Tivemos o prazer de Rosana Lanzelotte contribuir com o site HT em um texto sobre a história da Rainha Maria II de Portugal (1819-1853), que será homenageada no Concertos de Eva, na Casa Museu Eva Klabin, no Rio, no dia 11. Em simbiose com a música de Rosana, atriz Helena Varvaki fará uma performance em homenagem à ‘Educadora’. Imperdível!
*Por Rosana Lanzelotte
A devida homenagem
É hora de celebrar os 200 anos de nascimento da Rainha Maria II de Portugal, a “educadora”, a única soberana europeia a nascer além-mar, no Rio de Janeiro, em abril de 1819. Deve o nome – Maria da Glória – à padroeira da Igreja do Outeiro, onde foi batizada.
Muitos torcem o nariz quando se trata de comemorar efemérides relacionadas com a família real ou imperial. É um tiro no próprio pé. O Brasil não seria o que é se Dom João não houvesse para cá se transladado em 1808, em plano idealizado por Antonio de Araújo de Azevedo, um dos mais brilhantes estrategistas daquele tempo. Eles trouxeram um projeto de civilização, que incluía a fundação da imprensa, da Biblioteca Real, da Academia de Belas Artes, do Banco do Brasil. O Reino Unido foi sacramentado com o casamento de D. Pedro com D. Leopoldina, uma Habsburgo. Só lembrado pelas aventuras amorosas, D. Pedro, um monarca liberal e um compositor de mão cheia, não descansou enquanto não assegurou que os filhos Maria da Glória e Pedro seriam soberanos, de cada lado do Atlântico.
Um dos primeiros atos de Maria II de Portugal foi o estabelecimento do ensino primário gratuito para seus súditos, pelo que ficou conhecida como “a Educadora”. Soube ainda educar os filhos seguindo os preceitos que a mãe, Leopoldina, havia lhe transmitido, centrados em servir o interesse do povo, que deveria estar acima de tudo. Um espírito bem diferente do praticado por alguns políticos de hoje.
Apesar de um reinado sacudido por guerras entre os absolutistas e constitucionalistas, de que era partidária, foi uma rainha muito querida, eternizada pelo Teatro D. Maria II, situado no Largo do Rocio, justa homenagem a uma soberana que prezava as artes.
Música e história são indissociáveis e é muito estimulante imaginar um espetáculo em que as peças musicais estejam contextualizadas por um roteiro. Tenho feito isto desde 2009, quando começaram os Circuito Música Brasilis. A cada ano um ator ou atriz narraram os fatos por trás das obras que, dessa forma, são melhor compreendidas pelo público.
Nesse espetáculo – A Rainha Luso-Brasileira – é a vez de Helena Varvaki personificar D. Maria II, que falará sobre sua vida, sobre os compositores de seu tempo, sobre seu amor pelo Brasil, que nunca esqueceu.
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