Tati Veras: ‘O artista independente sempre teve que lutar muito e tudo ele transforma, transcende’


A vocalista da banda Raiz do Sana, que integra o Line-UP, do Conexão Sana, o renomado festival da Serra Fluminense, nos dias 12 e 13 de abril, que nesta edição será virtual, conversou com o site Heloisa Tolipan e falou sobre a euforia para o evento, a importância das transmissões online durante a pandemia e sobre a posição de resistência dos artistas independentes.

*Por Rafael Moura

O site Heloisa Tolipan teve o prazer de bater um ‘Dedinho de Prosa’, com Tati Veras, a vocalista do grupo Raiz do Sana, que é feito ‘do mais puro amor’. A banda, cria do Sana, considerado o paraíso das águas, no Norte Fluminense, irá integrar o time de atrações do Conexão Sana, que acontece nos dias 12 e 13 de abril, desta vez em edição online, pelo canal no Youtube. “O Sana é um polo cultural onde muitos artistas se encontram e geram artes fantásticas. Fazer parte de uma ação online no Sana é a concretização disso que a gente acredita. O Sana transborda arte. Então, é encontrar a banda, respeitando todas as medidas sanitárias, e se refazer. Isso é fantástico”, comemora a cantora.

Uma pesquisa publicada na revista Brain, behavior, and immunity olhou como o impacto psicológico da Covid-19 nas primeiras três semanas após o surto da pandemia na Espanha. Entre os resultados, 18,7% das pessoas entrevistadas apresentaram sintomas de depressão, 21,6% de ansiedade e 15,8% sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O mesmo report identificou também que para manter uma boa saúde emocional, o fator espiritual foi o que mais protegeu as pessoas desses transtornos. E o que nos ajudou a manter essa sanidade foi a arte. “O artista independente em nosso país sempre teve que lutar para existir, tudo ele transforma, ele transcende. Esses movimentos artísticos para mim são comparados a um copo d’água pra quem tem sede. Sou muito grata”. agradece.

O Raiz do Sana é uma das grandes atrações do festival Conexão Sana, que acontece online nos dias 12 e 13 de abril

Já faz alguns anos que o Sana se tornou um destino preferencial para quem quer mudar de ritmo. Localizado no município de Macaé (RJ), cidade conhecida pela exploração do petróleo, o pequeno distrito chama a atenção por outros atributos naturais: cachoeiras, montanhas, clima temperado e um belo refúgio preservado de Mata Atlântica. Mas se essas características também estão presentes em outras localidades da Serra Fluminense, o que faz do Sana único, então? A capacidade de aliar natureza a arte e cultura, de forma sustentável e duradoura, sendo manancial não apenas de água limpa mas também de uma cena pulsante de artistas. O que acaba levando os frequentadores para outro mood, e isso é perceptível nas canções da banda. “A maioria das nossas composições falam do Sana, são anos cantando aquilo que vejo no Arraial. Então, o local influenciou totalmente na filosofia da banda. A atmosfera e o ambiente são contagiantes. É observando a natureza que a gente capta as influências para o nosso dia a dia, nossa filosofia”, pontua.

Promovido desde 2016, o festival já contou com shows de grandes artistas, tais como Geraldo Azevedo, Mauricio Baia e o grupo Ponto de Equilíbrio. Dada a qualidade do evento e sua preocupação sócio-ambiental, o Conexão Sana foi ganhando notoriedade e tornou-se ponto alto no calendário anual da cidade, movimentando a economia da região e levando para o lugar artistas e turistas ávidos por boa música e atentos à necessidade de preservar aquele santuário natural. Não à toa, sem jamais abrir mão da sustentabilidade, o festival foi ficando maior a cada edição, até ser inviabilizado em seu formato presencial por conta da pandemia da Covid-19. “É de tamanha importância essas ações online porque viabilizam a realização do nosso trabalho durante a pandemia. Nós músicos, assim como outros inúmeros profissionais, ficamos sem chão, e essa base para nos sentirmos ativos, a gente encontra bastante nessas ações online. Demorei um pouco para me acostumar a me apresentar sem o público, porque sou aquela cantora que energia do público me motiva, olhando no olhar das pessoas, demorei um pouco, mas já me acostumei, rs”, enfatiza.

Em parceria com o Gaia Soluções Sustentáveis, o festival terá emissão de carbono neutralizada, disponibilizará mil e quinhentos copos reutilizáveis para a comunidade do Sana e promoverá ações de educação ambiental. Além disso, atento às questões sociais, o festival receberá doações, que serão entregues à Associação de Moradores do Sana, que distribuirá cestas básicas para os moradores mais vulneráveis do distrito.

Viabilizado através de patrocínio do Governo Federal, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, por intermédio do Edital Fomenta Festival, da Lei Aldir Blanc, o evento terá dois dias de shows, tendo como âncoras o grupo Casuarina e o “prata da casa” Raiz do Sana. Completam a programação artistas locais que já angariaram fãs e reconhecimento na região: Armando Casca, a dupla Potyra Castro e Fernando Braga, Rômulo Ferreira e Fernanddim Forçaviva. O festival ainda terá oficinas de percussão com Sambando e de dança com Rodrigo Bruno, além do DJ Cyro Novello nos intervalos e apresentação do Lencinho.

Serviço:

Conexão Sana

Apresentação: Lencinho

Nos intervalos: DJ Cyro Novello

12 de abril (segunda-feira)

A partir das 16h
Oficina de Percussão com Sambando
Potyra Castro e Fernando Braga

Oficina de Dança com Rodrigo Bruno

Armando Casca

Raiz do Sana

13 de abril (terça-feira)

A partir das 16h
Oficina de Percussão com Sambando
Fernanddim Forçaviva

Oficina de Dança com Rodrigo Bruno

Rômulo Ferreira

Casuarina