SENAI CETIQT: Live ‘Cases de Inovação para sustentabilidade na moda’


Com convidados integrantes do Brasil Eco Fashion Week, como um dos idealizadores do projeto Rafael Moraes e a coordenadora de Comunicação e Conteúdos do Brasil Eco Fashion Week, Gabriela Machado. conferimos o retorno inovador do evento anual que promove práticas de responsabilidade socioambiental na indústria da moda brasileira. “Somos um grupo que está potencializando outros grupos que existem no Brasil hoje, trabalhando, já há alguns anos, para ampliar a questão da sustentabilidade e do consumo consciente”, pontua Rafael. As empresas participantes são verdadeiros potenciais de um fazer a nova moda no nosso país

Como já comentamos aqui no site, os impactos socioambientais causados pela cadeia de fabricação e de consumo devem pautar todo o sistema moda no Brasil e no mundo. Consciente da necessidade de partir para um modelo de negócio mais justo e sustentável, o SENAI CETIQT se uniu à Laudes Foundation para lançar o Projeto Moda Circular. O projeto fala sobre a urgência de se adotar na indústria têxtil e de confecção um modelo mais justo e sustentável. A Economia Circular surge como solução por dissociar o crescimento econômico da prática de extração de recursos não renováveis (ou finitos). O que ela faz é promover o desenvolvimento que regenera a integridade de todo o sistema por se basear na utilização de recursos renováveis continuamente reinseridos na cadeia ou transformados em insumos para outras cadeias de valor. Em suma, a Economia Circular possibilita a criação de capital econômico, natural e social para favorecer o surgimento de novas oportunidades de negócios, inovação em processos e desaceleração das mudanças climáticas

Na live com o tema “Cases de inovação para a moda sustentável”, Angélica Coelho, consultora do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção (IST) deu início aos trabalhos falando sobre o projeto Moda Circular – O Início de Um Novo Ciclo para a Indústria da Moda. Esse projeto é fruto de uma parceria entre o CETIQT e a Laudes Foundation onde estamos promovendo algumas ações para apoiar a transição da moda brasileira para um modelo mais circular de produção e consumo. E recebeu como convidados integrantes do Brasil Eco Fashion Week, evento anual que promove práticas de responsabilidade socioambiental na indústria da moda brasileira. No evento, eles promovem palestras, desfiles, mercados de venda, lançamentos de produtos de atividades de empreendedorismo para fomentar parceria e potencializar o trabalho de marcas, empresários e pesquisadores.

Representando o Brasil Eco Fashion Week, um dos idealizadores Rafael Moraes e a coordenadora de Comunicação e Conteúdos do Brasil Eco Fashion Week, Gabriela Machado e um pouco da história do projeto. “O Brasil Eco Fashion Week é semana de moda sustentável brasileira. Começamos esse evento em 2017. É uma edição por ano, estamos indo para a quarta edição em 2020. “Minha história com o projeto começou quando eu atuei como jornalista fazendo uma apuração para o blog que eu mantenho até hoje, o “Roupartilhei”. Sempre tive uma relação muito próxima com os organizadores, com os frequentadores, porque acabava que era um grande ponto de encontro anual para a cena, para os profissionais envolvidos na moda consciente, não só em São Paulo como no Brasil. Está sendo um grande prazer aprender e conhecer mais atores desse segmento. A gente está aqui hoje para contar um pouco disso para vocês e como a gente tem essa intenção de abrir o olhar sobre essa rede de eventos de moda sustentável que, cada vez mais, está se criando não só no Brasil como no mundo”.

E, a partir do que Gabriela, apontou sobre os eventos de moda sustentável e o compartilhar os resultados e cases obtidos no Brasil Eco Fashion Week com a construção de parcerias, promoção de inovação e negócios com foco em sustentabilidade e circularidade na indústria da moda brasileira, os participantes deram início ao debate. Rafael Moraes pontua que o Brasil Eco Fashion acabou sendo uma vitrine para lançamentos de alguns produtos, apresentação de empresas, produtos em todas as áreas do evento. Esse é o objetivo principal. “A gente percebeu, durante toda essa trajetória, que iniciamos o processo de criar uma rede de negócios e permitir o encontro desses players num espaço físico. E muitas trocas de conhecimento, de saberes”, frisa. Para quem não conhece ainda o evento le está baseado em três pilares. Um eixo de conteúdo, outro de mercado e o terceiro de showroom, onde as marcas fazem sua apresentação.  No ano passado, foram 18 desfiles.

Na edição 2019 foram recebidas 7,5 mil pessoas em três dias sendo a maior delas. Entre o público presente, havia 138 pessoas que vieram de cidades de 15 estados do Brasil para participar do evento. Isso motiva a conectar ideias, empreendedores, consumidores, pessoas de todos os locais do Brasil. Tem dado um resultado muito positivo. Essa realização tem mais um dado interessante: o evento contou com 14 patrocinadores. E importante foram os 44 apoiadores institucionais e empresas realizadoras. “Somos um grupo que está potencializando outros grupos que existem no Brasil hoje, trabalhando, já há alguns anos, para ampliar a questão da sustentabilidade e do consumo consciente. Estamos falando de mais de 120 pessoas para poder realizar um evento com tantas áreas e partes acontecendo”, disse Rafael. Foram 66 palestras e talks, algumas em formato maior, com três convidados e um mediador, ou em pílulas mais curtas. Com 170 palestrantes, mediadores e facilitadores, além de oficinas, workshops e os próprios desfiles. Foram 19 desfiles.

Na palestra de abertura, os organizadores contaram com Christiane Torloni e Marina Silva. Um dos espaços do evento é o Espaço Amazônia a temática permeou grande parte do encontro repleto de diversidade. Rafael afirmou: “Além do público varejista, o visitante, o cliente comum (40%), 32% de empresários e profissionais do setor de moda, além dos estudantes, docentes, pessoas que pesquisam e trabalham com a sustentabilidade em si na moda (16%). Fora imprensa e outros tipos de mídia que sempre estiveram presentes em todas as três edições. Isso ajuda na repercussão do evento e na repercussão das marcas. Muitas delas, às vezes, têm uma trajetória de estar começando um projeto de inovação e não têm o porte de uma marca tradicional. Faz parte do evento oferecer essa possibilidade. Os custos do evento são baixos, são praticamente financiados por esses patrocinadores. Então as marcas têm custo mínimo, irrisório para participar do showroom ou dos desfiles”.

É uma característica do Brasil Eco: não só para entrar, para assistir às palestras e os desfiles, todas as atividades são gratuitas. A gente entendeu que, dessa forma, vamos atingir um público maior e mobilizar um público maior interessado nesses assuntos. O objetivo é crescer esse mercado, não só uma questão do mercado brasileiro como uma questão de mercado internacional.

Falando das marcas em si, o evento conta com o Mercado Eco, com exposição das marcas e dos empreendedores. Foram 62 marcas no ano passado. Não só as marcas de venda de roupas, como setor de beleza. A área de beleza consciente, sustentável tem crescido muito internacionalmente e no Brasil.O evento é dividido por espaços. Além do Mercado Eco, tinha o Espaço Fornecer, com 25 iniciativas. Fornecedores da indústria com materiais e matéria-prima sustentáveis. “Isso é muito legal para quem não conhece, que pode pegar, ver algum material ou algum insumo, não só do tecido, mas de toda a cadeia de possibilidades de matéria-prima de que a gente precisa para produzir roupas. Esse espaço é feito em parceria com o Moda Limpa”, conta Rafael.

E oito expositores no Espaço Amazônia com empreendedores, marcas que têm alguma relação direta ou com insumos ou de estar trabalhando em toda a região amazônica brasileira. “A gente traz para o evento e coloca nesse espaço específico como outro palco com atividades específicas. Estamos indo para o terceiro ano de Espaço Amazônia. A gente sente que é muito importante abordar essa temática no Brasil hoje”, comenta o Rafael.

Gabriela Machado enfatiza que a estrutura e o perfil do evento que o Rafael apresentou gera oportunidades práticas existentes nesse ambiente para os empreendedores e iniciativas participantes, tanto no quesito de relacionamento com o cliente quanto de promoção de produto, de marketing dessa empresa. Pontos importantes ressaltados são: Divulgação e educação junto ao público conectando tanta gente no mesmo ambiente. O empreendedor tem contato direto com o seu potencial cliente, podendo comunicar os diferenciais de sustentabilidade, de cadeia produtiva, de transparência do seu produto. Esse visitante está num contato manual, sentindo a textura do produto e podendo provar. E, também, o evento reunir muitos expositores de uma vez só. “A gente tem, ainda, uma certa dificuldade de encontrar os produtos com atributos de sustentabilidade no varejo, nas ruas. Um evento como o Brasil Eco Fashion Week chega a reunir, pelo menos no mercado eco, mais de 60 expositores num mesmo espaço. É um ecossistema de marcas que tem ali no evento”, disse Gabriela.

Em síntese, um importante networking com compradores. Representantes de multimarcas que, muitas vezes, vêm do interior do estado para conhecer esse mercado e que também são convidados pelo evento para estarem ali, circulando e fazendo networking. Além disso, a prospecção de novos pontos de venda. Nesse ambiente, é muito favorável essa questão da troca de cartões entre marcas e donos de pontos de venda para que essas marcas consigam distribuir melhor seus produtos. Gabriela contou que, na edição passada, por exemplo, a gente trouxe, na área de Conteúdo, um debate sobre as multimarcas conscientes, que é um perfil de loja de varejo que está cada vez mais presente. Em São Paulo, Porto Alegre, a gente tem a Goiaba Urbana, a Bemglô. Os momentos do evento são legais para inovar é desafiar esses contatos de distribuição serem feitos.

É de suma importância a formação de parcerias e colaborações entre as marcas e entre marcas e fornecedores, que é um ponto que fica bem aquecido quando o evento acontece. E também os testes de protótipos e novas propostas, lembrando que a gente está falando de um mercado muito novo que está lidando, o tempo todo, com novos materiais, com novas propostas conceituais de produto. O evento é uma oportunidade muito boa para essa marca, essa empresa fazer teste, coletar opiniões, feedbacks sobre esse novo produto que ainda vai chegar ao mercado.

Foram apresentados cases, com foco especial na última edição do evento, que exemplificam essas novas propostas e formação de collabs. Rafael Moraes deu início com Natural Cotton Color. A marca Natural Cotton Color é uma das pioneiras no trabalho com algodão orgânico e na moda sustentável brasileira. Um dado técnico: a empresa já tem mais de 20 anos e já exporta para o mercado internacional, participa de diversas feiras internacionais há mais de 15 anos.

A NCC participa do evento desde 2017. E, nessa trajetória, a NCC ampliou. Eles plantam, também, o algodão orgânico, que cresce naturalmente colorido, na Paraíba. Foi  uma parceria para inovar nessa questão das sementes há mais de 20 anos, através dos pesquisadores da Embrapa. Foi um caso de muito sucesso, tanto que já tem mais de 15 anos que esse produto vai para o exterior. E, nessa trajetória, eles sentiram a necessidade de desenvolver mais produtos. “Nessa foto, a gente vê o exemplo de um produto que foi lançado no Brasil Eco Fashion Week de 2019. O que a gente está vendo aí é um denim. Um denim feito de algodão 100% naturalmente colorido. É o primeiro denim nesse formato. Não existe outro denim de algodão orgânico naturalmente colorido”, frisa Rafael.

O fundador do Brasil Eco Fashion Week enfatiza que essa foi a inovação apresentada no ano passado.”É uma marca que trabalha só com algodão orgânico. Só no ano passado, a gente está falando de 70 expositores, considerando o espaço Amazônia. A gente tem uma diversidade de tipos de empresas. Nessa trajetória de inovar em cima do produto, houve muitos debates sobre como produzir, como fazer esse denim. Só um exemplo aí: um painel sobre a cadeia produtiva do algodão orgânico naturalmente colorido. A gente tem abordado o tema do algodão orgânico não só da Paraíba, mas do Brasil todo, já desde a primeira edição. É um desafio que a gente tem hoje de escalar e ampliar a produção desse produto, que é, inclusive, certificado no país”, disse.

E voltamos à questão do lançamento e à questão das colaborações. “A marca sentindo essa necessidade procurou o Instituto de Tecnologia SENAI e começou o desenvolvimento desse produto. Esse produto demorou praticamente um ano para ser produzido. E qual foi o desafio? Não existia o padrão de trama do denim, o padrão de fios com que um denim tradicional é feito. Não conseguiam fiar ele totalmente de algodão”, aponta. No Instituto de Tecnologia, eles começaram a fazer uma questão de engenharia reversa. Começaram a pesquisar gramaturas de titulagem de algodão e, a partir disso, a identificar, tecido a tecido, qual era o fio, como esse fio era feito. E, a partir disso, produzir novos fios para fazer testes. Testes dos fios até funcionar a trama. Esse teste não estava funcionando com a titulagem tradicional dos fios. Trinta por um, oito por um. Tem uma titulagem específica e isso vai dentro da gramatura e da grossura de cada fio na máquina de tecelagem. A solução que os engenheiros conseguiram no Instituto de Tecnologia foi desenvolver uma nova titulagem de fio com um tipo de torção que não existia. Com esse novo fio em uma das tramas acompanhando a outra trama, eles conseguiram chegar no material desse denim.

A questão toda da inovação aí lembra um pouco a questão da tentativa e erro. A gente tem que investir no desenvolvimento do produto para se chegar a um novo produto. Isso é um processo. “Inovar é um processo e a gente acredita muito que todo mundo que está trabalhando nessa área de sustentabilidade tem a cada dia mais novos desafios de inventar e desenvolver produtos que ainda não estão sendo utilizados, em relação, principalmente, a sustentabilidade, a materiais biodegradáveis, a materiais que poluam menos. Sejam materiais biodegradáveis, sejam materiais sintéticos, mas que passam por um processo de produção que garante que esse produto não está fazendo mal às pessoas ou ao meio ambiente”, frisa Rafael Moraes.

“A palavra aí é parceria”, enfatiza Rafael, acrescentando que tem sentido muito isso: conexão rende parceria. Durante essa trajetória, a Natural Cotton Color conheceu a empresa EcoSimple. A EcoSimple também é uma indústria que produz tecidos. Tem uma especialidade, inclusive, de ser pioneira de produzir tecidos reciclados aqui no país há mais de 15 anos. Nesse conhecimento… A EcoSimple nunca tinha feito nada com algodão. Eles começaram esse namoro em 2017/2018. Hoje, em 2020, a empresa EcoSimple, que é daqui de São Paulo, já é parceira direta do Instituto de Tecnologia SENAI. E tem uma parceria, inclusive, com um arranjo produtivo local que produz o algodão e já compra diretamente e fia esse tecido. Esse é o primeiro exemplo de collabs que foram surgindo por esses encontros que foram acontecendo nesse setor.

Outro case foi com a empresa Shaire, de compartilhar o ar. A Shaire é ligada a Carbono Brasil. A especialidade deles é fazer a captura de carbono. Eles capturam carbono, por exemplo, de indústrias. Ou de qualquer meio que coloque o CO2 no ar. Eles capturam esse carbono e colocam numa máquina. Esse desenho está exemplificando. E separa o CO2 em três materiais: o oxigênio, o hidrogênio e o carbono sólido. A empresa surgiu, justamente, para dar destino ao carbono sólido. Queira ou não, é uma alternativa que a gente tem para reduzir a quantidade de carbono no ar.

Como exemplo de um produto feito por essa empresa (que também é uma collab com uma outra empresa que se chama Wiit, de Florianópolis) temos esses óculos feitos em impressora 3D com 5% desse carbono que foi retirado de fontes de poluição, desmembrado e reduzido a carbono sólido e 95% de poliamida. Óculos da Wiit em collab com a Shaire.

Rafael Moraes ainda cita o eemplo da marca que se chama Flávia Amadeu, de Brasília, que é outra pioneira, já trabalha com látex da Amazônia há mais ou menos dez anos e conheceu a Shaire num evento. “Nesse namoro, no ano passado, iní de 2020, final de 2019, eles lançaram essa parceria. É um óculos e a Flávia ajudou a desenvolver novos modelos, pois ela também é designer. Além disso, a gente tem uma capinha de látex e um paninho de algodão orgânico. Virou uma collab entre esses três.

E vamos ao trabalho da Ratorói, empresa que conheço muito e é de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, que também é parceira, esteve no evento expondo e participando desde a primeira edição. No ano passado, surgiu aí nessa rede de relacionamentos. “Eles lançaram agora, em 2020, essa Funtastic Mask, que é uma mistura de uma máscara com os materiais da Ratorói, startup especialista em redestinar resíduos ou materiais que não seriam usados, visando muito a questão da economia circular, e aplicar em outras bases através de pesquisa e tecnologia. Eles têm uma gama de produtos e um deles foi essa máscara que fizeram em parceria com a Flávia Amadeu. Muito bacana o projeto, muito bacana a parceria entre as marcas”, exemplifica.

Vamos passar para mais um exemplo: a empresa franco-brasileira a Vert, que está aqui desde 2003 e desenvolveu um protótipo de tênis O tênis Veja Running, que foi lançado em 2019, é a busca por novos materiais para se atingir uma performance. A marca é muito ligada na qualidade da performance, não só do tênis esportivo como dos tênis comuns. O desafio de todo empreendedor, na verdade, é isso: como a gente pode fazer diferente nesse mercado de moda sustentável?

Fica o exemplo. O cabedal é feito em malha 3D com 57% de PET reciclado. Eles utilizam, também, EVA reciclado. Utilizam látex da Amazônia e têm uma relação não só com várias comunidades que recolhem o látex da Amazônia, assim como também têm uma relação com várias associações, comunidades que plantam algodão orgânico, trabalham com algodão. Alguns produtos têm esse algodão também.

O legal desse tênis é que a gente tem uma porcentagem muito grande de novos materiais, que seriam bases biodegradáveis com cana-de-açúcar, óleo de banana e casca de arroz. Só um exemplo aqui: a entressola tem 45% desse material biodegradável. Oito por cento de óleo de banana, 22% de cana-de-açúcar e 15% de casca de arroz. Assim como cada parte. A palmilha tem um EVA 8% reciclado, 12% de borracha natural. Em cada parte do tênis eles têm buscado dar um salto, desenvolver um novo produto, uma nova combinação, buscando performance com a busca de materiais menos poluentes para poder fazer parte dos produtos.

Gabriela lembrou sua a juta utilizada em roupas e acessórios com foco em inovação. A empresa Castanhal esteve exibindo seus produto no Espaço Amazônia e já fez, inclusive, uma parceria com o SENAI CETIQT, e promoveu um desfile com os alunos da faculdade. A Castanhal é uma grande produtora que colabora com 11 mil famílias ribeirinhas, fornecem o material, fornecem as sementes e acompanham muito proximamente todas essas famílias aí em busca de manter uma produção da juta nacional. Exportam muito essa juta, que tem entrado cada vez mais na área da moda. A juta tem algumas propriedades próprias, além de ser uma matéria-prima natural.

Vamos passar para um novo case com a Biotecam, do Rio de Janeiro. A Biotecam produz um biotecido 100% natural, vegano e compostável. Como começou essa história? Em 2018, e trabalha também com biotecnologia. Não só essa questão, mas trabalha com água também. Essa empresa existe desde 2012. Em 2017 eles começaram a desenvolver esse material e a startup, eles precisaram mais ou menos de um ano e meio para esse primeiro protótipo, que foi esse desfile da Movin. A Movin é do Rio de janeiro e a Biotecam também. O resumo simples é esse aí: nanocelulose sintetizada por bactérias. É uma produção feita em laboratório, utiliza insumos simples não-poluentes e renováveis.

Para a gente finalizar essa etapa vamos falar sobre Holyfancy, do Rio de Janeiro “Antes de a gente falar exatamente do produto, o Holy by Leaf, a empresa já trabalhava com a reutilização de materiais, reciclagem de materiais ressignificando materiais em novos produtos. No caso, acessórios, bolsas, pochetes, mochilas, principalmente. Na busca desses empreendedores (na foto a gente tem o Jeff, um dos empreendedores da empresa), nessa vontade de inovar, ir atrás de novos materiais, novos produtos, ele conheceu a Nova Kaeru e inovou nesse material. Nova Kaeru é uma empresa brasileira que produz couros e vários materiais”, conta Rafael Moraes.

O material que foi apresentado no Brasil Eco Fashion Week foi um protótipo, porque o By Leaf não foi lançado oficialmente. A Nova Kaeru tinha um planejamento para fazer um lançamento internacional em 2020, mas algumas pessoas fizeram esse acordo de poder fazer testes-piloto para fazer protótipos. Na verdade, a Holyfancy fez esse protótipo: uma manta constituída de folha natural. A folha é Orelha-de-Elefante sem ser misturada com outras fibras ou polímeros. E passa por um processo de curtimento sem o uso de metais pesados. Ou seja, tem uma pegada sustentável aí, uma pegada de inovação também.

Segue mais um exemplo para a gente ver o tamanho proporcional da folha e um protótipo da mochila, foi mais de um protótipo, já com a aplicação desse novo biotecido, digamos, um novo tecido com uma base vegetal. Os lançamentos internacionais dos produtos aguardam data em função da pandemia. Só um detalhe: é uma folha característica da Amazônia e da Mata Atlântica. Algumas podem chegar a até dois metros.

A minha conclusão depois de conferir todos essas cases Diante da quarta Revolução Industrial, realidade que já bate à porta, compreender o papel das máquinas, assim como o das inovações que elas promovem, é essencial para entender as novas tendências e formas de comportamento. Mais do que qualquer outro fator, o profissional da moda precisa buscar conhecimento e saber reconhecer as transformações que a sociedade vem sofrendo. Neste momento atual, no qual  players das indústrias, profissionais inseridos em toda a cadeia produtiva e consumidores têm refletido sobre as práticas que permearão – com certeza – o produzir moda no Brasil e no mundo já sentimos o reverberar de vozes sobre zero waste, sustentabilidade + consumo consciente e upcycling ressignificando uma nova produção. Alinhando essa visão com inovação tecnológica, forte característica da instituição, e com foco na indústria 4.0