* Com Alexandre Schnabl e João Ker
Em seu universo globetrotter para levar a cultura dos mais diferentes recônditos às passarelas e desfiles, Alberto Hiar prova que, no próximo verão, moda pode ser coisa de índio. No melhor dos sentidos, é claro. Se, na última estação, a Cavalera contou com exclusividade ao HT (como você viu aqui) como foi viajar da Itália à Índia em busca de novas tecnologias têxteis, agora, para o fashion show de hoje à noite na São Paulo Fashion Week, o diretor criativo rumou até os confins do Acre disposto a trazer a cultura indígena dos Yawanawás para o centro de seu verão 2016.
Pelas imagens abaixo, é possível conferir que a paleta de cores, as texturas e os grafismos geométricos dos prints exclusivos aludem ao manancial cultural dos Yawanawás, o que mata dois coelhos em uma só cajadada: a coleção reforça a importância de valorização dos costumes, tradições e diversidade brasileiras – justo em um momento no qual a moda global se torna cada vez mais afeita a essa função, cumprindo as vezes de veículo para divulgação da multiculturalidade – e ainda dá vazão ao desejo sempre genuíno de Alberto Hiar de ir além de uma mera apresentação de roupas, criando um verdadeiro show que suscite o imaginário dos fashionistas.
Nem é difícil lembrar o quanto a grife se dedica a atrair a atenção do público com questões relevantes: basta rever o protesto da penúltima temporada, aquele no qual os modelos portavam cruzes na passarela…
E é bom ressaltar que 20 integrantes dessa tribo de índios estarão presentes ao desfile, se pintando ao lado dos top models e fazendo uma entrada triunfal da qual a grife prefere ainda não revelar detalhes para causar a devida comoção no público. Os indígenas, claro, deram seu próprio aval à iniciativa de Alberto, sem dúvida uma ação de valor cultural, para que aqueles detratores que consideram a moda fútil comecem desde já a rever seus valores e passem a considerar o universo fashion como ótima ferramenta para a propagação de conceitos.
A própria apresentação da coleção por si só já se constitui em um evento especial, saindo da instalação principal da SPFW no Parque Villa-Lobos e aterrissando direto na Ilha Musical, onde os índios se encarregarão da trilha sonora, na base dos seus cantos típicos. HT estará por lá e acompanhará tudo sobre esse babado que acentua a trajetória da marca, tão acostumada a inserir aspectos locais da cultura global em sua pegada streetwear.
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