*Por João Ker
Inaugurado em maio deste ano, o GRIS Escritório de Arte, em São Paulo, se prepara para a sua primeira exposição individual. O artista escolhido? O designer de móveis Rodrigo Edelstein que, coincidentemente, também apresenta o seu primeiro trabalho como artista plástico com “Conversas Forjadas”. O projeto conta com oito peças de design e 12 obras sobre papel, e ficará na Rua Oscar Freire de 18 de agosto a 20 de setembro, onde os visitantes poderão também fazer um mergulho no universo artístico de Rodrigo e conferir trabalhos anteriores do artista.
Em “Conversas Forjadas”, Rodrigo, ex-modelo que já atuou também como booker de beldades, traz o senso estético que desenvolveu anos a fio no mundinho da moda e na publicidade e reafirma o seu status de designer, ao mesmo tempo em que transcende os limites da funcionalidade destas peças, lhes imprimindo uma visão formal arrojada e única, sem perder uma das principais marcas de seu trabalho: o reaproveitamento de materiais inusitados. Neste caso, é possível ver a evolução de uma nova faceta do artista quando este continua sendo capaz de fazer uma mesa com chapa de aço e cantoneiras de destruição, ao mesmo tempo em que expõe obras mais abstratas, como uma intervenção em parede e aquarelas sobre papel algodão.
O projeto pretende transmitir um diálogo seco e curto entre duas pessoas, por meio de poucas palavras e símbolos, como fica expresso na obra “Sim, mas isso foi ontem”. A ideia para tal abordagem dialoga com as teorias filosóficas do francês Gilles Lipovetsky, se aplicando tanto na estética quanto no conceito de Rodrigo. Para Gilles, o mundo está passando pelos tempos da hipermodernidade, o que se caracteriza, dentre outras coisas, pela efemeridade das relações e dos diálogos, todos com um tempo de validade encurtado em meio ao corre-corre da preocupação com o futuro. Coerentemente, “Conversas Forjadas” mostra interações superficiais ao mesmo tempo em que, através do reaproveitamento de materiais paradoxais, se apega a um passado e um conceito de eternidade.
Apesar de as conversas serem forjadas e os tempos da hipermodernidade de Rodrigo e Gilles não propiciarem muita profundidade de interação, não se deve crer que haja falta emoção ou de sentimento nas obras. Pelo contrário. Afinal, por mais curtas que sejam, frases como “Eu quis você aqui” são tão fortes quanto um poema. A única diferença é que, para entendê-las em meio à correria desses dias, é preciso parar e ouvi-las com mais atenção.
Fotos: Divulgação
SERVIÇO:
“Conversa Forjada”, de Rodrigo Edelstein
Curadoria: Paulo Azeco
Coquetel: 16 de agosto de 2014, sábado, às 16h
Período: 18 de agosto a 20 de setembro de 2014
Local: GRIS Escritório de Arte
Rua Oscar Freire, 2205 – Pinheiros
Tel.: (11) 3064-0380
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