Igor Rickli gosta mesmo é de um grande desafio. Pelo menos é o que conta a trajetória do ator paranaense que, de cara, estreou no teatro musical interpretando ninguém menos que o protagonista Berger, na montagem brasileira do clássico “Hair” – sucesso absoluto nos palcos da Broadway novaiorquina. A responsabilidade foi grande, mas ao que tudo indica cumprida com sucesso. De lá pra cá, o louro só veio colecionando bons personagens, e entre uma peça e outra, viveu um tenebroso antagonista na novela “Flor do Caribe”, na Globo, e hoje topa o desafio de dar vida ao rei Marek, em “A Terra Prometida”, na Rede Record. Em entrevista exclusiva ao HT, Igor contou como está sendo representar seu primeiro personagem bíblico na televisão.
“É um rei interessantíssimo, porque a gente está tentando não fazer aquele rei só sério. Estamos tentando fazer com requintes de crueldade, de uma forma que seja não cômico, mas que tenha um melindre, uma coisa diferente para ficar com outra tessitura, digamos assim. Queremos nos diferenciar e seguir as informações que o autor (Renato Modesto) nos passou. É um rei quase fanfarrão, o que é muito legal de fazer, porque é bem desafiador para a gente e prazeroso”, avaliou ele, que acredita ser um desafio ainda maior emplacar em uma novela que segue a mesma temática de sua antecessora, principalmente por se tratar de “Os Dez Mandamentos”. “Existia uma expectativa de como seria a aceitação do público, mas agora que a novela felizmente caiu no gosto da galera, já da pra respirar mais calmo”, revelou ele.
A história é bíblica, mas, no entanto, polêmica. Na trama, o rei Marek vive uma espécie de relacionamento aberto com Kalesi, personagem de Juliana Silveira, mas apesar de dar vida a um vilão totalmente diferente de sua personalidade, o ator saiu em defesa de seu mais novo xodó. “Sem problema algum sobre essa vida libertina dele. Assim como se fosse interpretar um assassino não sairia matando pelas ruas. Adoro meu personagem, defendo ele com unhas e dentes. Trato como se fosse meu melhor amigo, portanto é melhor não falar mal dele para mim”, avisa ele, aos risos, que não vê a violência como responsável pelos baixos índices de audiência de outras emissoras. “Acho que elas gostam de ver violência, sim, mas não querem ser violentadas. Não sei se será o futuro o gênero bíblico, mas a Record vem com um frescor que agradou o telespectador e isso é um sinal e tanto”, ponderou ele, que é casado com a atriz e cantora Aline Wirley com quem tem um filho de quase dois anos.
Muita gente não sabe, mas no início da carreira Igor também já fez alguns trabalhos como modelo. Mas não é para menos. O belo par de olhos azuis do ator não poderia passar despercebido mesmo em solo paranaense. Nômade, se mudou para o São Paulo, onde ficou residente de uma agência e logo em seguida veio para o Rio lutar pelo sonho de seguir carreira de ator. Apaixonado pelos palcos, tinha pavor dos testes para manequim. “Às vezes faço algumas campanhas e gosto, mas por nada nesse mundo voltaria a fazer testes de moda, odiava com todas as minhas forças ir aos testes”, disse. “Gosto de trabalhar, gosto da praticidade da TV, a rotina de ir gravar todo dia e tal, mas nada supera a magia do palco com a plateia, fala mais alto”, completou.
O teatro é tão mágico para Rickli que foi durante o espetáculo “Judy Garland” que o diretor Jayme Monjardim ficou impressionado com sua atuação e logo o convidou para protagonizar a novela global “Flor do Caribe”. Ali estaria mais um desafio na estrada do ator. “Jayme foi me assistir e no dia seguinte me chamou pro filme ‘O Tempo e o Vento’. Dali, para novela foi um pulo”, revelou ele, que na época recebeu algumas críticas por sua interpretação frente às câmeras. “Tive que amadurecer na marra, o início foi muito difícil, eu era um novato e fui completamente exposto a duras críticas, mas tive que parar e tentar entender o processo no meio daquele turbilhão. Foi ótimo na verdade, pois do meio pro final da novela virei o jogo ao meu favor e essa loucura toda me deixou muito mais cascudo”, disse.
Igor ficou tão cascudo que em 2015 e em 2016 foi convidado para encenar a “Paixão de Cristo de Nova Jerusalém”, em Pernambuco, durante os festejos da Semana Santa. E no meio disso, ainda atuou no espetáculo “Jesus Cristo Superstar”. Segundo ele, trabalhos religiosos não eram seu foco, mas a vida foi o encaminhando assim. “Fiz o musical ‘Jesus Cristo Superstar’ e daí não parei mais. Mas acho que agora já está bom. Gosto da vilania também”, alertou ele, que ainda comentou sobre sua relação com a espiritualidade. “Minha religião é o respeito. Nem ouso dizer que é o amor, porque seria esperar demais de nós simples mortais. Mas se aprendermos a respeitar o espaço e as escolhas do outro, daríamos um grande salto”, disse. Mas não pense que após “A Terra Prometida”, Igor pretende descansar. Já no ano que vem ele estreia dois novos projetos. “Tenho dois musicais para o próximo ano. O que me alegra que já estou morto de saudades do palco”, finalizou.
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