Mas acho leviano ignorar a arte, porque ela é tão importante quanto todo o resto”, desabafou.
Nascida na zona sul do Rio, filha do escritor e roteirista Doc Comparato e da fonoaudióloga Leila Mendes, a atriz sempre esteve muito envolvida ao mundo das artes. Sua primeira participação na TV foi em 2004, em “Carga Pesada”, e de lá para cá participou de grandes produções globais como “Senhora do Destino”, “Belíssima”, “Tapas & Beijos” e “Avenida Brasil”. Apesar da trajetória crescente na Rede Globo, a atriz decidiu se jogar em novas experiências profissionais. “Sigo meu coração e isso é libertador. Minha carreira é total reflexo disso. Depois de sete anos, saí da zona de conforto para ir atrás de projetos muitas vezes de baixo orçamento. Foi quando surgiu ‘A Menina Sem Qualidades’ (2013), com o Felipe Hirsch, e depois ‘Sessão de Terapia‘, com o Selton Mello, dois trabalhos dos quais tenho muito orgulho”, pontuou.
Além de “3%”, ela segue apostando ainda mais no gênero de suspense e terror. Prestes a lançar o longa “Morto Não Fala”, protagonizado por ela e o ator Daniel de Oliveira, ela acredita que esse seja um novo caminho para a dramaturgia brasileira investir. “É um gênero que está vindo para ficar. Não é a primeira série de thriller que o Brasil está lançando e os filmes tem tido uma qualidade incrível. Por muito tempo deixamos o terror de lado, mas estamos em uma crescente. Eu adoro fazer”, confessou. Sobre o filme dirigido por Wandilson Ramalho, Bianca foi mais sucinta: “O longa foi produzido pelo Jorge Furtado, na Casa de Cinema de Porto Alegre, onde eu vivo a mocinha da história que se envolve com o personagem do Daniel, que é um médico legista. Por enquanto é só o que eu posso adiantar”, desconversou.
Com personagens fortes no currículo, a moça acredita que sua carreira tenha sido pautada de forma muito natural – e ela se disse exigente. “Na minha carreira eu procuro buscar bons personagens. É legal ver que tanto nas artes, como na vida, as mulheres estão ganhando protagonismo. Na dramaturgia elas não são mais as mocinhas passivas”, disse ela, comentando sobre como sua geração enxerga o emponderamento feminino. “As mulheres precisam se colocar, crescer e aparecer. Não precisa ser agressivo com isso, mas é um movimento que está vindo e não tem como parar”, completou.
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