*Por João Ker
Okay, a essa altura já deu para entender que o filme “Rio, Eu Te Amo” é uma grande declaração de amor à cidade e que mostra as mais diferentes situações amorosas que podem acontecer na capital fluminense. Acontece que, às vezes, morar na urbe-maravilha pode se tornar uma experiência tão estressante que fica difícil lembrar da exuberância natural que cerca os cariocas e, sobretudo, a graça desses personagens que habitam esta metrópole tropical, nativos de nascença ou por uso capião. Claro, isso é algo até normal, já que nenhuma cidade no mundo é perfeita. Mas, aproveitando o filme que estreia nesta quinta-feira (11/9) nos cinemas e a onda de carinho que ele levanta sobre a Cidade Maravilhosa, HT entrou na campanha de “Mais Amor, Por Favor” e perguntou ao elenco, durante a pré-estreia e festa de lançamento do longa, nesta segunda à noite (8/9) o que eles acham necessário para focar no Rio para poder dizer, de peito aberto, “eu te amo”.
No tapete vermelho armado no Cinépolis Lagoon, a grande dama dos palcos, telas e corações brasileiros, Fernanda Montenegro, comenta a questão e encontra um ponto fundamental precisa mudar no Rio: “O problema do transporte. E não só aqui, mas em todas as cidades do mundo. O trabalhador não pode perder seis horas por dia para se locomover, é absurdo!”.
O eterno bonitão Márcio Garcia, em seus 44 anos conservadíssimos na base de formol genético, afirma que é preciso conhecer o Rio para entender seu magnetismo. “Sem conhecer, não tem como amar. Mas é preciso saber os atalhos, as cachoeiras, fugir um pouco do óbvio”.
Roberta Rodrigues, a “vampira do Vidigal” no longa, também acha que nenhuma cidade do mundo é perfeita. “O brasileiro – e o carioca, por consequência – precisa parar com essa mania de se autodetonar. Independente do que aconteça, os problemas do Rio não podem ser o ponto principal da metrópole. Quem vem aqui, ama o lugar, e a cidade tem uma energia diferenciada”.
Land Vieira, uma das revelações do filme e casal de Laura Neiva no episódio “Texas”, dirigido pelo mexicano Guillermo Arriaga, acha que o foco da galera está no lugar errado: “O povo do Rio precisa de mais atenção. É preciso valorizar mais as pessoas que sustentam essa cidade. Beleza e receptividade nós já temos, eu acho que agora só falta a manutenção”.
Laura Neiva, que parecia uma bonequinha Miu Miu no evento, mostra que apesar do sucesso aos 21 aninhos e ainda novata na Sétima Arte, tem a cabeça no lugar: “O importante é enxergar os defeitos e aceitá-los. Mas não no sentido de se acomodar. É preciso estar aberto ao perfeito e ao imperfeito, sabendo ser crítico”.
O diretor Carlos Saldanha, que a essa altura já deve ter doutourado em “Como amar o Rio”, acha que valorizar a cidade começa de forma bem simples: “Tem que quebrar a rotina e fugir do óbvio. A cidade é cheia de particularidades: grafites, arte na rua, uma trilha escondida aqui e ali… A cidade nunca foi perfeita, mas ainda dá para lutar e melhorar”.
A diretora/roteirista/atriz libanesa Nadine Labaki pode não ser do Rio, mas defende a cidade com unhas e dentes, mais do que muito carioca de carteirinha: “Dá para focar no calor humano que as pessoas transmitem. O acesso fácil à natureza, a relações descomplicadas, a forma como as pessoas são tranquilas com e se sentem confortáveis com seus próprios corpos. A cidade é um grande tesouro”.
Eduardo Sterblitch, que também pode ser considerado uma revelação de “Rio Eu Te Amo” graças à sua recém-descoberta (pelo menos pelo público) veia dramática , comentou: “O bom do Rio – e de todo o Brasil – é o povo. o “carinhoca” é uma raça muito legal”.
A bombshell Débora Nascimento, deslumbrante em um vestido Lanvin e bolsa Carolina Herrera, finaliza com a melhor dica de todas (e a mais marqueteira também): “Acho que quem reclama do Rio, precisa ver o filme. Ele tem momentos de reflexão, mas também mostra um lado muito verdadeiro da cidade em coisas que você vê e pensa ‘nossa, eu moro aqui’, ficando deslumbrado em seguida”.
A sessão VIP do filme, que terminou por volta da meia-noite, foi acompanhada de um badalo (claro!) onde a atração musical foi a sempre amada Orquestra Voadora. Com Moreno Veloso, Nina Becker, Thalma de Freitas e Emanuelle Araújo à frente, o seleto público de convidados se esbaldou na pista do Miranda, na base de caipirinhas variadas, acepipes com jeitinho de bar de rua e ao som de pérolas como a versão instrumental de “Eu também quero mocotó”, o sambalanço de Erlon Chaves e Benjor, e a música da “Discoteca do Chacrinha”. Ô, Terezinha….
Fotos: Zeca Santos
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