Em cartaz no Rio com “Casa de Bonecas”, Miriam Freeland fala sobre empoderamento, dividir o palco com o marido, novela bíblica e política. Vem!


A atriz, que já está cheia de projetos até o começo do ano que vem, desabafou ainda sobre Michel Temer e a necessidade de ampliar o mercado de trabalho para os atores

Miriam Freeland é uma atriz urgente e que tem muita coisa a dizer e fôlego de sobra para produzir novos projetos. Casada com o também ator e diretor Roberto Bomtempo, ela repete a parceria da vida nos palcos do Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio, até domingo, e , em seguida, pelo Brasil afora, com a montagem da peça “Casa de Bonecas”, de Ibsen, que trata de um assunto também urgente: o feminismo. Numa releitura contemporânea que questiona e desafia as propostas do texto original, subvertendo e ressignificando a obra escrita há mais de 120 anos, “Casa de Bonecas” é um drama familiar com o qual Ibsen levanta questões como as convenções sociais do casamento e do papel da mulher na sociedade, provocando um choque no contexto social e comportamental do final do século XIX.

(Foto: Victor Hugo Cecatto)

(Foto: Victor Hugo Cecatto)

Na época, mediante as tentativas de emancipação feminina, foi uma peça revolucionária, com grande repercussão entre feministas o que causou grandes discussões em toda a Europa, com direito a censura, gritaria e xingamentos contra a personagem principal, Nora, que abandona sua casa e os filhos. “É lamentável que, ainda hoje, século XXI, ainda termos a necessidade de discutirmos o papel da mulher, sua emancipação e necessidade de voz. Mas vemos, com o espetáculo, que o assunto se faz muito necessário e que falar desse tema é um serviço que o teatro pode prestar à sociedade. E isso engrandece nosso trabalho”, disse Míriam, que, nesta montagem com versão do dramaturgo e diretor argentino Daniel Veronese, ela é dirigida pelo marido.

(Foto: Victor Hugo Cecatto)

(Foto: Victor Hugo Cecatto)

“Acho que a amizade é nosso maior segredo! Somos um casal cúmplice. No sucesso e no fracasso (risos). E isso nos aproxima, nos fortalece. Gostamos de trabalhar juntos e isso reverbera nas nossas produções. Sempre há uma parceria. Ele tem muita experiência como produtor e eu estou no meu terceiro projeto. Isso me ajuda, pois gosto, mas eu ainda falho e ele me aponta os erros para que eu me aprimore. Sou muito exigente e ele, apesar de ser disciplinado, sabe relaxar mais no trabalho, se diverte mais do que eu. Eu demoro um pouquinho para começar a curtir, mas quero melhorar nesse aspecto”, confessou a atriz, que também faz parte do elenco da Record e está no elenco de “Terra Prometida”.

Ela, que já foi da TV Globo, afirmou que vê com bons olhos a abertura de novas oportunidades e o sucesso de telenovelas em outras emissoras. “Acredito na necessidade de ampliação do mercado de trabalho. Temos uma empresa (a Globo) que está há 50 anos produzindo, mas queremos e precisamos de mais. Respeito muito a história de quem fez a teledramaturgia brasileira, mas nossa classe clama por mais espaço e, estar na Record, novamente, me faz crer nessa direção. Sou movida por grandes personagens e me ofereceram uma. Aceitar, para mim, foi um caminho natural. Que as produtoras independentes produzam, que a Globo, a Record, o SBT e quem mais vier, produza. Que coisas boas apareçam que nossa classe tenha sempre mercado de trabalho”, desabafou a atriz, que, com razão, não vê problema nenhum no fato de ser budista e contar uma história bíblica.

“Pratico há 11 anos e acredito na religiosidade com forma de multiplicar o bem e construir valor. A fé é algo que me emociona e isso tem me alimentado nesse trabalho. O que posso dizer é que amo minha profissão e que onde eu estiver, estarei inteira, dedicada e fazendo o meu melhor”, contou Miriam, que, assim como nós do site HT, acha que fazer teatro ainda é um ato político. E, por isto, ela não tem medo de colocar a sua voz a favor das causas que ela defende. E o governo de Michel Temer não é uma delas.

(Foto: Victor Hugo Cecatto)

(Foto: Victor Hugo Cecatto)

“Desculpa, mas não o reconheço como nosso presidente. Hoje o Ministério da Cultura já voltou, mas é vergonhoso um ‘presidente’ achar que economizar é excluir a Cultura. Acreditar nisso, é acreditar num país ‘desaculturado’, enfraquecido, pobre e sem educação. Acho lamentável! Quero crer que esse panorama vai mudar. Que faremos uma reforma política séria e que deixaremos um país mais limpo para nossos filhos. E fazer teatro para mim é sim um ato de resistência. De contribuição para quem está por vir”, sentenciou. O que está por vir, aliás, em se tratando de Míriam é bem extenso. Quando perguntada sobre os próximos projetos, ela enfileirou logo uma meia dúzia de trabalhos que estão no forno.

“Farei o espetáculo ainda esse ano por várias cidades. Além da novela que acredito ir até o final do ano. Na sequência filmarei o ‘Cine Holliúdy 2’, de Halder Gomes e farei a próxima temporada do programa Detetives do Prédio Azul’, série do Gloob que amei fazer! Além de estar iniciando a produção do infantil ‘Diário de Pilar na Grécia’, de Flávia Lins e Silva, com estreia prevista para janeiro de 2017″, finalizou a atriz.

Ficha técnica:
Texto: Henrik Ibsen
Versão original: Daniel Veronese
Direção: Roberto Bomtempo e Symone Strobel
Elenco: Miriam Freeland, Roberto Bomtempo, Anna Sant’Ana, Regina Sampaio, Leandro Baumgratz
Iluminação: Gonzalo Martínez
Cenário: Franco Battista e Ariel Vaccaro
Direção de Produção: Miriam Freeland e Valéria Alves
Assessoria de Imprensa: Minas de Ideias

Serviço:
Onde: Centro Cultural da Justiça Federal – CCJF
Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro – em frente metrô Cinelândia – Tel: (21) 3261-2550
Quando: De sexta a domingo, às 19h
Quanto: R$ 40,00 (inteira)