Tocar, tocar, tocar! Esses são os planos de Júlia Vargas para o futuro. A jovem cantora já é considerada por músicos uma promessa da Música Popular Brasileira. E esse título pode até assustar a moça, mas não a intimida. “É uma responsa muito grande. Ser reconhecida ainda no começo da carreira é maravilhoso, mas ao mesmo tempo é assustador. E eu quero chegar junto e fazer o meu melhor sempre”. Júlia participou na terça, 29 de março, do Faro MPB com Chico Chico e Rodrigo Garcia e encantou o público que compareceu ao Botafogo Praia Shopping, no Rio de Janeiro. Além deste projeto em trio, a artista participa da banda Nó Cego – que mistura MPB com música nordestina – e Gira Gerais. Esta última segue uma proposta “super performática e poética, muito bacana e híbrida na questão artística”.
A cantora, que já tem um CD solo e um CD + DVD gravado ao vivo com ‘Os Barnabés’, está em processo de produção do novo álbum. De acordo com Júlia, daqui a alguns meses teremos mais um lançamento. Composição ainda não é muito a praia dela. Como contou ao HT, escrever letras de música é uma forma dela se conhecer. “Eu me vejo muito como compositora de gestos. É meio que o meu diário. Eu não boto tanto pra fora porque eu sinto que a pessoa está me vendo muito. Me sinto exposta. Então eu não mostro”.
Fora isso, Julia aponta que está cercada por tantos compositores talentosos que julga que suas letras “ainda não chegaram” ao nível. E de boas músicas ela deve ficar bem-servida. A jovem cantora recebeu uma canção inédita de Ivan Lins para gravar. Segundo ela, o encontro entre os dois foi intermediado pelo amigo e diretor musical do CD, Rodrigo Garcia. Ivan e Rodrigo se conheceram em um festival de música em Ipatinga, em Minas Gerais, e trocaram contatos. “O Ivan super se interessou já de cara, deu o e-mail dele e o Rodrigo mandou a única música que a gente tinha gravado – ‘Coito das araras’, da Cátia de França. O Ivan mandou um e-mail logo depois respondendo que ficou maravilhado e que queria marcar um encontro”. A partir daí, veio a gravação de “Cabelos Molhados”. “Foi maravilhoso, eu não esperava por nada disso. Foi um presente que a vida me deu. Eu só tenho a agradecer”.
Em contato com o meio musical desde pequena – os pais de Júlia também eram músicos – a moça diz que já passou por alguns preconceitos por ser mulher, mas nada que a fizesse desistir. Ela acha que o machismo existe em todos os ambientes de trabalho, e na música não seria diferente. “Eu acho que é normal e que todo trabalho passa por esses momentos de diferenças e aceitações. É um grande dilema da vida. Acho que qualquer trabalho tem isso. Tudo tem.” Mas hoje, Júlia Vargas já enxerga de forma diferente e otimista. “Eu acho que a gente está cada vez mais avançando, principalmente quem lida com arte. Eu procuro não deixar de ser o que eu sou, de esconder ou tentar ser quem eu não sou para alcançar alguma coisa. É tudo muito fluido e verdadeiro”.
Porém, o cenário político atual do nosso país não é visto com tanto otimismo por ela. Na entrevista, Júlia se disse “descrente” da política e considera que “o pensamento dos brasileiros está regredindo”. “Eu acho que está rolando uma coisa muito radical, como se a gente estivesse regredindo no pensamento. E isso é muito esquisito. É assustador. Eu não tenho partido, eu sou brasileira. Eu prezo pela igualdade dos seres, coisa que não está acontecendo”. Júlia ainda destacou a importância da participação dos jovens nas discussões políticas e disse que “não dá mais para ficar se escondendo atrás dos padrões que o sistema induz”.
Artigos relacionados