BBB20 – Reta final desafia sororidade instaurada na casa


Se o eliminado Felipe Prior “fez história”, como o próprio apresentador Thiago Leifert afirmou ao anunciar o resultado do maior paredão da história do programa, com mais de 1,5 bilhão de votos, agora é a vez dos participantes remanescentes brilharem. O final, no entanto, é reservado apenas a três pessoas. Por quanto tempo o clima de fraternidade entre as mulheres da casa será mantido? Essa é a pergunta e tendência apontadas pelo escritor e pesquisador em teledramaturgia Valmir Moratelli, recebido mais uma vez pelo Site Heloisa Tolipan.

*Por Felipe Rebouças

“Cheguei! Para entrar na sua mente e plantar frases de efeitos que vão te perturbar. (…) A partir de agora é que as grandes viradas acontecem nesse jogo. É agora que você vai se perguntar assim: “mas será que eu estou fazendo o que eu tenho de fazer para ganhar esse jogo, ou estou só fortalecendo meus adversários?” Você quer ter razão ou quer ganhar o Big Brother Brasil? Vai ter que escolher. Tem vários tipos de erros que você pode cometer daqui para frente. O clássico é a neutralidade. Nos próximos dias vocês vão ter que fazer escolhas muito, muito duras. E o público espera que vocês façam escolhas difíceis. Tenham a coragem que o BBB necessita. Nesse momento que o BBB dá uma última embaralhada nas cartas e entrega a última mão para vocês: olhe bem, e não fuja. Não se vence o programa por omissão. Coragem a partir de agora”.

 

Thiago Leifert apresenta sua quarta edição de Bib Brother Brasil em 2020 (Reprodução/ TV Globo)

Essas são algumas das frases do apresentador Thiago Leifert antes de anunciar, na noite de ontem, o eliminado do nono paredão do Big Brother Brasil 20, Felipe Prior, com 56% de preferência dos telespectadores. O recorde de votos em toda história do programa, mais de um 1,5 bilhão, somado à mobilização do público nas redes sociais em torno do choque de ideias e valores representados por Manu Gavassi e o eliminado, deixando de lado a terceira componente do paredão Mari Gonzalez, com menos de 1%, marcou o encerramento de mais um ciclo nesta edição. Após a queda da maioria dos homens da casa perante às mulheres, foi a vez de Felipe Prior atrair os olhos do público através de tática de atear fogo no parquinho, como o próprio eliminado dizia.

Leia também: BBB 2.0: novo modelo afasta desgaste e traz de volta audiência e engajamento do público

Felipe Prior minutos antes de receber a notícia de sua eliminação (Reprodução/ TV Globo)

A partir de agora, a configuração do jogo altera-se com a ruptura da dupla Babu e Prior e a consolida ainda maior do grupo de mulheres, hegemônico na casa, representado principalmente pelas sisters Marcela, Gizelly, Ivy, Thelma, Rafa Kalimann, Gabi Martins e Manu Gavassi. No entanto, de acordo com o escritor e pesquisador em teledramaturgia, Valmir Moratelli, a tendência agora, bem como Leifert prenunciou em seu discurso, é haver um reembaralhamento das cartas à medida que jogo for afunilando. “Só sobram três no final, inevitavelmente haverá conflito e as alianças serão refeitas e reafirmadas. Será interessante acompanhar as meninas se degladiando pela permanência na casa, pois vai de encontro a tudo que elas pregaram até aqui”, aponta.

Veja: Final antecipada: o que a produção do BBB tem a perder com eventual saída de Felipe Prior no paredão de hoje?

Grupo formado por Manu Gavassi, Gizelly, Marcela, Rafa Kalimann, Thelma e Gabi dá as cartas na casa. (Reprodução/ TV Globo)

Na noite do paredão histórico, o placar da Kantar Ibope Media registrou 31,1 pontos na Grande São Paulo e quase 34 pontos no Rio de Janeiro. Cada ponto em São Paulo representa 75 mil domicílios, enquanto no Rio 47 mil. “É provável que o clima dentro da casa se arrefeça com a saída de Prior, que era o principal articulador do jogo e principal razão dos antagonismos”, aponta Moratelli. “Mas isso não garante que o jogo não promova emoções ao público, até porque o Big Brother Brasil é, hoje, no contexto de quarentena, a principal atração ao vivo da tevisão aberta brasileira”, contrapõe.

Outro ponto a ser destacado é a postura do apresentador Thiago Leifert. Pois como bem mostra o discurso feito no paredão de ontem, ele se posiciona chamando os participantes para o jogo. “Se a perspectiva da produção fosse negativa em relação à audiência nas próxima semans haveria um desespero maior, mas é notável como eles sabem que o programa está abraçando a angústia das pessoas nesse momento de isolamento e fazendo com que muitas pessoas esqueçam, pelo menos enquanto estão ligados na televisão, os problemas do isolamento social”, afirma.

Dupla Babu e Prior que marcou a edição do Big Brother Brasil 20. (Reprodução/ TV Globo)

Para além disso, o componente político, que movimenta o debate público em torno da condução do governo durante a crise imposta pela pandemia de coronavírus e tem marcado o cotidiano brasileiro nos últimos anos, deu ao paredão de ontem uma carga emblemática. Figuras como o jogador Neymar, a atriz Bruna Marquezine e até o deputado federal Eduardo Bolsonaro se posicionaram nas redes sociais. “Prior e Manu representam lados distintos do Brasil de hoje e alguma hora essa corda iria arrebentar. O debate público sempre se refletiu no entretenimento, não seria diferente agora. O programa é uma lente de aumento da nossa sociedade que inflama emoções e demarca posicionamento, dentro e fora da casa”, conclui.