* Por Flávio Di Cola
Última chamada para o estilo: depois do fracasso na fase dos grupos na Copa do Mundo, a Itália ainda mantém a pose nas passarelas. Toda a glória do Made in Italy na moda pode ser conferida na coleção que os empresários italianos Enrico Quinto e Paolo Tinarelli trouxeram pela primeira vez ao Brasil e que ocupa os monumentais espaços da Grande Sala da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, assinados pelo arquiteto Christian de Portzamparc e que desperta no público uma inesquecível experiência sensória e estética através do casamento entre moda e arquitetura. Imperdível, “Italian Glamour” vale a convocação para conferir esta deslumbrante mostra, que infelizmente termina neste final de semana, hoje, domingo (6/7).
Daniela Thomas, que desenhou a cenografia da mostra, evoca um efeito lúdico em que os manequins flutuam sobre passarelas e escadarias. A cenógrafa e cineasta explica: “Minha intenção foi utilizar a beleza desses planos que se encontram em diferentes níveis como percurso e o ar como vitrine”. Já o projeto de trazer esses exemplares únicos do período áureo da criatividade italiana para o Rio é antigo e foi motivado pelo fascínio que a paisagem carioca exerce sobre a dupla: “O Rio me transporta para a realidade do sul da Itália, de onde venho. Para mim, estar aqui é um retorno às origens”, testemunha Enrico.
Para aqueles que associam a alta moda ao mundo das celebridades, não faltam atrativos. Na exposição é possível apreciar peças originais usadas por Ava Gardner e criadas pelas Irmãs Fontana em 1956, pela Duquesa de Windsor que não hesitou em apostar num Valentino no tumultuado ano de 1968, ou por Gina Lollobrigida, que optou por Emilio Schuberth, em 1953, quando já estava se consolidando como a maior estrela do cinema italiano – título que logo lhe seria usurpado com a ascensão de Sophia Loren, também presente na mostra.
Já os modelos prêt-à-porter selecionados por Quinto e Tinarelli ainda estão impregnados pela aura dos grandes desfiles em que brilharam nos corpos das maiores top models da história recente como Dalma Callado, Claudia Schiffer, Naomi Campbell, Kate Moss, Gisele Bündchen e, curiosamente também, Carla Bruni, ex-primeira-dama francesa e ex-modelo, cujo marido – o ex-presidente Nicolas Sarkozy – acaba de ser indiciado por corrupção ativa pela Justiça da França.
Fotos (Divulgação)
Segundo a dupla de expositores, um dos maiores aportes da Itália para a moda mundial foi justamente a elevação dos padrões estéticos e industriais da ”moda boutique”. Enrico Quinto lembra: “A produção industrial com qualidade de produto artesanal sempre foi a meta do Made in Italy. Isso contribuiu para a democratização da moda e proporcionou uma maior independência à mulher não mais subjugada às provas e aos prazos e disponibilidade dos costureiros”.
A importância fundamental da Itália nessa essa nova etapa da história da moda é comprovada pelos novos criadores que afloraram para atender não só as dinâmicas e cosmopolitas clientelas de Milão e Roma, mas também as figuras do jet set internacional que circulavam na dolce vita a partir dos anos 1960. Nomes como Missoni, Krizia, Giorgio Armani, Roberto Cavalli, Gianfranco Ferré, Gianni Versace, Romeo Gigli, Dolce & Gabbana, Anna Molinari, Alberta Ferreti, Prada, Fendi, Trussardi, Moschino e Max Mara, entre outros também presentes nesta inesquecível viagem pelo glamour “a italiana”, formam – sem dúvida – um time que nunca decepcionou os torcedores da beleza e da elegância.
Fotos (Flávio Di Cola)
Serviço:
ITALIAN GLAMOUR
Até 6 de julho (domingo)
Horário da exposição: de terça a domingo, entre 10h e 18h
Local: Grande Sala (hall de entrada)
Entrada gratuita
CIDADE DAS ARTES
Avenida das Américas 5.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro –RJ
Tel: (21) 3325-0102
Estacionamento no local: R$ 8,00 (segunda a sexta); R$ 10,00 (sábados e domingos)
* Flávio Di Cola é publicitário, jornalista e professor, mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ e coordenador do Curso de Cinema da Universidade Estácio de Sá. Apaixonado pela sétima arte em geral, não chega a se encantar com blockbusters, mas é inveterado fã de Liz Taylor – talvez o maior do Cone Sul -, capaz de ter em sua cabeceira um porta-retratos com fotografia autografada pela própria
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