“Ninfomaníaca”: Charlotte Gainsbourg transforma clássico do rock em sussurro para dar o bote!


A atriz-cantora, estrela do novo longa de Lars Von Trier, transforma rock de Jimi Hendrix em canto da sereia!

*Com Nayanne Louise

Nascida em berço esplêndido, Charlotte Gainsbourg é fruto do meio artístico e, para ela, o basfond é natural. Com seu DNA privilegiado, a herdeira de Serge Gainsbourg e Jane Birkin tem genética demi francesa, demi inglesa, o que lhe confere uma rede de artérias transgressoras sob sua aparente pele de cordeira sexy. Aliás, esse é o truque que a moça usa para seduzir os incautos, na vida e na arte. Agora, ela estrela em dose dupla aquele que promete ser um dos mais polêmicos filmes de Lars von TrierNinfomaníaca‘ (Nymphomaniac, 2013), onde, além de protagonizar a história, é responsável pela trilha sonora de sua personagem, oferecendo ao público uma versão apimentada do clássico ‘Hey Joe’, gravada originalmente pelo cantor Jimi Hendrix.

Este clássico do rock, que já foi regravado por diversas bandas, ganha na película uma versão bem mais lenta, em tom de sussurro e com ares de sedução na voz da cantora. Tipo canto da sereia, entende? E mais: Beck, que trabalhou com Charlotte em seus bem sucedidos álbuns ‘IRM‘ e ‘Stage Whisper‘ (lançado em 2011), também produziu a faixa que compõe o longa. Ou seja: o bote está armado!

No fundo, tudo a ver com Charlotte, sendo filha de quem é. Como todos sabem, em 1969 – um ano antes dela nascer – Serge Gainsbourg compôs o clássico ‘Je t’aime… moi non plus’ , escandalosa canção erótica em que a voz de Jane Birkin, sua companheira na época, se misturava a  dissimulados sons simulados de… orgasmo! A ideia inicial era gravar a música com a amante anterior do compositor, Brigitte Bardot, com quem teve um rápido caso, em 1967, e que acabou pulando fora do projeto. Deu no que deu: a canção-bafão virou escândalo e até o Vaticano se pronunciou, dizendo que ela era ofensiva. Em 1976, um desdobramento: Gainsbourg produziu um filme com o mesmo nome (‘Amor Marginal’ no Brasil), estrelado por Birkin, Gerard Depardieu e pelo dublê de sex symbol e michê Joe D’Alessandro. Traduzindo: a infância de Charlotte deve ter sido mesmo do babado e há quem imagine, com sua mente perversa, que, nas festinhas de niver da ninfeta, os balões de gás eram camisinhas infladas!

Com estreia marcada para o dia 10 de janeiro, o novo filme do diretor dinamarquês promete dar o que falar. Contada em primeira pessoa pela protagonista Joe – interpretada por Charlotte – a história, poética e selvagem, narra a vida de uma mulher de 50 anos de idade, autodiagnosticada ninfomaníaca. Numa fria noite de inverno, o velho, charmoso e solteiro Seligman (Stellan Skarsgard) encontra Joe violentada num beco. Ele a leva para o apartamento dele, onde cuida de suas feridas e faz perguntas sobre sua vida. Ele escuta atentamente enquanto Joe, durante 8 capítulos, reconta a  luxuriante história de sua vida, rica em associações e eventos que se cruzam. O novo longa de Lars von Trier usa uma estrutura conhecida da literatura, que consiste em capítulos encapsulados, divididos em dois filmes.

Ouça a versão de Charlotte Gainsbourg do clássico eternizado por Jimi Hendrix: