A gargalhada também foi destaque na programação eclética da Arena Banco Original neste sábado. No início da noite, Marcos Veras apresentou seu espetáculo de stand up comedy “Falando a Veras” no Armazém 3 do Boulevard Olímpico. Em um texto que passeou por temas como casamento, trânsito e música, por exemplo, o humorista arrancou boas risadas do público que encheu a sala de teatro da Arena que tem capacidade para 480 pessoas. Ao site HT, Marcos Veras não disfarçou o nervosismo em voltar a apresentar o texto no evento promovido pelo Banco Original. Ele, que estava em cartaz com outro espetáculo teatral, o “Acorda pra Cuspir”, não fazia o monólogo “Falando a Veras” há mais de cinco meses. “A última vez que eu fiz esse espetáculo foi em setembro do ano passado. Então, hoje eu me senti estreando no palco com direito a todo aquele friozinho na barriga. Ainda mais aqui, em um evento grande, que tem uma programação super variada e um público que gosta de diferentes tipos de arte”, disse Marcos Veras que, quando voltou ao camarim depois do espetáculo, comemorou não ter esquecido o texto.
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Apesar de não apresentar o monólogo há alguns meses, o “Falando a Veras” já faz parte da vida do humorista de forma intrínseca e natural. Há nove anos viajando o país com o espetáculo, Marcos Veras contou que este texto anda debaixo do braço e, a qualquer momento, é só tirar e divertir a plateia. Depois de tantos anos de estrada e centenas de experiência, o humorista, que também assina o texto, destacou as mudanças do “Falando a Veras” com o passar do tempo. “Se eu pegar o primeiro ano do espetáculo, é completamente diferente do que eu faço hoje. Quanto mais eu me apresento, mais eu vejo onde eu posso tirar uma gordurinha, completar com uma piada diferente e acrescentar uma questão da atualidade”, explicou Veras que, na apresentação deste sábado, completou o texto com a rivalidade entre taxistas e motoristas de Uber. “O interessante deste texto é que ele não é datado. Eu falo de assuntos que podem ser engraçados em qualquer momento e circunstância. Casamento, trânsito, música e violência, por exemplo, são temas cotidianos que nunca saem de moda”, completou.
Entre tantas piadas que divertem o público, o espetáculo “Falando a Veras” também tem seu momento musical. No palco, Marcos Veras canta clássicos da música brasileira em homenagens divertidas a grandes nomes da nossa cultura, como Caetano Veloso e Jorge Ben. Mas, ao HT, o ator alerta: “Nnão sou cantor. Eu canto porque sou cara de pau, mas me considero um cara musical. Porém, eu não sei das teorias, nunca estudei e nem tenho qualquer tipo de formação nesta arte. Mas a música sempre foi uma paixão para mim. Fora que, a meu ver, é uma super combinação com o humor, né?”. Veras revelou ainda que tem um projeto ao lado de Charles Möeller e Cláudio Botelho para estrelar a comédia musical “Se Meu Apartamento Falasse” nos teatros.
Em um texto autoral, histórias reais e pessoais ficam evidentes no espetáculo. E em “Falando a Veras” não é diferente. Neste monólogo, Marcos Veras aborda questões da infância, experiências pessoais e sua recente separação da atriz Júlia Rabello, depois de 12 anos de casamento. Para que a intimidade do ator e humorista não seja exposta de forma desnecessária ou invasiva, Marcos Veras disse que abusa da estratégia da leveza ao contar seus relatos no palco. “Eu tento buscar uma naturalidade nas abordagens. Mas, grande parte das histórias que eu conto, são verdades da minha vida. A separação, por exemplo, é tratada de forma super natural. É claro que é um trauma e uma situação horrível. Mas a Júlia também é atriz e humorista e ela sabe qual o papel daquela piada para o espetáculo”, explicou Veras que ressaltou que, mesmo sendo histórias verídicas, o exagero é necessário para garantir o humor do texto. “Para se fazer comédia, é preciso colocar uma corzinha a mais nas histórias. Afinal, a vida real é muito mais dramática do que cômica. Mas eu acho que o riso é tão especial que, se alguém suspeitar que determinada situação não é real, ele nem vai se preocupar em investigar. Não precisa quebrar a magia. A pessoa apenas ri e volta feliz para a sua casa”, disse.
No entanto, em tempos de cólera, a risada não é mais uma unanimidade na sociedade. Hoje em dia, novas questões, nomenclaturas e discursos sociais transformaram a forma de se fazer humor. Mas, para Marcos Veras, essas mudanças são positivas. “Os chatos existem desde que mundo é mundo. As pessoas que se incomodam com a piada e com o comediante não são novidades dessa nossa geração. O que está acontecendo hoje em dia, e que é muito positivo, é uma mudança no comportamento da sociedade. Em pleno 2017, não é mais engraçado fazer piada de gay, negro, anão e inferiorizar a mulher, como já foi no passado. Nós não precisamos fazer graça com isso”, analisou o ator que considera retrógrado quem ainda insiste em atacar esses grupos.
Além do teatro, Marcos Veras também marca presença no cinema e na televisão. Recentemente, o ator estreou o drama “O Filho Eterno”, no qual vive um pai de um garoto com Síndrome de Down. Este ano, no segundo semestre, Veras também lança o longa “Festa da Firma” como o protagonista da trama. Na televisão, o ator começa a gravar em março “Pega Ladrão”, a próxima novela das 19h da Globo. Neste folhetim, ele será um investigador de polícia que, apesar do discurso honesto, não se vê livre de pequenas corrupções. “A novela fala muito do Brasil. Então, esse meu personagem vai ser aquele cara que não aceita um grande suborno, mas não vê problema em pegar os dois reais do cafezinho”, contou o ator que acredita que esta seja a melhor maneira de tratar de assuntos mais polêmicos, ainda mais em tempos de crise. “De forma geral, eu acredito que a cultura seja educadora, salvadora, inspiradora e especial. Para mim, todas as pessoas, independentemente de suas profissões, precisam ter contato com a arte. Isso faz toda diferença na formação da sua vida”, acrescentou o ator e humorista Marcos Veras.
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