#SaiaDaCaixa de Helen Pomposelli com Leticia Cruz, responsável pela confeitaria do hotel Sofitel de Ipanema


“Na minha infância eu sempre ficava do lado da minha mãe preparando bolo e pudim, as duas primeiras receitas que aprendi a fazer. O lance era a brincadeira, era diversão na cozinha. Agora, a realidade é bem diferente”, contou Letícia, que é de Bangu, fez faculdade em São Paulo e se especializou em Buenos Aires

*Por Helen Pomposelli

Leticia Cruz por Miguel Moraes

Quem disse que a vida de uma confeiteira é doce, pode ter certeza que sim, porém com muita garra e determinação. O Saia da Caixa de hoje falou com Leticia Cruz, de 25 anos, que já tem  uma trajetória repleta de boas histórias. Desde 2014 trabalhando na rede de hotéis Sofitel, começando em Copacabana e, hoje, transferida desde abril para Ipanema, Letícia é responsável pela confeitaria e tem como rotina desde organizar a equipe, criar pratos, eventos e também colocar a mão na massa no café da manhã, almoço e jantar com sua equipe de dois padeiros, dois confeiteiros e três estagiários.

“Essa transferência foi muito importante porque ganhei um cargo de confiança. Trabalhei ao lado do chef Philipe Brie e agora sou responsável pela confeitaria”, explica Leticia, que adora trabalhar com chocolates, principalmente com esculturas temáticas e em datas comemorativas pois gosta de vê-lo como forma de arte.

Leticia Cruz por Miguel Moraes

Para quem não sabe, a chef no passado, foi selecionada na primeira etapa da Copa do Mundo de Pátisserie do Sirha 2017, competição de confeitaria artística mais importante do mundo, para participar da final que acontecerá ano que vem em São Paulo.

“Antes de começar a trabalhar no Sofitel, passei uma temporada na Argentina, onde fiz um curso intensivo de confeitaria e panificação no instituto Mariano Moreno, em Buenos Aires. Foi um período super interessante porque  nas horas vagas eu gostava de passear na cidade e fiz muitas amizades gourmets de diversos países como mexicanos, colombianos”, diz.

Leticia Cruz por Miguel Moraes

Diferente de muitas pessoas, Letícia já sabia o que queria fazer na vida desde pequena e quando fez vestibular em 2010, já sabia que queria gastronomia. Sempre muito ligada à cozinha da família onde morava em Bangu, ela se reunia com primos, irmãos, avós para comemorar o que fosse! “ Eu gostava de fazer os doces, mas no início, nunca pensei  nisso como uma profissão, até que chegou o vestibular e tive a oportunidade de conhecer a faculdade Anhembi Morumbi em SP. Me apaixonei e me mudei imediatamente para São Paulo onde me formei. Na época, o Rio tinha poucas oportunidades na área da gastronomia e eu preferi ir para são Paulo porque lá tinha maior desenvolvimento no mercado”, explica a confeiteira que ainda fez  um estágio de seis meses na cozinha de um Buffet de almoço e no final do curso conseguiu trabalhar na Patisserie Dulce Francis com o chef Fabricio de Neluce.

“Na minha infância eu sempre ficava do lado da minha mãe preparando bolo e pudim, as duas primeiras receitas que aprendi a fazer. O lance era a brincadeira, era diversão na cozinha. Agora, a realidade é bem diferente. A gastronomia dentro de um hotel ajuda no desenvolvimento do ser humano para enxergar o outro com uma visão ampla. Na cozinha onde se trabalham muitas pessoas juntas,  é importante ter abertura de receber e respeitar suas culturas”.

Leticia Cruz por Miguel Moraes

Então Leticia, qual o conselho para quem quer começar a pensar diferente, totalmente fora da caixa? Eu comecei com 18 anos e acho que o mais importante é fazer o que gosta e ser feliz.  Tem que seguir em frente, fazer estágio em algum lugar e conhecer a rotina. A força familiar também é importante. Tem que entender a realidade daquilo que você está lidando e ter responsabilidade. A gastronomia oferece visibilidade no mercado de trabalho, mas é bom a pessoa ver a realidade de uma cozinha no dia a dia que é bem diferente do que você imagina. Além disso, é preciso ter garra e convicção, pois tem muito esforço físico, muitas horas em pé. Você está trabalhando enquanto outras pessoas estão se divertindo. Dentro da cozinha eu nunca cheguei a sofrer preconceito nem por ser mulher e nem por ser negra. Na cozinha você encontra tanta gente diferente que não tem espaço para isso. Ainda é um local de trabalho masculino, mas você tem que enfrentar, ter coragem e seguir”, sentenciou. Adorei, Letícia!