* Por João Ker
A moda nunca foi algo exclusivo das passarelas. Hedi Slimane deixou isso claro quando entrou para o comando da Saint Laurent e investiu pesado no mundo da música para divulgar a label francesa. Agora, é a vez de uma das marcas mais tradicionais da Itália fazer o mesmo. A Prada anunciou essa semana a compra de 80% dos direitos da Pasticceria Marchesi, tradicional café milanês fundado em 1824. Grosso modo, é como se, no Brasil, a Farm adquirisse o Café Palheta.
Essa união faz mais sentido do que parece. A marca procura há algum tempo expandir sua influência – já alta – pelo mundo e a compra do café reafirma os valores principais da Prada, como conta Angelo Giovanni Marchesi, antigo dono da Pasticceria: “A Prada é milanesa de coração e tradição, assim como nós, e a junção nos ajuda a reafirmar os princípios de qualidade e excelência que nos caracterizou em quase dois séculos de história.” Patrizio Bertelli, diretor administrativo da Prada, completa: “Marchesi representa um símbolo da qualidade superior de Milão. Nosso objetivo é colaborar de uma maneira efetiva em seu desenvolvimento e com total respeito à sua tradição.” Por isso, Angelo continuará como diretor administrativo do lugar, garantindo a coerência de ambos os conceitos durante a fusão. Ou seja, os famosos panettones da Pasticceria Marchesi não ser tornarão apenas memória afetiva de saudosistas e ainda ganharão um toque de Miuccia durante os próximos meses. E, óbvio, o uniforme das atendentes vai ficar muito mais bonito.
Além do café, a grife também abriu novos espaços na Galleria Vittorio Emanuele II, visando a supremacia do conceito Prada por toda a urbe milanesa. Depois de a Dolce & Gabbana clamar a Sicília para si nas suas últimas campanhas editoriais, é melhor as outras casas italianas – como a Versace – correrem, antes que a bota da Itália seja completamente fatiada, como um salaminho fashion.
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