*Por João Ker
Foi no susto que o público descobriu a criação da Banda do Mar, trio luso-brazuca formado por Mallu Magalhães, Marcelo Camelo (ex/atual Los Hermanos) e o baterista português Fred Ferreira. Através de um post realizado dia 6 de maio em sua página oficial no Facebook, Mallu escreveu: “Hoje posso contar o que tenho guardado com euforia: Eu, Fred Ferreira e Marcelo Camelo nos juntamos e fizemos a Banda do Mar. O álbum de nossas composições sai no segundo semestre, seguido da turnê. Agora preciso aguentar até lá !!!”. Exatos três meses após a publicação, o iTunes brasileiro já vendia o disco homônimo ao grupo, que atingiu o#1 por aqui e a segunda posição em Portugal.
“Mais Ninguém”, primeira música de divulgação da Banda do Mar
As faixas são compostas por Camelo ou Mallu, nunca pelos dois, apesar de ela admitir que todos dão seus pitacos. A vivência de mais de um ano do casal em terras lusitanas parece ter influenciado o disco, que apresenta um rock levinho, com a malemolência de uma surf music perfeita para o verão. Nas músicas, ela aparece com uma voz amadurecida que já andava dando as caras pelo disco “Pitanga”, lançado em 2011 e produzido por Camelo. Já o hermano volta àquelas suas raízes despreocupadas e também flui com as melodias fáceis e impregnantes do disco. A parceria entre os dois – que estão juntos afetivamente há mais de seis anos – já rendeu ótimas pérolas, com a faixa “Janta”, presente no primeiro disco solo de Camelo, “Sou” (2008) e uma das queridinhas da crítica e dos fãs.
“Janta”
Agora, cinco meses após o anúncio de sua criação, a Banda do Mar desembarca no Brasil para uma turnê nacional, que chega ao Rio de Janeiro no próximo fim-de-semana, com dois shows (11 e 12/10) sob a lona do Circo Voador. Antes de os cariocas poderem desfrutar toda a leveza desse som, HT tem uma entrevista exclusiva com o pessoal, a qual você lê abaixo:
HT: Como a mudança para Portugal influenciou na composição e no clima deste disco?
MM: Foi algo natural, eu e o Marcelo estávamos em uma casa nova, num novo lugar. Então, todos os sentimentos que a mudança traz e aquilo que estávamos – e ainda estamos vivendo – acabou refletindo no álbum.
HT: Como foi o processo de composição? Vocês iam ao estúdio escrever com hora marcada ou foi algo mais “à vontade”?
MM: Foi bem tranquilo, cada um escrevia sua música e quando cada uma estava praticamente pronta, era mostrada aos outros, que davam sugestões.
HT: Fred, como foi integrar a banda com o Camelo e a Mallu?
FF: Foi algo tranquilo e natural, pois nosso contato vai além da música. E conseguimos conversar sobre isso e perceber juntos que o que nos une é muito mais do que isso. Somos realmente parecidos entre nós e essa proximidade pessoal interfere positivamente na relação de trabalho. Partilhamos as mesmas ideias, e a relação foi se construindo como uma sólida e grande amizade ao longos destes anos.
HT: Como escolheram o nome da Banda?
MM: Foi o Marcelo quem teve a ideia desse nome. Um dia enquanto estávamos almoçando ou jantando, não me lembro bem, mas estávamos nós três, ele lançou, a coisa veio e adoramos. Gostamos disso e tudo acabou combinando muito com a banda. O mar tem essa pluralidade e para cada pessoa tem um significado.
HT: Como vocês acham que amadureceram como artistas, desde o início da carreira até agora, e como isso transparece no álbum? (No caso, em questão de composição e visão criativa)?
MM: Acho que todas as nossas vivências, tanto os acertos quanto os erros, nos amadurecem. Posso falar por mim, acho que isso de ter uma banda, coisa que nunca tive, é um exemplo de uma dessas experiências que me fazem amadurecer. Estou adorando o resultado dessa estrada.
HT: Quase não há duetos entre Mallu e Camelo no disco, salvas algumas exceções. No geral, as músicas vão se alternando entre um e outro vocal. Isso foi proposital? Se sim, por quê?
MM: Sim, decidimos que cada um cantaria a musica que tinha composto.
HT: O disco todo parece se formatar como um enorme sensação de libertação, em músicas como “Me Sinto Ótima”, “Solar” e “Faz Tempo”. O que gerou esse sentimento e o que o impedia antes?
MM: Acho que agora está mais visível, apenas. Talvez essa liberdade já existisse, e muito nesse disco se deve ao momento que estamos vivendo agora, de estar morando em um país que amamos, passando por mudanças tão legais.
Banda do Mar – “Cidade Nova”
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