Claudio Botelho, o ator e diretor que, no último dia 19, durante uma apresentação do musical “Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos” em Belo Horizonte (MG), fugiu do roteiro original e se referiu à prisão de “um ex-presidente ladrão” e citou “uma presidente ladra” durante a peça, se desculpou na tarde desta terça-feira (22) pelo ocorrido. Antes disso, Chico Buarque disse que não vai mais autorizar o uso de suas músicas em novos espetáculos do ator e diretor e a plateia, mais que imediatamente, gritou “não vai ter golpe”, suspendendo a sessão. Segundo Claudio, o episódio o tem “causado enorme desgosto desde então”, incluindo ameaças à sua integridade física pelo Facebook, telefone, trotes e acusações em diversas vertentes. “Desde aquele momento, apenas sofro, penso e repenso, estou muito triste. Porém minha tristeza é o que menos interessa neste momento”, disse Botelho.
O ator pediu desculpas para Chico Buarque e falou que reconhece sua soberania a respeito de tudo que envolva seu nome e sua criação. “Não tenho nenhum direito de inferir, pressupor, fazer ilações com nada que se refira ao autor, seja Chico ou qualquer outro artista que me autorize a trabalhar com sua obra. Minha obrigação – por ética e respeito – é ser cuidadoso, reverente, e em nenhuma hipótese atingir a história, o pensamento, a identidade de quem me permite generosamente colocar em cena suas obras. Este é meu dever como diretor, ator, e produtor. Errei. Erro muito. Sou humano, mas isso não me desculpa. Aos 51 anos, sendo também autor e sendo um homem de história longa no teatro, eu tinha por obrigação preservar o autor e sua obra, não permitir que nada partindo de mim resvalasse nele, seja da forma que fosse”, disse.
Botelho ainda falou sobre o vazamento de um áudio, captado em seu camarim, onde ele foi flagrado, em suas próprias palavras, “num momento de enorme nervosismo, de destempero, de raiva”. Ele continuou: “Nada justifica que invadam minha privacidade, considero a gravação um ato criminoso e a divulgação dela pelas mídias sociais é uma agressão à minha intimidade. Portanto, isto está sendo tratado em esfera policial e jurídica. Mas mesmo assim, por ter sido duro, descortês, arrogante e destemperado (o momento era muito inflamado), peço desculpas a todos que ouviram aquele Claudio Botelho sem compostura. E, se atingi alguém, mesmo tendo sido violada minha privacidade, peço novamente desculpas. Minha exaltação e qualquer menção à obra do autor naquele dia são motivo de vergonha para mim neste momento”.
O ator e diretor, que tem em seu currículo espetáculos como “Ópera dos Malandros”, “Suburbano Coração” e “Os Saltimbancos Trapalhões”, se disse, por fim, “envergonhado por ferir um estatuto sagrado do teatro”. “Tenho obrigação de invocar novamente a única palavra que me parece oportuna neste momento: perdão”. Colegas de profissão como Márcia Cabritta, Marcelo Médici, Marcelo Serrado e Gisele Prattes já e manifestaram em apoio.