O sambista carioca El Pavuna lança ‘Quando o amor acontece’, de João Bosco, no dia em que o mestre faz 76 anos


Thauan, mais conhecido como El Pavuna, é um dos grandes nomes da nova geração do samba e conversou com o site Heloisa Tolipan, para contar suas inspirações, trajetória, sua participação no Rock in Rio 2022 e as novidades que estão por vir. Aos 28 anos, já alça grandes voos na carreira, sendo ‘abraçado’ por nomes como Xande de Pilares, Teresa Cristina e Jorge Aragão

O sambista El Pavuna é um dos grandes nomes da nova geração de sambistas cariocas (Foto: Jessica Leal)

*Por Rafah Moura

Depois dos sucessos de ‘Dia Branco’, de Geraldo Azevedo e Renato Rocha, e ‘O Vencedor’, de Marcelo Camelo, El Pavuna agora faz uma homenagem ao mineiro João Bosco com uma versão de ‘Quando o Amor Acontece’. Com arranjo e produção do renomado Wilson Prateado, produtor também de ‘Vide o Céu da Zona Norte às Cinco e Meia’, 2021, álbum de estreia do sambista carioca, a faixa será lançada nos aplicativos de música no dia 13 de julho, aniversário de 76 anos de João Bosco, como parte da celebração a esse grande nome da música brasileira. A balada romântica, composta em parceria com Abel Silva é uma das mais conhecidas de Bosco e ganhou novos ares no universo do samba.

A versão chega com a aprovação do homenageado, que é favorável às novas leituras de grandes sucessos. E, inclusive lembra, da gravação que fez de ‘Expresso 2222’: “Sempre fiz isso na minha vida. A canção de Gilberto Gil, por exemplo, transformei em outra coisa – e era um clássico. Acho que tem que fazer, o original é do autor, já está gravado. Os outros têm que imprimir a sua marca pessoal nessas canções clássicas. E El Pavuna fez isso muito bem, ele canta e interpreta com a emoção que a música pede. O arranjo do Prateado ficou muito bom, com qualidade sonora”, afirma João Bosco.

A capa do álbum ‘Ai Ai Ai de Mim’, de 1986, na qual a canção foi originalmente gravada por João Bosco, também ganhou uma releitura. A capa do single apresenta o sambista em uma versão despojada da clássica imagem de João Bosco vestindo terno e chapéu brancos e gravata vermelha. Em uma reinterpretação dos malandros da Lapa, berço da boemia carioca.

El Pavuna gosta de trazer para si alguns dos clássicos que remontam sua memória afetiva. Pensando nessa vontade de visitar canções que não fossem as suas ou de seu gênero musical atribuído, surgiu a ideia de um novo projeto. Paralela e simultaneamente a seu trabalho autoral, que segue ganhando projeção na cena nacional, o artista carioca começou a escolher e trabalhar em canções da MPB, que serão gravadas oportunamente, formando um novo álbum todo dedicado a seus ídolos e referências.

El Pavuna com show gratuito, no Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes (Foto: Jessica Leal)

Bençãos dos mestres

O sambista é um dos grandes nomes da nova geração e conversou com o site Heloisa Tolipan, para contar suas inspirações, trajetória, sua participação no Rock in Rio 2022 e mais novidades que estão por vir. Aos 28 anos, já alça grandes voos na carreira, sendo ‘abraçado’ por nomes como Xande de Pilares, Teresa Cristina e Jorge Aragão. “Olhar para trás é sempre um exercício que me comove, me vejo diante de um mosaico de memórias, sem nenhum compromisso cronológico, elas se embaralham entre risos, choros, versos, cenas e canções. Vejo o menino que atravessara a cidade, com o coração cheio de sonhos e incertezas, feito Senhor do Tempo viajar até reconhecer sua própria voz no rádio, entoando a frase: ‘Quem sempre quer vitória, perde a glória de chorar’ (Trecho da música ‘O Vencedor’, dos Los Hermanos). Tudo é o caminho, é preciso celebrar o agora”, explica.

Como canta Chico Buarque, ‘apesar de você amanhã há de ser outro dia’, o sambista acredita que mesmo o samba rompendo todas as barreiras, estando em eventos e palcos pelo Brasil, ele ainda sofre preconceitos. “O samba é infinito, volátil e ancestral, indiferente a qualquer ‘imposição’ mundana. Seus representantes, esses sim, meros mortais (Salvo os que já atingiram o patamar de entidade), lidam com a ignorância humana, dia após dia. Assim como Aldir Blanc, que, a cada letra censurada, voltava com uma ainda mais subversiva, até ser ‘aprovada’. Nossa gente segue fazendo com que nossa voz caiba em lugares que nem imaginam ser possível. Do jeito que a gente aprendeu, já dizia o mestre Candeia: ‘Enquanto se luta, se samba também’, frisa.

O samba é um ritmo que faz parte do DNA do Brasil, principalmente do Rio de Janeiro, em que os cariocas vivem e vibram o carnaval. El Pavuna conta que o seu match com o samba foi inevitável, ainda mais sendo cria da Pavuna, Zona Norte, do Rio. “Na minha infância o samba foi berço, na adolescência, amigo, e até aqui segue norteando meus passos. Aprendi a fazer samba no fundo dos quintais, logo, não poderia ser outra minha referência. Meu coração bate no compasso do Cacique de Ramos, na Rua Uranos e se alimenta dos frutos da tamarineira”.

O artista foi um dos nomes escolhido pelo produtor musical Zé Ricardo, curador do Espaço Favela, para se apresentar, no dia 10 de setembro, ao lado de nomes como Ferrugem e Orochi. O palco foi um dos mais elogiados na edição de 2019. “Estamos todos muito felizes em representar nosso lugar e nossa música em um dos maiores festivais do mundo. A favela moldou nosso caráter e fez de nós quem somos. Será uma singela retribuição a tudo que ela nos deu, subiremos ao palco despidos de vaidade, peso ou projeção, com o único compromisso de celebrar e agradecer esse reencontro”, agradece.

Pavuna revela que sua relação com as redes socias e plataformas digitais é bem controversa, que muito se assemelha às problemáticas amorosas modernas. “A atenção e a recíproca predominam, até a desconfiança e a indiferença darem o tom. Se eu dou o que ela quer, me acaricia o ego de volta. Se eu sumo me julgando manipulável, em punição me anula e faz de mim o silêncio que todos tanto temem. Resumindo, é tóxiquinha. Mas as plataformas de música eu amo”.

O cantor que em breve irá lançar uma nova velha canção. “A mesma benção que foi pedida a Geraldo Azevedo e Renato Rocha ao lançarmos a nossa versão de ‘Dia Branco’, foi agora direcionada ao Mestre João Bosco e seu parceiro Abel Silva em ‘Quando o Amor Acontece’. Nossa homenagem será disponibilizada ao grande público no dia 13 de Julho, data em que João completa 76 anos. Ainda esse ano pretendemos ligar as câmeras e registrar o tal ‘Céu da Zona Norte’ ao vivo. Ao som das faixas do nosso primeiro álbum e tantas outras que nos acompanham. Seguimos firmes e fortes na produção do nosso próximo álbum de estúdio e um EP que ‘Só vale Partido Alto’, temos muito a dizer’, revela.

O cantor que em breve irá lançar uma nova velha canção. “A mesma benção que foi pedida a Geraldo Azevedo e Renato Rocha ao lançarmos a nossa versão de ‘Dia Branco’, foi agora direcionada ao Mestre João Bosco e seu parceiro Abel Silva em ‘Quando o Amor Acontece’. Nossa homenagem será disponibilizada ao grande público no dia 13 de Julho, data em que João completa 76 anos. Ainda esse ano pretendemos ligar as câmeras e registrar o tal ‘Céu da Zona Norte’ ao vivo. Ao som das faixas do nosso primeiro álbum e tantas outras que nos acompanham. Seguimos firmes e fortes na produção do nosso próximo álbum de estúdio e um EP que ‘Só vale Partido Alto’, temos muito a dizer’, revela.

El Pavuna vai estar no Espaço Favela do Rock in Rio (Foto: Jessica Leal)

Feirinha do Pavuna

El Pavuna, mensalmente, pede licença a Grande Jovelina Pérola Negra para chegar com a Feirinha do Pavuna, sua roda de samba, que é altamente esperada no bairro da Pavuna, que traz gente de todos os cantos do Rio de Janeiro. Thauan, El Pavuna, que foi revelado como uma nova potência musical nas rodas cariocas pelo coletivo autoral Aos Novos Compositores, que desde 2015 acontece na Lapa e foi ponto de partida para os palcos por onde o artista vem se apresentando.

Essa trajetória ascendente contabiliza uma gravação em dueto com o mestre Jorge Aragão, logo em seu álbum de estreia, ‘Vide o Céu da Zona Norte às Cinco e Meia’ (2021), que tem a produção do consagrado Wilson Prateado. A faixa de trabalho, ‘O Amor Não Vai Morrer’, um samba romântico autoral, entrou em importantes playlists editoriais do Spotify, como ‘Pagode Romântico’ e ‘Pagodin’. Já o single ‘Dia Branco’ circula nas rádios e seu clipe em programas dos canais BIS, Multishow e Music Box Brazil.

Sempre com uma receptividade incrível, El Pavuna vem fazendo elogiadas participações, como na roda de samba de Xande de Pilares (no Bar do Zeca/ RJ), no Samba Independente dos Bons Costumes (no evento Rio Gastronomia/ RJ) e com Marquinhos Sensação (no Bar Templo, em São Paulo). Ele também se apresentou em shows solo no Rio de Janeiro: Beco do Rato, com participações de Teresa Cristina, Cassiana Pérola Negra e Will Freitas; Arena Jovelina Pérola Negra; Casa Julieta de Serpa; Espaço Cultural Sérgio Porto e no Imperator – Centro Cultural João Nogueira.

SERVIÇO

El Pavuna no Teatro Armando Gonzaga

Data: 7 de julho de 2022 (quinta-feira)

Local: Teatro Armando Gonzaga

Endereço: Av. Gen. Osvaldo Cordeiro de Farias, 511 – Marechal Hermes

Telefone: (21) 2332-1040

Horário: 20h

Entrada Gratuita