Em sua última coluna de 2016, Newton Lima junta o universo dos quartos infantis às raízes do artesanato brasileiro


Nosso colunista cool de design, decoração e arquitetura ainda apresenta o trabalho da artesã Debora Campopiano, que há vários anos vem conquistando um verdadeiro arsenal de fãs com suas bonecas de estilo russo, e do projeto Sertões, do trio poderoso Zizi Carderari, Evelyn Muller e Manu Oristanio

Ilustração: Claudia Liz

Ilustração: Claudia Liz

* Por Newton Lima (@newtonlimaofficial)

Nossas casas contam muito de nossas histórias. Lembranças de algo ou alguém, emoções vivenciadas em um determinado local ou oportunidade, está tudo ali! E no mais amplo significado conceitual não há bonito ou feio, brega ou chique, caro ou barato. Sentimentos e memórias são muito particulares, não cabendo julgamentos sobre tais importâncias ou valores. A cômoda que herdamos dos avós, o vaso que trouxemos de viagem… E o quadro que foi pintado pelo sobrinho? Desde cedo somos introduzidos aos trabalhos manuais e aos conceitos de restauração – criamos, adaptamos e reaproveitamos. Então, a decoração vem para resgatar esses critérios de forma harmônica e ordenada no intuito de valorizar ainda mais tudo aquilo que nos marcou para sempre de alguma maneira.

E falando no quadro pintado pelo sobrinho…

Finalmente vamos abordar os quartos infantis! É muito engraçado, mas alguns conceitos extremistas vêm logo à tona quando converso com os clientes em torno do projeto sugerido para o ambiente preferido dos pimpolhos – opções temáticas são as mais comuns, mas nem sempre os donos dos quartos são envolvidos nessas discussões. Os filhos geralmente escolhem o motivo da festa de aniversário, mas com relação ao quarto são os pais que determinam. Daí damos início a mais longa das conversas, onde o papel principal do designer de interiores é o de conciliar o prático com o lúdico, além de buscar de que maneira um personagem de desenho pode incentivar a ordem do novo espaço. Na verdade, existe uma pitada de injustiça nesse cenário, afinal, os pais já opinaram sozinhos na decoração do quarto do bebê, então, democraticamente, os pequenos poderiam intervir com maior autonomia, concordam? Sim e não!

Fotos: divulgação

Fotos: divulgação

Assim como o restante da casa, o quarto infantil deve refletir um pouco da personalidade do seu habitante e da mesma forma que investimos em sofás e tapetes neutros para ousar nas almofadas e objetos, aqui vale a mesma regra – móveis maiores seguem imparciais enquanto que prateleiras acomodam os brinquedos, colchas de cama imprimem a princesa ou o herói favorito e por aí vai. Se você tem disponibilidade e disposição para substituir o mobiliário com alguma frequência tudo fica mais fácil. Mas, se a estratégia seria fazer a “dança das cadeiras”, onde os mais novos herdam as peças dos mais velhos, então investir em projetos atemporais é mais interessante. Móveis planejados são sempre os mais recomendados para otimizar esses espaços, especialmente quando os irmãos dividem o mesmo quarto.

Os filhos crescem rápido, então quanto mais atemporal for o projeto de marcenaria, maior será a sua longevidade na decoração.

E pensando em opções para os quartos infantis realmente customizadas e graciosas, trago para essa coluna a artesã Debora Campopiano, que há vários anos vem conquistando um verdadeiro arsenal de fãs com suas bonecas de estilo russo.

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Empreendedora e autodidata, Debora já fez de tudo: doces, bolos, licores, biscoitos. Mas foi com as bonecas que encontrou seu modelo de negócio ideal. Primando por uma qualidade absurda, suas “filhotas” como carinhosamente chama as bonecas, são feitas da forma mais artesanal possível: desde os recortes, enchimentos e roupas que vão da renda ao crochê. Qualquer adulto ficará encantado ao visitar no seu atelier.

Debora Campopiano apresenta suas criações mais recentes

Debora Campopiano apresenta suas criações mais recentes

NL – Debora, como é empreender em tempos de crise?
DC – Empreender é sempre desafiador, independente dos períodos de crise. Nem sempre eu acertei nas minhas escolhas, diversas tentativas foram exaustivamente exploradas por mim até chegar nesse modelo de bonecas. Usar e abusar das mídias sociais fez toda a diferença na divulgação do meu trabalho.

NL – Nem sempre o artesanato foi encarado como profissão de fato. Isso mudou?
DC – Isso não mudou. Muita gente ainda me pergunta: “Qual é a sua profissão”? ou “O que você faz além das bonecas? “ É estranho, pois dedico 100% do meu tempo nessa produção, e essa é minha fonte de renda. Planejar a compra dos materiais, pesquisar tendências, inovar…São rotinas que tomam tanto ou mais tempo que a montagem das bonecas.

NL – Acompanhamos nos noticiários que o atual cenário de desemprego move muitas pessoas a abrirem seu próprio negócio. Qual é a sua dica para essas pessoas?
DC – Perseverar é fundamental, e por vezes percebo que as pessoas não têm paciência ou fôlego financeiro para tanto e por isso desistem. É preciso entender profundamente o mercado e o negócio a que estão se propondo, bem como conhecer seus concorrentes e ter muita disciplina com o dinheiro que entra desde o início.

Criações personalizadas também fazem muito sucesso!

Criações personalizadas também fazem muito sucesso!

Para 2017 a Debora promete novidades: ursos! Conheçam esse universo de criações no Instagram @debora_campopiano e Facebook: Debora Campopiano bonecas.

Gente que faz!

A jornalista Zizi Carderari e fotógrafas Evelyn Muller e Manu Oristanio são especializadas na área de design, arquitetura e estilo de vida, e criaram o Projeto Sertões com o objetivo de mapear a arte popular brasileira e transpor o uso das peças para a decoração.

Fotos: Projeto Sertões/divulgação

Fotos: Projeto Sertões/divulgação

Zizi Carderari ainda completa: “Queremos difundir a arte popular valorizando o jeito de morar brasileiro, usando peças que resgatam as nossas raízes e decoram com valor de arte. Partindo da vontade de mostrar quem são as pessoas que tem esse fazer artístico, suas histórias e tradições, os mestres e seu legado, entrevistamos artistas, galeristas, colecionadores, designers de interiores e arquitetos que nos falaram sobre a riqueza dessas obras na decoração e a necessidade de valorizar a arte popular. “

Manu Oristanio / Zizi Carderari / Evelyn Muller

Manu Oristanio / Zizi Carderari / Evelyn Muller

As expedições se iniciaram em novembro de 2015 em Alagoas. Em outubro de 2016 foi feita segunda expedição no estado de Sergipe. O resultado das expedições consiste num rico material fotográfico e um minidocumentário pode ser assistido no link: https://youtu.be/ijdmiaD1QhU.

Acompanhem as atualizações periódicas desse belo trabalho pelo Instagram @projetosertoes e Facebook: Projeto Sertões.

Votos eternizados no trabalho de Eraldo da Ilha do Ferro / Foto: Projeto Sertões

Votos eternizados no trabalho de Eraldo da Ilha do Ferro / Foto: Projeto Sertões

Prepare-se! Arranjos florais incríveis e dicas para cultivo de plantas em casa estarão por aqui abrindo a nossa primeira coluna de 2017!

Uma excelente virada para todos e até a próxima!

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*Formado em administração de empresas e com MBA em gestão de Negócios, o designer de interiores, realizador e cenógrafo se reinventou recentemente, quando abriu a Newton Lima Interiores e viu seu nome crescer. Nas redes sociais ele já soma mais milhares de seguidores no Instagram (@newtonlimaofficial), por conta da sua curadoria de imagens e assuntos, fruto de seu olhar atento e muito criterioso. E é isso que podemos esperar em sua coluna semanal no site HT: o design brasileiro e do mundo, arquitetura, decoração e o que mais couber e vier do seu radar ligado 24 horas por dia