* Por Newton Lima (@newtonlimaofficial)
Bom dia! Nossa coluna da semana vem celebrar esse importante movimento de liberdade de expressão: aquilo que, até há algum tempo atrás causava estranheza na maioria das pessoas, vem se tornando uma tendência nas grandes metrópoles, onde verdadeiros cartões postais surgem a cada dia, estando entre os pontos mais procurados por todos para um registro de recordação. Tomo como exemplo o projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, onde o painel grafitado por diversos artistas já se tornou uma das atrações mais fotografadas na cidade maravilhosa.
E atenção! Pichação não é grafite!
A qualidade dos trabalhos realmente impressiona, quer seja pela técnica aplicada e exclusiva de cada artista, quanto pelas condições do local onde geralmente são executados os trabalhos, geralmente desafiadores!
No histórico desses gênios é comum ouvirmos que em algum momento houve preconceito com seus trabalhos, até por conta das depredações causadas por vândalos em áreas e monumentos públicos e privados. Mas, com o passar dos tempos, o resultado que contrasta com a paisagem cinza das cidades, vem colecionando admiradores e ganhando espaço no mercado de arte contemporânea.
Assim, podemos nos encher de orgulho ao notar que alguns brasileiros estão dentre os mais reconhecidos no cenário local e internacional. Na foto acima, mural do Kobra, que ilustra o percurso da High Line em Nova Iorque. Em seguida, o famoso indiozinho azul, do Crânio. Logo abaixo, intervenção de OSGEMEOS em Vancouver, e por fim o traço marcante e colorido do Toz. É arte que não tem fim!
Falando em arte de qualidade…
Há alguns meses, eu estava envolvido em um projeto no edifício MaxHaus no Alto da Boa Vista em São Paulo quando, ao entrar no elevador panorâmico, e me deparei com um grafite de ponta a ponta no fosso! Foi uma experiência surpreendente. Admirei o trabalho e guardei o nome do grafiteiro.
Na semana seguinte, fui visitar o Mercado Anual de Arte de Design – o MADE – no jóquei clube em São Paulo, e logo na entrada… lá estava ele novamente com um mural incrível: palmas para Rogério Pedro! O traço desse artista é inconfundível, e então nos encontramos para falar de projetos residenciais – isso mesmo – substituir um quadro convencional por uma parede grafitada em casa!
Confiram agora um resumo da nossa conversa, onde abordamos desde sua transição de carreira até o recente reconhecimento internacional:
NL – Rogério, eu soube que nem sempre você foi um grafiteiro. Como era a sua vida antes dessa transição?
RP – Sempre gostei de artes visuais, as ilustrações dos livros sempre me chamavam muito a atenção. Cursei faculdade de Artes Plásticas da PUC em Campinas e, antes de me formar, fui trabalhar em uma agência de publicidade, profissão que mais se aproximava das artes visuais. Então, por 15 anos atuei nessa área como diretor de arte e sócio de um escritório de design gráfico. Fiz uma especialização em Branding desenvolvendo projetos de construção e posicionamento de marcas. Voltei a me dedicar a pintura em 2010 utilizando como suporte as telas e o papel, então entrei com spray em 2012 e não parei mais.
NL – Seu traçado é de uma brasilidade nata. Quais nomes te influenciam?
RP – Minhas influências são diversas, especialmente pelo Movimento Modernista e suas ramificações, particularmente o cubismo. Utilizo a linguagem da desconstrução dos volumes e formas, através de pinturas figurativas e cada vez mais uma vasta paleta de cores. Tarsila do Amaral me influencia nas formas, assim como Picasso, Ziraldo e tantos outros artistas contemporâneos.
NL – As Divas vêm se tornando sua marca registrada por diversos trabalhos. De onde vem essa inspiração?
RP – Meu trabalho sempre teve a presença da figura feminina, a mulher me inspira na arte. As Divas representam a materialização do pensamento, fragmentado em seus turbantes e coroas que acabaram se tornando uma marca, de fato.
NL – Comente sobre suas publicações e carreira internacional, agora que acabou de entregar diversos murais em Miami.
RP – Nos últimos 5 anos tenho me dedicado muito ao meu trabalho, venho produzindo intensamente e com a produção veio o aprendizado e o encontro com a alma. Tenho trabalhos publicados em Nova York, França e Espanha, e no The ArtBook Brazil. Ainda, pinturas em coleções particulares no Brasil, São Francisco (EUA) e Bogotá (Colômbia). Executei diversos murais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Em setembro, passei 10 dias em Miami produzindo 3 grandes murais em um Mall – essa foi minha primeira experiência estrangeira. Sem dúvida, é muito gratificante ver o meu trabalho reconhecido internacionalmente. Em dezembro retornarei a Miami em uma ação de pintura com crianças e também tratarei de negócios com a Art & Design Gallery, em uma representação nos Estados Unidos com o intuito de prospectarmos novos negócios por lá.
Conheçam mais do trabalho de Rogério Pedro no Instagram @rogeriopedroart e no site: www.rogeriopedro.art.br.
Dicas: Sala de estar – Parte I (sim, teremos Parte II)
O grafite na parede é tendenciosamente inovador, mas se essa condição soar um tanto quanto ousada e você preferir manter-se na linha tradicional, inclusive nas paredes, dá-lhe dicas:
O sofá é a principal peça da sala de estar, então sua escolha merece – pela relevância e preço – alguns cuidados especiais:
– Procure optar pelas cores neutras nas peças grandes, deixando as cores vivas e estampas para almofadas e adornos.
– Não entenda cor neutra como branco ou bege (que aliás, atendem muito bem) mas os tons pastel são alternativas bem legais que também funcionam!
Observe o tamanho da sala para escolha do móvel – sofás grandes demais atrapalham a passagem e entulham o ambiente. Muitas vezes é melhor optar por um sofá de 2 lugares + poltronas ao invés de um grande sofá de 3 a 4 lugares.
E na parede atrás do sofá?
– Compor vários quadros como demonstrei na coluna do dia 24 de outubro pode ser uma alternativa (revejam lá);
– Outra possibilidade seria compor uma tela grande ou duas menores (preferencialmente simétricas) nesse espaço. Sendo assim, observe que a tela não deve ser maior que o comprimento do móvel, e a altura deve seguir a partir de um palmo do encosto;
– Oportunamente, desafio vocês a tentarem um grafite! Vejam a seguir o mesmo ambiente da foto acima, grafitado:
Relembrando das almofadas:
Vamos eleger uma paleta de cores e mesclar a partir dessas combinações, sem medo de estampas e formas.
– 2 a 4 almofadas para sofás de 2 lugares;
– 3 a 6 almofadas para sofás de 3 a 4 lugares.
Tapetes, mesas laterais e mesas de centro? Falaremos deles na próxima semana!
Até lá!
*Formado em administração de empresas e com MBA em gestão de Negócios, o designer de interiores, realizador e cenógrafo se reinventou recentemente, quando abriu a Newton Lima Interiores e viu seu nome crescer. Nas redes sociais ele já soma mais milhares de seguidores no Instagram (@newtonlimaofficial), por conta da sua curadoria de imagens e assuntos, fruto de seu olhar atento e muito criterioso. E é isso que podemos esperar em sua coluna semanal no site HT: o design brasileiro e do mundo, arquitetura, decoração e o que mais couber e vier do seu radar ligado 24 horas por dia
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