Camarotes escoam água na pista de desfile. Porta-Bandeira queixa-se, há queda de baianas e componente ferido


Vazamento de água na pista de desfiles, persistente desde sexta feira, vem trazendo prejuízos à evolução das escolas. Durante a transmissão dos desfiles na noite de ontem, 19/02, a porta bandeira da Unidos da Tijuca reclamou que a pista molhada limitava os seis movimentos e a fluidez de sua apresentação, no que recebeu apoio da primeira porta bandeira da Acadêmicos de Vigário Geral, Thainá Teixeira, que precisou apresentar-se desviando das poças d’água diante das cabine de julgamento. No Twitter, fotos de internautas corroboram a fala das porta-bandeiras. Ainda naquela rede social, outras pessoas apresentam problemas tão ou mais graves. Um componente do Arranco relata que uma pessoa quebrou o pé após escorregar numa poça d’água

*por Vítor Antunes

Os desfiles do Grupo Especial paulistano aconteceram diante de uma tempestade que trouxe algum prejuízo às agremiações daquela cidade, especialmente para os quesitos de pista. A previsão do tempo anunciava que os quatro dias de desfiles no Rio de Janeiro seriam abaixo de uma forte chuva. Ainda que a folia carioca não tenha acontecido sob precipitação pluvial, a pista da Marquês de Sapucaí permaneceu molhada nos últimos três dias de desfile – dois da Série Ouro e um do grupo Especial. Na sexta-feira, este repórter testemunhou uma senhora escorregando na poça d’água no meio do desfile da Unidos de Padre Miguel. E não foi o único a perceber problemas semelhantes. No Twitter, um internauta, Andy, que desfilou pelo Arranco, relatou que uma componente quebrou o pé após deslizar no chão com água. Outro, twitteiro, Gustavo, sinalizou que “um camarote na altura dos setores 4 e 5 estaria jogando, por meio de um rodo, água na pista. E (…) na frente do Setor 6 havia uma outra saída de água que dava para a avenida”.

Casal de Mestre Sala e Porta-Bandeira da Unidos de Bangu evoluindo sobre poças d’água em frente à cabine de julgamento (Foto: Reprodução/Twitter @paullo_pacheco)

Como se não bastasse o prejuízo aos componentes, que são avaliados em conjunto, quesitos também foram prejudicados pela água na Avenida. Ao menos duas porta-bandeiras reclamaram publicamente por terem seu desempenho avariado em razão da pista molhada. Uma delas, Denadir Garcia, da Unidos da Tijuca, lamentou ao vivo na transmissão da TV Globo, tão logo encerrou a sua apresentação:

A única coisa que fiquei um pouco chateada é que em todas as cabines de jurados está descendo uma água. Muita água. Então, a gente quer dar um gás, quer fazer a dança com uma velocidade legal, mas não tem como, tem que ir bem devagar. Porque tem muita água, nas três cabines de jurados. Parece que está vindo de alguns camarotes – Denadir Garcia, porta-bandeira da Unidos da Tijuca.

Denadir Garcia e Matheus André. Casal da Unidos da Tijuca desfilando com a pista molhada. Ela reclamou da condição da Sapucaí (Foto: Alex Ferro/RioTur)

Outra porta-bandeira, esta da Acadêmicos de Vigário Geral, Thainá Teixeira, fez coro à queixa de Denadir. A moça, que desfilou na sexta feira, teve de evoluir sobre uma enorme poça d’água. Segundo ela “A água ficou lá até a última escola e NINGUÉM SECOU. Foram meses de dedicação, madrugadas de ensaio, e ter esse tipo de condição na frente da cabine julgadora é triste”. Ela prossegue dizendo que ela e o Mestre-Sala “tiveram que limitar e redirecionar o espaço (cênico) ali na hora”, queixou-se, no Twitter. Outra a também relatar problema semelhante foi a escritora Gabriela Moreira, que desfila como baiana. “Não rodamos porque o combo sapatilha e chão molhado faz da pista um sabão”, disse, apontando que também deslizara enquanto desfilava pela Vigário. Em resposta a ela, no Twitter, Edu Felipe assegurou que uma das senhoras da Unidos de Padre Miguel caiu enquanto evoluía. Ainda no Twitter, outra foliã, Aline, que é ritmista, reforçou o problema da Sapucaí. “Estávamos ‘patinando’ na água já no desfile de sexta-feira. Sou ritmista. Um colega do tamborim caiu no chão. Inadmissível”.

Os problemas relacionados aos camarotes não se restringem à presença de água na área onde as escolas passam em cortejo. São recorrentes, ao menos desde 2022 as queixas dos componentes aos excessos oriundos daqueles espaços, como o vazamento de áudio que atrapalha a evolução das escolas ou a avaliação de quesitos como bateria e samba enredo, além dos já citados vazamentos de água. No ano passado, as justificativas dos jurados já eram compostas de reclamações. Philipe Galdino, de bateria, anotou que houve “Muito vazamento de som dos camarotes para dentro da avenida, em frente aos módulos 1 e 2,  durante a passagem das escolas. Uma falta de respeito”. Diante disso, Gabriel David, diretor de Marketing da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), comprometeu-se a multar os camarotes que excedessem os decibéis durante a passagem das agremiações – ainda que, ele próprio, seja um dos sócios do Nosso Camarote, um dos maiores da Sapucaí.

Gelo jogado no chão da frisa escorre para a pista (Foto: Reprodução /Twitter @eucarlosfonseca)

A pista molhada e os perigos nos últimos três dias de desfiles (Foto: Reprodução/Twitter @eucarlosfonseca)

Liesa comentou com a Globo que a presença da água na pista como sendo “um vazamento oriundo dos setores ímpares da Sapucaí, e que estava reforçando a equipe de limpeza e que isso não interferiria nos módulos de julgamento”. Sobre a componente que  quebrou o pé após escorregar no desfile do Arranco, a escola ainda não se posicionou.