*Por Helen Pomposelli
Coach de imagem, auto-conhecimento e comunicação
O Saia da Caixa dessa semana chega perfumado, pois conversei com Palmira Margarida Ribeiro da Costa Ribeiro, que é uma estudiosa e especializada em “Cheiros e emoções”, com direito a mestrado na Fiocruz, onde dissertou sobre a importância da medicina popular no Brasil, e, ainda, um doutorado, no qual sua tese é relacionada a cheiros, emoções e mulheres. Palmira Margarida tem nome de flor – e também é uma homenagem às suas avós materna e paterna – , completou 35 anos e é do signo de peixes e ascendente em Áries. Essa pequena grande mulher também é escritora e acabou de lançar o livro “Perfumaria Ancestral – O universo dos aromas femininos”. Palmira é historiadora de formação , e, tão apaixonada pelo tema, que nunca parou de estudar um assunto em especial: Mitologia e Deusas.
Aliás, essa fascinação vem desde criança. “Nunca saí muito desse meio, a minha vida espiritual não está separada da profissional, porque tudo que faço foi levado pelo meu processo de autoconsciência e de me buscar o tempo inteiro. Eu faço perfume desde criança e minha ligação com plantas é principalmente por eu ter vindo de uma família de erveiros”, explica. Palmira hoje tem uma coleção de “perfumas”, nome dado por ela carinhosamente para seus perfumes botânicos que são personalizados e enviados para o Brasil inteiro. “Perfume é memória e quando você sente, suas ancestrais estão sendo libertadas através da sabedoria dessas plantas que compõem o sentido”, definiu. Seus produtos são criados através de um encontro sensorial baseado num questionário de sinestesia, no qual realiza uma análise de quem você é e um teste olfativo feito às escuras. “É uma sessão de uma hora com objetivo sensorial de encontrar a ressonância com a parte emocional –inteligência, ou seja, a sua parte divina”, explicou.
Desde 2013, Palmira ministra o curso “Os perfumes das Deusas” , de onde foi retirado seus estudos e o tema do livro. Hoje, esse curso se tornou a metodologia de fazer perfumes naturais, que se chama “Perfumaria Ancestral”, no qual Palmira desdomestifica o olfato. “A indústria da perfumaria domesticou o nosso olfato e a minha proposta é fazer perfumes para a alma em um curso de seis meses. É uma experiência sensorial, na qual o perfume é um corpo. Durante o curso, você tem a oportunidade de conhecer outros profissionais como uma psicóloga que trabalha com linguagem corporal e uma acadêmica especializada em Deusas Africanas”, enumerou. E como ele conversa com seu corpo, a sua alma? “Eu sou cinesteta, uma condição neurológica em que a pessoa embaralha os sentidos, ou seja, às vezes eu escuto uma música e eu sinto gosto. Crescendo, eu fiquei tentando me entender e acabei chegando num caminho espiritual. Tudo que fiz é completamente ligado a minha busca interna. Foi sempre eu tentado entender o que eu sou, o ser sensível através dos cheiros e das plantas”, definiu.
A perfumista nasceu e cresceu em Belford Roxo em uma família humilde e sua mãe sempre amou plantas. “Meus avós eram erveiros e vinham do mato. Eles entendiam do assunto e eu cresci na Umbanda. Minha infância foi dentro do terreiro e temos ligação forte com plantas, já que todas simbologias e rituais são feitos no meio delas. Nosso quintal era cheio de vários tipos de verdes e eu passava muito tempo no quintal brincando em fazer perfume com potes de geléia, requeijão, levava as folhas para o porão, fingia que era a minha casa de perfumista e pegava terra e água, misturava até com restos de material escolar como canetinha, purpurina e essa foi a brincadeira da minha infância inteira”, lembrou.
“E quando me perguntavam o que eu ia ser, dizia que ia ser Indiana Jones, caçar perfumes, e ter uma loja de perfumes. Eu amava mitologia, histórias Deusas. Meu pai não teve estudos, mas é artista hoje em dia, é desenhista desde criança. Apesar de ter nascido em uma família pobre, na minha casa sempre tinha enciclopédia de desenhos, pinturas, clássicos. Cresci em um bairro pobre, mas lendo sobre Leonardo Da Vinci, tudo usado, pois ele comprava em sebo, mas aquilo me fascinava! Eu me livrei da miséria não só social, por pegar a arte do meu pai e plantas da minha mãe e foi por ai que eu saí”, disse.
E seu conselho “ Saia da Caixa”? “Meu maior desafio é justamente ser fora da caixa e fazer com que as pessoas entendam que nenhum cheiro ou perfume vai salvar a vida delas. Não tem fórmula pronta. As pessoas querem tudo pra ontem, e por isso eu criei o ‘slow smell’, vamos cheirar devagar, vamos ter um tempo para nos entender, nossa busca interna e é isso que a perfumaria traz. O que faz crescer como ser humano é buscar a sua sensibilidade. O mundo sensível! Se abrir para a sua intuição”. Um cheiro pra você, Palmira!
Artigos relacionados